Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Final Fantasy VII Remake recebe sua atualização para o PS5, chamada INTERgrade. Junto com as melhorias para o console da nova geração, a Square-Enix lança INTERmission, uma DLC focada em Yuffie, uma aventura inédita da ninja em Midgar, durante os eventos que vimos no jogo principal.
Mas como funciona essa atualização e essa DLC? O que muda realmente? Vamos discutir um pouco sobre isso.
Iniciamos falando um pouco das melhorias que a atualização trouxe para o PS5. Adiantando o ponto principal, o jogo não se beneficia do controle Dual Sense. O que não é exatamente uma surpresa, já que isso já tinha sido revelado por Tetsuya Nomura antes do lançamento.
De acordo com o diretor, as funções serão implementadas no próximo episódio, pois estão sendo feitas do zero. Resta saber se futuramente o primeiro episódio receberá essas melhorias.
As melhorias gráficas são visíveis, mas ainda sutis. FFVII Remake é originalmente um jogo de PS4 e de fato ele se beneficia do hardware do PS5, com texturas um pouco melhores, efeitos de luz e sombra com maior qualidade e um gameplay virtualmente sem loadings. E sim, a famigerada porta da pousada foi consertada.
Jogando com o headset Pulse 3D do PS5 também não notei grandes melhorias com relação ao som. Tive oportunidade de jogar o jogo em um PS4 e depois a versão PS4 no novo console, usando o Pulse 3D e a experiência foi basicamente a mesma.
A grande diferença fica por conta da opção de escolha entre o modo desempenho em Full HD e 60 quadros por segundo ou o modo 4K em 30 quadros por segundo. Optei pelo modo 4K para aproveitar um gráfico um pouco melhor, visto que não é um problema pra mim jogar um RPG a 30 FPS.
Dito isto, em questões técnicas é basicamente o mesmo jogo, com algumas melhorias gráficas, mas ficando como destaque o modo desempenho e a velocidade de gameplay proporcionada pelo SSD do console. Não espere muito mais que isso.
Falando especificamente do conteúdo da DLC exclusiva para o INTERgrade, ela traz Yuffie, uma ninja de elite de Wutai, o país que ocupa parte do lado oeste do mundo de Final Fantasy VII. Tanto a personagem quanto o local são opcionais no jogo original de PS1, mas foram integrados ao cânon principal do jogo no Remake.
Isso já tinha ficado claro pois o Remake aborda com mais profundidade o conflito entre Shinra e Wutai, que deixou marcas muito profundas em Yuffie e aos outros wutaianos. Na DLC também somos apresentados a Sonon, outro ninja de Wutai que precisa lidar com seus próprios traumas da guerra.
Yuffie e Sonon chegam à Midgar em tempos diferentes, se aliando à célula principal da Avalanche operacional na comunidade do Setor 7. E aqui não estamos falando do grupo de Barret, considerado dissidente da Avalanche, mas de outro grupo representado por Nayo.
O episódio se passa no meio dos eventos que levaram ao fatídico destino do Setor 7, e temos a oportunidade de ver alguns desses momentos pela ótica de fora do grupo Avalanche, o que é interessante. Mas a missão principal de Yuffie é roubar uma Matéria suprema desenvolvida pela Shinra.
Em suas 4 a 5 horas de jogo, INTERmission explica um pouco da relação entre as células da Avalanche e Wutai, bem como cicatrizes profundas que a guerra deixou em Yuffie e Sonon. Fora isso, cria um contexto para a ninja dentro do jogo, já que por ser opcional no jogo original pouco se fala da personagem e de seu país.
Isso é importante para entender melhor o conflito e para introduzir os jogadores no próximo episódio. Como a missão de Yuffie ocorre entre os acontecimentos do jogo principal, a DLC foi uma excelente maneira de introduzir a personagem sem quebrar o ritmo do jogo. Seria muito complicado se esse arco fosse desenvolvido durante o jogo normal.
Claro que o grande problema nisso tudo é cobrar por esse conteúdo extra, o que pode preocupar os fãs caso a Square-Enix resolva fazer o mesmo para introduzir Cait Sith, Vincent e Cid. Inclusive o ex-Turk Vincent carrega uma bagagem de lore importante e cobrar dos jogadores um valor a parte por esse conteúdo pode ser frustrante.
Mas voltando ao INTERmission, por ser muito corrido ele não desenvolve tão bem o relacionamento interpessoal entre Yuffie e Sonon, que durante o jogo vai se tornando bastante interessante. Os dois personagens tecem diversos comentários políticos e sociais que mostram suas afinidades e diferenças.
