Crítica: A Way Out – Um truque sem mágica

Escrito por Silvio Diaz
Crítica

O clichê nunca é um problema quando bem feito. Tendo bons diálogos e personagens bem construídos é possível até mesmo não perceber que esse “clichê existe”. É  como se fosse um truque de mágica. Com alguns movimentos para tirar atenção do espectador, um mágico transforma um simples truque em magia. o jogo A Way Out deixa claro que seu criador, Josef Fares (O homem do “Fuck the Oscars”) não soube fazer a mágica.

A Way Out de forma corajosa, obriga o jogador a jogar com a tela dividida com alguém, tanto jogando localmente quanto online. Essa escolha ousada é feita para contar a história de uma maneira própria, se permitindo ter grandes acontecimentos em lugares diferentes, com pontos de vista diferentes.

É difícil não prestar atenção na ideia, criar um jogo exclusivamente coop focado em narrativa é algo que nunca aconteceu na indústria antes, o problema é que isso é a única parte interessante do jogo.

É perceptível que Fares tinha convicção no projeto. Em diversos momentos de A Way Out ele usa a tela  dividida para brincar com a câmera e contar a história dessa maneira. Ainda sim, também é claro o quanto o jogo quer que os jogadores se importem com os personagens e aqueles acontecimentos, algo que o roteiro não permite acontecer.

Os personagens são praticamente jogados na tela e não são aprofundados o suficiente para que o jogador se importe com eles.São em momentos da narrativa que o jogo força um tipo de emoção que nunca chega ao jogador que deixa claro que Fares não entendeu como fazer o truque, e essa “mágica” se tornou apenas enfadonha.

São diversos momentos que fica claro que o jogo está tentando ao máximo criar algum tipo de emoção para o jogador. Algo que nunca chega perto de acontecer.

Além da história, mecanicamente ele é apenas preguiçoso. Os momentos de puzzle são parecidos com os jogos da Lego e conseguem ser até mais simples que eles. Nos momentos de tiroteio ele se mantém na mediocridade, parecidas com os momentos de tiro de Uncharted, porém ainda mais fracos.

Até mesmo o jogo de câmeras para criar tensão não é tão original. Jogos como Heavy Rain já tinha feito algo parecido de forma muito mais interessante. Enquanto A Way Out so tenta criar tensão, Heavy Rain realmente conseguia dar tensão por se importar em deixar claro que existe um tempo limite para certas ações.

No fim A Way Out é apenas uma boa ideia com uma história que não consegue sustentar as mecânicas fracas. Ainda que tente algo diferente e seja um jogo autoral como o próprio criador diz em diversas entrevistas, ele não consegue chegar perto do que promete nem no que o jogo claramente acredita ser. Se tornando apenas algo medíocre como diversos outros jogos lançados ano após anos.