Crítica: Outriders – Um jogo que precisa de futuro

Por Silvio Diaz

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

O estúdio, People Can Fly, que trabalhou em diversos jogos de tiro, principalmente a franquia Gears, volta com um lançamento próprio. Outriders, um jogo que reflete tanto o entendimento e personalidade mecânica do estúdio quanto sua limitação para criar um jogo do 0. 

Talvez sejam poucas as vezes que fique tão transparente as ideias e pensamentos de um estúdio em um jogo. No caso da People Can Fly, pelo monotom de seus projetos, isso fica mais fácil. De qualquer forma, Outriders é um caso interessante, onde o mesmo estilo de jogo encontra o passado com a atualidade. 

Não é jogo serviço

É curioso como Outriders vem na contramão de tudo o que ele aparentava ser, já deixando claro, mesmo sendo o “futuro da muretinha” ele foge bastante disso a ponto de quase não ser, da mesma forma que ele tem tudo para ser um jogo serviço e não é.

Ele tem sistema de loot, coop com até 3 pessoas e um mapa, mesmo que linear, que pode ser explorado e revisitado sempre, mas os próprios desenvolvedores não o taxam como um jogo de serviço. Para eles, é um jogo com campanha, missões secundárias e loot, sem pensamentos de grandes atualizações futuras e sistemas para atrair o jogador constantemente. Ou seja, estamos falando de um jogo cheio de sistemas online sem season pass ou algo assim.

Isso é bom? Honestamente,eu não sei. Outriders é um bom jogo, já deixo isso claro,entretanto, é um daqueles que a gente olha e pensa “no futuro pode ficar realmente bom” e sem esse futuro, complica. 

Sua história principal é horrível e seus personagens também. Algo que pode ser mudado no futuro com novas histórias e personagens surgindo. Não estou falando para mudar a campanha, é realmente sobre criar novos enredos. Da mesma forma, lootear e tentar ser mais forte em um jogo que uma hora vai chegar ao fim não é tão interessante como já foi um dia.

Não estou falando que tudo tem que ser um “Game as a Service” mas Outriders não é GaAs e tem absolutamente toda a estrutura de um. É como se o jogo estivesse tentando se equilibrar entre os dois métodos sem se decidir.Algo quase impossível de funcionar. Aqui fica claro que o método antigo e o atual atrapalham um ao outro como o jogo funciona.

Não é jogo de muretinha

Na lista de coisas que Outriders não é, ele não ser exatamente um jogo de muretinha foi uma grata surpresa. Na real, é onde ele brilha. Suas mecânicas de ação parecem ter sido o total foco de pensamento dos desenvolvedores. Aqui, em vez de ser recompensador se proteger em muros e atirar nos momentos certos, a questão é muito mais sobre agressividade.

Cada classe tem uma maneira de se curar ao dar dano e todas elas incentivam que o jogador seja agressivo, vá para cima e enfrente inimigos da melhor maneira que a classe permite. Eu escolhi uma classe focada em tank, sendo assim, todo inimigo que mato em uma proximidade média, me dá um tempo de regeneração. Dessa forma, eu raramente me protegia e escondia, o foco era sempre ir pra cima, atirar de perto e usar as habilidades especiais da classe para garantir mais mortes e menos danos

É com certeza a parte mais interessante de Outriders e se torna todo o seu pilar. Mais do que o multiplayer ou a mecânica de loot, o seu sistema de tiro e o como as habilidades passivas e ativas das classes funcionam é o que faz a verdadeira diferença aqui. Do jeito que fizeram, cada arena se torna agitada e difícil da sua maneira e não sem a necessidade de ficar parado atirando, tudo é mais frenético.

Com essa mudança, Outriders é uma lembrança interessante do que foram os jogos de tiro na geração 360/PS3 e o que são hoje em dia. Na real, ele em suas mecânicas é um encontro de ideias de design já antigas, com o atual. Enquanto na geração em que Gears foi lançado, os jogos de “muretinha”, com foco em sempre se proteger e aproveitar os momentos certos para usar o máximo da mira, agora temos um foco maior no frenético. Algo que Outriders nivela bem.

Não apenas equilibra, como dá motivo para isso e é como fica parecendo que foi o verdadeiro foco. Os desenvolvedores parecem entender bem o como guiar o jogador a agir como querem. Com os buffs e debuffs e habilidades de classe, o jogador é automaticamente guiado a se movimentar e pensar como Outriders quer. Uma filosofia de design interessante e muito bem trabalhada, criando um jogo de murinho sem murinho. 

Outriders precisa de um futuro

A questão de classe e mecânica de tiro é a prova de que Outriders faz açao do jeito correto. Tudo o que precisa funcionar é bom e o que é fraco dá para ignorar. A impressão que dá é que tentaram ser ao máximo certeiros no que precisavam ser e o que não fazia tanta diferença foi deixado de lado. “História? não precisa muito tempo de escrita, agora as arenas precisam ser bem pensadas e o “feel” da arma precisa ser bom” e eles vão checando essas pequenas caixinhas. 

Entretanto, ele é tão só isso que fica difícil pensar em Outriders por muito tempo. Ser apenas mecanicamente bom é o suficiente, mas a partir do momento que não se passa disso, estamos parando um pouco acima de algo ok.  Enquanto ele se garante com facilidade na ação, todo o resto ficou largado demais e completamente desconjuntado.

Ele parece ter um foco em multiplayer mas é terrível de achar partida, é confuso e pouco intuitivo a ponto de ser mais fácil só continuar jogando sozinho. O sistema de loot e de melhoria de equipamentos não foge disso, é divertido ver os diferentes buffs com habilidades de classe, mas tudo é tão desnecessariamente confuso que da preguiça de ter que aprender algo tão simples. 

Outriders precisava ser mais polido. Não basta conseguir misturar bem o que Gears consagrou com o estilo de jogo que vemos atualmente, ser bom em sua ação não é mais suficiente para prender por dezenas de horas. Estamos falando de um jogo divertido?Sim, mas também de um jogo cheio de sistemas preguiçosos e uma história que vai além do ruim, é irritante.

Por fim,curiosamente Outriders consegue criar um gosto de quero mais. Com mecânicas tão boas, ser melhor nos elementos a sua volta o fariam um jogo excelente e esse sentimento infelizmente é constante em sua campanha.

Nome do jogo:

Outriders

Publisher:

Square Enix

Desenvolvedora:

People Can Fly

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S|X