Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Independente de sua qualidade, Far Cry 6 fala muito mais do que apenas de si mesmo. O novo jogo da Ubisoft fala de seu estúdio, pelo menos da sua transição para uma nova fase. Far Cry 6 é um jogo entre o que a desenvolvedora foi e o que está claramente querendo se tornar.
Em Far Cry 6 o jogador, controla um personagem, homem ou mulher, orfão de uma ilha que algumas décadas antes passou por uma revolução, e agora tem como presidente um ditador. Basicamente, a ilha é Cuba e no novo jogo da Ubisoft, fazemos parte de uma nova revolução.
A história segue o típico estilo da franquia, finge que vai se aprofundar, mas se mantem no raso, algo que não da pra criticar. Claro que seria ótimo ver um debate sobre ditaduras, revoluções e etc, mas o foco do game são suas mecânicas. Honestamente, pouco importa sua história ou seus personagens.
O jogo é 100% focado em mecânicas, as mesmas de sempre, invadir base, atirar, usar diversos tipos de veiculo e jogar do seu jeito, descobrir a sua maneira de combater os inimigos e cumprir missões. Algo que formou a franquia, mais no sexto game, já deixa claro que precisa mudar.
A questão é que Far Cry 6 é uma ilha no caminho. O jogo é uma mistura do que foi e o que vai ser. Um clássico problema da empresa, que continua lançando jogos que poderiam ter mais tempo de desenvolvimento do que tiveram. Não é atoa que temos cada vez mais um aumento no foco multiplayer na franquia e que agora, existem até telas de missão igual a Destiny 2 e hubs em que o jogador controla o boneco em terceira pessoa.
A Ubisoft está mudando seu estilo e isso já foi dito diversas vezes. Assassin’s Creed Infinity, por exemplo, já foi anunciado que será um jogo serviço e Ghost Reacon terá o Frontline, também focado no online. Far Cry vai para o mesmo caminho e não digo isso no mais puro achismo. Logo depois de seu lançamento, os rumores já foram para essa direção.
Algo que seria ótimo, Far Cry 6 é um bom jogo, mas se prender nesses dois caminhos atrapalha tanto quem está sozinho, quanto quem está em coop, já que existe uma obrigação das missões funcionarem nos dois lados, o que nem sempre dá certo. Ao mesmo tempo o agrupamento de mecânicas quase não faz diferença e complica demais, algo que deveria ser simples.
Em um jogo online, seria ótimo ter diversos tipos de equipamento e build, explorar e fazer quests para conseguir esses itens na tentativa de melhorar. No single player, os itens apenas visuais apenas enchem a tela com mais menu e os que alteram status dos personagens parecem extremamente limitados.
Da mesma forma o mapa, foi-se o tempo que um mapa tão grande fosse algo positivo por si só. Far Cry 6 é absurdamente grande e eu adoraria encontrar pessoas online por ele, mas não é o caso. É uma experiência solitária demais para o que se propõe o que atrapalha até mesmo as invasões de base, algo tão marcado na franquia e hoje, vazio.
No fim, Far Cry 6 é muito mais sobre o que é a Ubisoft hoje em seu desenvolvimento do que sobre o jogo em si. Ele é uma mescla de ideias no caminho de algo, mas deveria se soltar completamente das amarras do que já foi. Se o próximo Far Cry vai ser realmente online e não apenas com mecânicas multiplayer, eu estou 100% interessado, pois o 6 foi uma bela preview do que poderia ser, e uma ótima lembrança do que tem que mudar.
Far Cry 6
Ubisoft
PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S|X