Vemos como o passado de cada um deles interfere em seus posicionamentos e isso enriquece mais a história. A dinâmica entre os dois funciona no equilíbrio entre a personalidade energética, carismática e de certa forma ingênua de Yuffie, com um Sonon mais contido, focado e que precisa lidar com suas questões internas.
Pena que infelizmente pela curta duração do jogo, a relação entre os dois ninjas é menos desenvolvida do que poderia ser.
Essa dinâmica entre os dois é aplicada também no próprio gameplay. Sonon não é um personagem controlável, apesar de aceitar comandos. O diferencial mecânico entre os dois fica com a função de sinergia, onde ele pode combinar seus ataques com os de Yuffie.
A ninja, por outro lado, é extremamente versátil. Assim como os outros personagens, seu estilo de jogo é único, podendo diversificar entre ataques corpo a corpo ou a distância. Sua principal característica é a habilidade de usar ninjutsus elementais, que por sinal eu achei uma mecânica um pouco quebrada. Eu sequer precisei usar magias na dificuldade normal do jogo.
Seu gameplay é focado em controle do campo de batalha, já que ela pode facilmente encurtar distâncias, desferir combos e se afastar, mas mantendo sua agressividade usando sua shuriken e os ninjutsus à distância. Além de uma habilidade de esquiva muito poderosa. Foi uma das personagens que mais me diverti jogando.
Os inimigos são basicamente os mesmos do jogo base, com adição de alguns novos inimigos normais e bosses. Enquanto o design dos inimigos comuns novos é apenas uma variação de outros, os chefões são mais originais.
Esses também não aparecem no jogo original de PS1, então vemos que a Square-Enix ainda tem cartas na manga para criar novos inimigos. Alguns dos vilões principais são os clássicos nomuralike com inspirações em sadomasoquismo e personagens de anime edgelords. Mas a gente te perdoa, Nomura.
Mas não precisa mais exagerar tanto nos closes no decote da Scarlet desnecessariamente. Sério, não estamos mais nos anos 90.
Outra adição ao jogo foi o mini game Fort Condor, uma modernização do original de PS1. Ainda não sabemos se a sidequest desse forte será mantida ou se passará a ser somente um mini game nos moldes do jogo de cartas de Final Fantasy VIII.
Achei ele bem divertido, mas pareceu só mais um conteúdo para encher linguiça, já que seu propósito na DLC é irrelevante. Quem já jogou Clash Royale vai se sentir muito familiarizado com ele. Inclusive eu não ficaria surpreso se a Square-Enix lançasse ele como um jogo stand-alone com famigeradas mecânicas de loot box.
INTERmission entrega um bom conteúdo, mas que poderia realmente ser melhor desenvolvido. Sua curta duração vai deixar os fãs com aquela sensação de quero mais.
Yuffie é uma personagem muito carismática e com um gameplay muito divertido. Sua relação com Sonon merecia um desenvolvimento melhor, porque é um arco que vai se tornando cada vez mais interessante. No jogo base já ficou claro que o arco do conflito Shinra-Wutai será muito mais desenvolvido e INTERmission funciona bem como uma introdução à Yuffie nesse sentido.
A DLC é um aperitivo para os fãs que tem a oportunidade de jogar a versão INTERgrade do PS5. As melhorias foram bem sutis, então não dá pra saber muito do quanto o jogo vai extrair do hardware para melhorar mais ainda a experiência. Infelizmente é frustrante que esse conteúdo seja restrito aos donos do PS5 por enquanto. Resta esperar que a Square-Enix libere para o PS4 futuramente.
Algumas novas músicas também foram adicionadas ao repertório, o que é um presente aos fãs da trilha sonora do jogo. Todas seguindo o mesmo padrão de rearranjos de alta qualidade, o que é provavelmente um dos pontos do jogo em que a opinião é unânime: são obras primas das composições músicas para videogames.
O final do episódio entrega um mimo para os fãs, com pequenas cenas extras que mostram acontecimentos após o final do Final Fantasy VII. É um conteúdo bem bacana e que vale a pena conferir. Para os que não possuem o PS5, já existem vídeos no Youtube com o final extra, deixarei o link abaixo.
Por fim, INTERmission foi mais um dos episódios dessa micro-saga chamada Final Fantasy VII que, após mais de 20 anos de existência, continua mexendo com meus sentimentos. Sou até capaz de passar um pano de Midgar até a Terra Prometida sobre seu design de personagens nomurizado, seu senso de humor por vezes questionável e seus comentários políticos meio clichês.
Final Fantasy VII continua me encantando com seu inexplicável carisma em INTERgrade, suas mecânicas extremamente divertidas, seus personagens adoráveis e INTERmission me lembrou mais uma vez do por que esse jogo fez eu me apaixonar de vez por videogames.
Final Fantasy VII Remake INTERgrade
Square Enix
Playstation 5