Desde segundo eu jogo pelo menos um Assassin’s Creed por ano. Eu acompanhei a evolução da franquia e nesse tempo gostei e desgostei de muitos elementos que surgiram nos jogos. Infelizmente, com o tempo a franquia foi tendo cada vez mais problemas, de tanta crítica surge Assassin’s Creed Odyssey,que parece pronto para solucionar esses problemas.
Em Assassin’s Creed Origins, mesmo sendo completamente diferente do que a franquia foi, era fácil reconhecer as qualidades e os defeitos. Com uma boa base, o game sofria com a nova forma da Ubisoft de criar jogos. Focado em aumentar ao máximo o conteúdo e prolongar as horas do jogo, Origins se tornou extremamente inflado e na maior parte do tempo chato.
Essa é uma crítica que venho fazendo a um tempo com a Ubisoft. Basta ler minha crítica a The Crew 2, jogo de corrida que também sofre com um design inflável e sistema de leve quebrado. No texto eu deixo claro os problemas dessa “filosofia de gamedesign” e comento sobre como a desenvolvedora francesa precisava aprender como tornar esse sistema divertido. Algo que aparentemente aconteceu, e com essa crítica de Assassin’s Creed Odyssey vou mostrar isso.
Em Assassin’s Creed Odyssey, com o próprio nome evidencia, o jogador vive uma odisseia grega, viajando por todo o país, encontrando todo tipo de gente, mistério e aventura. Com Aléxios ou Kassandra, o jogo não se foca em apenas uma narrativa ou aventura, o foco está no todo e tal qual a odisseia de Ulisses, qualquer evento pode acontecer e cada um deles tem sua importância.
Essa importância não é simplesmente narrativa, ela é mecânica. Em Assassin’s Creed Odyssey é difícil identificar o que é missão principal ou secundária. Elas se mesclam entre si e criam algo próprio. Graças a isso, uma “missão secundária” aparentemente sem importância pode ser necessária para avançar missões da campanha e com isso, tudo no jogo fica mais interessante.
A partir do momento que existe a possibilidade daquela missão não ser apenas uma história boba e ignorável que só serve pra dar experiência, ela passa a criar curiosidade, algo que o novo game da franquia deixa claro desde o começo que quer explorar.
No início da campanha o jogador pode escolher dois modos de jogo, um com objetivos marcados e diretos e outro mais obscuro, com dicas que obrigam o jogador explorar e tentar vasculhar o mapa. O próprio game avisa nas opções que ele foi pensado para ser jogado nesse modo de exploração, mas ainda é impressionante o quanto ele é sobre isso.
Missões de cultistas ou focada nas “Primeiras Civilizações” podem ser completamente ignoradas. Elas teoricamente são secundárias, mas ainda sim, fazem parte da odisseia do(a) protagonista e parecem ser tratadas e construídas como missões principais.
As Primeira Civilização por exemplo, são escondidas. É preciso explorar e fazer missões de personagens do mapa na tentativa de encontrar o necessário. Não é fácil de achar, nem necessário para terminar a campanha. Ainda sim, elas são extremamente divertidas e têm chefes incríveis.
Essa nova maneira de enxergar objetivos funcionou perfeitamente. Graças a essa junção de todas as missões, objetivos que seriam chatos e apenas uma lista a ser cumprida no passado, se tornam interessantes e diversificadas. Mesmo como um jogo enorme, ele não parece inchado e o sistema de level -ainda um pouco quebrado- para de ser um problema. Sendo assim, Assassin’s Creed Odyssey se solta da maior crítica que Origins tinha.
Esses problemas que estavam presentes no Origins são maquiados com diversão. Invadir fortes, caçar cultistas e querer fazer todo tipo de missão na esperança de que ela traga algo importante para a campanha principal tornam Odyssey em um dos melhores Assassin’s Creeds já feitos.
Graças ao foco em ser divertido e tentar sempre recompensar o jogador com alguma arma legal, novos objetivos ou missões diversas, o jogo conseguiu ter dezenas de horas sem ser chato. Assassin’s Creed Odyssey resolve tudo o que foi crítica e se torna para o Origins, o que Assassin’s Creed 2 foi para o primeiro game.
Tanto narrativamente como nas mecânicas, Odyssey é ótimo e todos os seus problemas se tornam pequenos perto de sua grandeza. O grind às vezes necessário deixou de ser chato, as missões são ótimas, pela primeira vez desde Brotherhood foi legal explorar o mundo e a história foi realmente bem escrita, como não tem sido a um tempo. Os personagens são bons, os mistérios são bem explorados e toda a história envolvendo a primeira civilização voltou a ser interessante.
É surpreendente o que a Ubisoft fez. Assassin’s Creed Odyssey é claramente um “jogo serviço”, ele foi feito pra durar muito tempo e nem tem créditos no fim, ele não foi feito pra acabar, foi feito para durar. Para jogar de pouco em pouco, explorar cada ilha e fazer cada missão no seu próprio tempo e isso é ótimo como poucas vezes foram.
Assassin’s Creed Odyssey é facilmente um dos grandes jogos do ano, um verdadeiro “recomeço” para a franquia que a tempos parecia não saber pra onde ir e nessa “odisseia” encontrou o seu lugar.
Assassin’s Creed Odyssey está disponível para Playstation 4, Xbox One e PC
Está análise foi feita em base de uma cópia da versão de Playstation 4 cedida pela Ubisoft.