Disgaea 6: Defiance of Destiny é divertido de se quebrar

Por Jean Kei

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

Disgaea 6: Defiance of Destiny foi uma grata surpresa pra mim. Afinal, minha relação com a série é um tanto distante faz alguns anos. Joguei muito Disgaea 1 e 2 na minha adolescência, mas desde o terceiro título nunca joguei mais do que algumas horas. Não sabia se Disgaea ainda era uma série para mim e o sexto título me parecia uma forma interessante de reentrar na série.

Mas do que se trata Disgaea?

Disgaea é uma franquia de JRPG estratégico, similar a jogos como Final Fantasy Tactics e Fire Emblem. É um jogo tático conhecido por números gigantes e por ser uma série com um humor pastelão. A série tem muitos, mas muitos recursos e sistemas e esse é o principal diferencial dela.

Bem, Disgaea 6 é uma boa porta de entrada para entender o que a série tem a oferecer.

Disgaea é uma franquia conhecida por números gigantes. Afinal, é o jogo conhecido por ser nível máximo ser 9999, e além disso te dar diversos recursos para customizar e maximizar cada personagem e item de forma que abraça uma certa obsessão. Se você quer brincar fazendo um personagem extremamente poderoso que atropela tudo que vê pela frente, o jogo lhe dá recursos para isso. Ele espera que você abuse um pouco dele. O comum em Disgaea é ter um pós jogo grande e com uma escala de dificuldade que exige um nível de compreensão de seus sistemas. Caso termine o jogo sem explorar muito o que ele tem a oferecer após a história principal, não sentirá tanta necessidade de usar e abusar de seus sistemas, mas explorar os recursos do jogo é o que torna Disgaea ser tão querido pelo seu público.

E bem, o sexto jogo lhe oferece tudo que foi dito acima e de forma mais acessível.

Como assim mais acessível?

Bem, Disgaea 6 abraça com força o lado “números grandes” e não apenas deixa TUDO numa escala maior. Você pode ultrapassar o nível 9999, seu HP no começo é em torno de 20 mil e os danos já no início podem chegar a centena de milhar. O jogo toma diversas decisões que facilitam o grind e maneiras rápidas de deixar um personagem absurdamente poderoso e desbalanceado. Isso pode quebrar o jogo, mas ele quer que você faça isso, pois você enfrentará inimigos absurdos e desbalanceados.

Tá, mas o que são essas decisões que facilitam sua vida?

Então, a forma com que se adquire experiência é diferente dos outros jogos da série. A XP é dada para todos que entraram na batalha (vivos ou mortos) e só ao fim dela. Com esta mudança, é muito mais fácil subir níveis de vários personagens de uma vez e personagens de níveis mais baixos. Como se isso não fosse o suficiente, você tem maneiras de triplicar a experiência ganha para personagens abaixo do nível 10. Achou pouco? Você agora pode fazer com que um personagem em especifico roube a XP adquirida por todos numa batalha. Apenas com os exemplos que dei, é possível abusar desses recursos e fazer um único personagem subir mais de mil níveis em uma única batalha.

Outra grande facilidade é um auto battle com opções super detalhadas

Agora você tem um sistema auto battle para grindar nas fases mais rápido. Isso poderia ser uma ferramenta esquecível, contudo, ela é tão detalhada que se você quiser pode ser sua mecânica principal do jogo.

Afinal, em Disgaea 6 você é capaz de programar a inteligência artificial de cada personagem no auto battle, podendo escolher tanto coisas já pré definidas quanto programar cada atitude em cada situação específica. Quer que um personagem use a estratégia de atacar perto quando seu HP estiver a mais de 60%, caso contrário ele se afaste 6 painéis do inimigo e se cure? Dá pra fazer isso! Quer que seu aliado sempre que ver alguém especifico o jogue para a direção de um inimigo de um tipo específico? Também dá! O jogo tem TANTAS possibilidades de programação, que se você quiser jogar do inicio ao fim programando as coisas fingindo que Disgaea é um autorama, você pode.

E todas essas facilidades fazem sentido com o sistema de super reencarnação

Bem, uma das mecânicas principais para fazer tudo isso funcionar é o sistema de super reencarnação. Seu personagem ganha pontos de karma a cada nível a mais, que podem ser gastos quando você escolhe super reencarnar e voltar para o nível 1. Contudo, seu personagem pode gastar pontos de karma para aumentar seus status base, fazendo-o um personagem que ganha mais números a cada nível subido em comparação a antes. Essa brincadeira de ir e voltar pro nível 1 fica convidativa graças ao tanto de recursos dados para se subir de nível rápido. Dificilmente você se sentirá lesado ou muito pra trás quando fazer um personagem voltar para a estaca zero, pois o jogo está sempre progredindo e te dando mais.

E essa mecânica conversa muito bem com a história do jogo

Vamos a história de Disgaea 6: O protagonista da vez é Zed, um zumbi que era fracote mas decidiu comprar briga com o deus da destruição, um ser incrivelmente poderoso. Para isso, Zed conquistou a habilidade de super reencarnar, na qual sempre que ele morre, é reencarnado num outro mundo, mas com o poder e memorias anteriores. A cada morte Zed volta um pouco mais poderoso, e depois de centenas de milhares de mortes, ele começa a ter chance contra o Deus da destruição. A cada mundo que Zed para ele encontra um aliado novo para reencarnar junto com ele nessa empreitada.

O jogo é 90% do tempo um humor pastelão e 10% uma história que quer contar algo um pouco mais sério. Muitas das piadas não me pegaram muito, mas o carisma dos personagens fez com que eu mantivesse o interesse do começo ao fim.

Mas talvez o maior problema de Disgaea 6 sejam os gráficos

Disgaea 6 é o primeiro jogo com polígonos totalmente 3D da franquia, e ele sofre com isso. Além de ser esteticamente mais feio que os anteriores, ele não roda bem no Nintendo Switch. O jogo possui opção de qualidade gráfica para você escolher entre ter um jogo um pouco mais borrado mas rodando melhor, e mesmo assim ele tem quedas de frame. No fim das contas não é algo tão crucial, pois é um jogo por turnos, mas é um problema perceptível.

No fim, Disgaea 6 é um bom jogo com um tipo de diversão muito específico

Olhando pro jogo e sabendo do que se trata da pra ver de cara se ele é ou não para você. Eu terminei me divertindo muito com o game brincando, abusando e até ficando obcecado pelos seus sistemas. Fazer personagens super poderosos que destruíram o último chefe com dois golpes foi incrivelmente satisfatório. O pós jogo dele é mais acessível do que os anteriores que joguei, mas ainda oferece um desafio e exigência. Caso seja isso que você esteja procurando, Disgaea 6: Defiance of Destiny é uma boa pedida, mas não venha esperando um RPG tático tradicional como um Fire Emblem, Disgaea tem outro clima, e este é seu charme.

Nome do jogo:

Disgaea 6: Defiance of Destiny

Publisher:

NIS America

Desenvolvedora:

Nippon Ichi Software

Plataformas Disponíveis:

Nintendo Switch