Famicom Detective Club é um bom produto de seu tempo

Primeiramente, eu quero começar este texto dizendo que fico muito feliz que a versão de Switch de Famicom Detective Club exista. A localização deste jogo faz um pedaço da história de games mais acessível. Afinal, este jogo é uma amostra de Visual Novels da década de 80 e 90.

Yoshio Sakamoto, antes de dirigir a franquia Metroid, foi responsável pela duologia Famicom Detective Club, duas Visual Novels lançadas para o Famicom Disk System. Enquanto no ocidente jogos da Sierra, como King’s Quest, marcam bem a estrutura popular de um Adventure, Famicom Detective Club é um ótimo exemplo de como era a estrutura da década de 80 e 90 no Japão.. A maior parte desses jogos japoneses não possuem localização no ocidente, tornando uma parte histórica de videogames inacessível para muitos. Justamente por isso, Famicom Detective Club receber um remake com tradução para o ocidente é algo especial.

Além disso, é bem legal ver um trabalho anterior de Yoshio Sakamoto.

Beleza, mas do que se trata esses jogos ai?

Como o nome sugere, Famicom Detective Club são dois jogos onde você é um detetive que precisa resolver um mistério. O primeiro jogo é o The Missing Heir. Nele, após sofrer um suposto acidente e ficar com amnésia, o protagonista descobre que estava no meio de um caso de investigação. Acontece que a matriarca da família Ayashiro, morreu logo após escrever seu testamento, e o mordomo da casa achou aquilo suspeito e lhe contratou. Agora, além de ir atrás de suas memórias perdidas, você precisa investigar o suposto assassinato e mistérios da família. Tudo se conecta de uma forma e o jogo vira um novelão gostoso.

O segundo jogo é o The Girl Who Stands Behind. Uma prequel do primeiro, onde o protagonista é um detetive novato que investiga um caso de assassinato que aparentemente está ligado a uma lenda urbana de uma aluna fantasma. O mistério deste é um tanto mais complicado e vai um pouco além nos tons sobrenaturais (não há nada concretamente sobrenatural, porém).

Ambos os jogos se complementam e quando você tem todo o contexto, se vê bastante entretido pelos personagens, que são bem carismáticos. O mistério não é nada muito grandioso mas é bem feito e é ótimo pra entreter. Sabe aquele tipo de história que você pensa “AHÁ JÁ SEI TUDO” e logo recebe uma informação que contradiz seus pensamentos? Famicom Detective Club é cheio disso e me deixou imerso na história o tempo todo.

Mas o game design ainda é um tanto antiquado e frustrante

Famicom Detective Club é muito fiel ao original, que como quase todo adventure da década de 80, não envelheceu muito bem em decisões de design. Algumas vezes você terá que ir para lugares sem razão aparente para a história avançar, em outros momentos você tem que selecionar a mesma opção múltiplas vezes para ter um diálogo que avance na história. As vezes, no pior das hipóteses, você sabe o que tem que fazer mas por causa de um detalhe ou uma fala especifica que não viu, vai ficar impossibilitado de avançar na história. Não chega a ser um problema que destrói completamente a experiência do jogador. Ambos os jogos te dão opções limitadas o suficiente para não te deixar completamente perdido, e após entender mais ou menos o ritmo e lógica de um dos jogos, você vai fluir melhor no outro.

Talvez o maior problema de Famicom Detective Club seja o preço

Sejamos justos, ambos os jogos custam 307 reais, e por mais que sejam boas experiências, são experiências um tanto curtas de um jogo antigo. O investimento a preço cheio num jogo raramente vale a pena, e aqui claramente não é o caso. Mas caso você tenha muito dinheiro ou o jogo entre em alguma promoção, diria que vale a pena comprar, é um jogo especial, carismático e que carrega um certo valor histórico.

No fim das contas, me peguei desejando mais

Com mistérios legais e personagens carismáticos, eu realmente queria que esse jogo deixasse de ser uma duologia e se tornasse uma série grande. Com um game design mais atualizado seria bem interessante ver mais histórias de investigação com este grupo de personagens, ou chance de aprofundar alguns personagens e criar novos arcos narrativos. Eu duvido que isso vá acontecer, mas ficaria contente em investigar um caso de assassinato complicado com a Agência de Detetive Utsugi em uma nova história.