Na busca de ganhar mais dinheiro e tornar seus jogos mais lucrativos, a Ubisoft (como outras empresas) alterou diversos detalhes de como faz seus jogos. Em forma de serviços, a ideia da empresa é criar jogos longos, com atualizações constantes e conteúdo suficiente para prender os jogadores. Um estilo de criação que tem funcionado para a desenvolvedora francesa.
Em um texto publicado aqui no Game Lodge sobre a diferentes visões da Sony e Microsoft, falamos um pouco do modelo da Ubisoft e até mesmo linkamos a uma coleção de slides da empresa mostrando o resultado. A questão é que nem sempre um game design focado em lucrar ao máximo consegue ser equilibrado. The Crew 2 é o exemplo perfeito disso.
Em The Crew 2, a Ubisoft além de tentar melhorar os problemas do primeiro, precisou evoluir a franquia. Seguindo passos de jogos como Mario Kart e Sonic Transformers( jogos mais arcades que o da empresa francesa) The Crew 2, tem além de carros, a possibilidade de pilotar aviões e barcos. Entretanto, cada veículo tem modelos e modos diferentes, cada um com uma progressão própria.
Nesse sistema de progressão, caso não tenha um bom carro, as corridas passam longe do desafiador e se tornam frustrantes. Tal qual Assassin’s Creed Origins,se a missão, no caso de The Crew 2, a corrida pedir um certo nível, é quase impossível vencer quando está abaixo dele. Os veículos adversários serão extremamente mais rápidos, com aceleração e controle muito melhor. Isso fica mais claro no oposto, quando o jogador tem o melhor veículo.
Como experimento, gastei todo o dinheiro do jogo que eu tinha e comprei o melhor carro de rally disponível. Mesmo em último na largada, não demorava 5 segundos para estar em primeiro, enquanto com um carro mediano é difícil chegar em segundo em toda a corrida. No fim, o modo Rally estavam muito mais fáceis que qualquer outro graças aos status do carro.
A questão é que o problema não para no desbalanceamento de dificuldade e nível. The Crew 2 não consegue iludir o jogador. Todas as mecânicas não são bem conectadas e essa dificuldade excessiva deixa bem claro que todos esses sistemas são feitos para atrapalhar o e manter o jogador mais tempo em uma mesma corrida.
Até mesmo algo comum em jogos de corrida, como carros adversários ganhando mais velocidade para criar um desafio é deturpado e visivelmente utilizado para colocar o jogador em última posição. Ao mesmo tempo que o primeiro colocado sempre está muito mais distante do que qualquer carro. Uma maneira de desafiar o jogador além da conta, tornando muitas corridas frustrantes, já que é comum os adversários ultrapassarem sem nem estar usando o turbo.
Obviamente, caso o jogador não queira perder tanto tempo, é possível comprar carros usando dinheiro de verdade e dependendo do veículo e do modo,podem custar até mais de 20 dólares. Esse elemento de poder comprar veículos que facilitam o jogo e tornam a progressão da campanha mais aceitável fazem sentido em um jogo free to play, mas em um jogo de 60 dólares, é apenas um problema.
No fim, temos praticamente uma prova das verdadeiras intenções do jogo. Uma dificuldade desequilibrada que pode ser ajustada com dinheiro real.
Dessa forma, mesmo com pistas interessantes e algumas corridas divertidas, o jogo se torna frustrante ao extremo. Essa necessidade de lucrar com produções cada vez mais caras é compreensível, entretanto o que a Ubisoft fez com The Crew 2 é talvez uma das piores maneiras de se fazer isso. Uma deturpação de bom game design para algo intencionalmente ruim, apenas para “vender” um conserto diluído em diversos elementos do game.
The Crew 2 está disponível para Playstation 4,Xbox One e PC.
Está critica foi feita graças a uma cópia cedida pela assessoria da Ubisoft para o Playstation 4.