Em meio aos recentes anúncios da Playstation Showcase, que exibiu jogos com enorme competência e foco em realismo, como God of War: Ragnarok e Spiderman, eu dei mais uma conferida na data de lançamento de Eastward.
Eu sou suspeito pra falar, pois sou fã de longa data dos jogos distribuídos pela Chucklefish, que trouxe alguns dos jogos mais incríveis que eu joguei. Me lembro das minhas explorações em Starbound, da minha empolgação ao jogar Wargroove, sendo um dos órfãos de Advance Wars, e das desafiadoras aventuras em Pathway me sentindo como Indiana Jones.
Não que eu não goste de jogos realistas, longe disso. Mas eu fico satisfeito que ainda tenhamos desenvolvedores empenhados em produzir jogos com uma pixel art belíssima, brincando com a infinidade de cores e formas que existem.
Me lembram os pintores que, com o advento da fotografia, se permitiram explorar estéticas mais abstratas e criativas, se opondo aos quadros mais realistas. O próprio pixel art é uma forma moderna de uma técnica de pintura chamada “pontilhismo”, onde pequenos pontos formam imagens.
Como alguém que cresceu nos anos 90, achava a coisa mais incrível do mundo aqueles pequenos pixels formando mundos quase infinitos, como em The Legend of Zelda: A Link to the Past. Bom, hoje não tão infinito assim, mas na mente criativa de uma criança aquilo era provavelmente o ápice da imersão em um jogo de mundo aberto.
E então com a chegada do PS1, Nintendo 64, Sega Saturn e demais gerações de consoles com jogos em 3D, os jogos em pixel art foram ficando mais escassos. Claro, ainda tivemos grandes clássicos como Breath of Fire 3, mas ele já misturava modelos 3D combinados com sua arte pixelizada.
Até que com o crescimento de jogos indies desenvolvidos principalmente para o PC, aqueles pequenos pixels foram retornando de forma triunfal e cativando tanto os jogadores nostálgicos quanto os mais jovens que talvez não tenham experimentado.
E com isso ficou evidente que a arte dos pixels não só tinha envelhecido extremamente bem, com ainda tinha um potencial enorme para ser explorado, em jogos criativos, cativantes, divertidos e por que não emocionantes? Ora, quem não se emocionou jogando Undertale? Não foi preciso modelos 3D realistas para arrancar algumas lágrimas de seus fãs. Como explicar o fenômeno Terraria?
Nesse troca de gerações, em que os jogadores buscam incansavelmente o hardware perfeito, procuram analisar a definição gráfica dos jogos, se eles estão rodando em resoluções altíssimas com seu efeito ray tracing levando consoles e PCs ao limite, eu ainda fico aguardando qual será o próximo lançamento de um jogo em pixel art.
E é por isso que Eastward é um dos jogos que eu mais tenho aguardado nesse ano. No meio de tantos jogos incríveis, eu ainda busco aquela sensação nostálgica da criança dos anos 90 que assoprava fitas e nem piscava os olhos vendo aqueles pequenos pontos coloridos na tela, que minha avó jurava que iam destruir a TV. Enfim, acho que é isso que chamam de arte né?