Crítica: Marvel’s Guardians of the Galaxy

Imagine que você ficou com a parte de levar o Peru de Natal para a festa. Do dia 23 ao dia 24 se preocupou ao máximo em rechear e temperar a ave, ela ta pronta pra ser um baita Peruzão pro jantar, você coloca no forno e quando percebe, já são 10 horas da noite do dia 24, é tarde demais. Ela até vai assar, mas não o suficiente. Você precisa chegar no lugar, com o Peru de Natal, e ela só vai ficar pronta depois das meia noite. O único jeito é entregar meio cru. Isso, caro leitor, é a minha crítica a Marvels Guardians of the Galaxy

Marvels Guardians of the Galaxy é o novo jogo da “empresa do rato” vindo da Square Enix. Um quase irmão de Marvel’s Avengers, dessa vez, desenvolvido pela Eidos Interactive, que ajudou a Crystal Dynamics no desenvolvimento do jogo dos Vingadores. Sua maior diferença ? ele é 100% focando em uma história linear.

O sentimento é total de que a ideia era ser um jogo serviço -inclusive, existem indicações de que isso realmente iria acontecer– mas viram o problema que estava se tornando vingadores e voltaram atrás. Talvez esse seja o que fez eu começar a crítica de Marvels Guardians of the Galaxy da maneira que comecei. Estamos falando de um jogo muito bem temperado, mas meio cru. Algo que super pode indicar mudanças drásticas em seu desenvolvimento.

Foram diversas as vezes que o jogo quebrava ou parecia estar pronto pra quebrar. Em toda a campanha, precisei voltar ao ultimo save, 3 ou 4 vezes por problemas de bug. Todas as vezes por questões do jogo não reconhecer que matei todos os inimigos ou travar em algo mesmo que eu estivesse fazendo exatamente o que era preciso, sem a menor possibilidade de errar. 

Existe uma falta de polimento muito clara, não atoa, ele também sofre com um desempenho problematico no Playstation 5. São questões puramente técnicas, mas importantes. A sorte, é que Marvels Guardians of the Galaxy é um jogo e não um Peru de Natal e seus temperos o fazem valer a pena.

Com mecânicas que poderiam ser mais exploradas, Guardiões consegue prender o jogador pela sua história. Uma aventura muito bem escrita, com boas ideias e que sabe utilizar muito bem a loucura do mundo cósmico da Marvel. Até mesmo easter eggs conseguem surgir no jogo de maneira interessante e sem parecer forçação pra agradar nerd. Aqui, Peter Quill e sua turma do barulho, viajam pela galaxia em uma história cheia de indas e vindas para salvar o mundo do jeito bagunçado deles.

Parte desse “jeito bagunçado” é muito do carisma que o jogo carrega, todos os personagens são bem escritos e recebem evoluções interessantes. Existe até uma maneira de refletir mecânicamente o aprofundamento e evolução de cada um deles, não é nada sútil, mas funciona. É praticamente um jeitinho destrambelhado de fazer as coisas, algo que se encaixa muito bem com um grupo que basicamente resolve tudo com desastre. 

Óbvio, a necessidade de tempo acaba se esparramando também nas questões artísticas, existe uma boa seleção de músicas licenciadas no jogo, mas são utilizadas de uma maneira fraca, e algo que parece ser um dos elementos principais, não chega perto de ser algo secundário. 

Ao mesmo tempo, algo que poucos estúdios consegue trabalhar bem, as escolhas de jogador, funcionam muito bem. Mesmo que a maioria não mude muita coisa e as que mudem, não seja significativo pra alterar o rumo da história. Toda escolha de dialogo ajuda a desenvolver o grupo, dar importancia ao Senhor das Estrelas e cria no jogador o sentimento de realmente estar tomando decisões. O mais interessante é que em certos momentos, a escolha não é nem por dialogo e sim por ação. Algo muito bem vindo.

Sem qualquer risco de intoxicação alimentar, jogar algo cru não é lá a melhor coisa do mundo, mas dependendo, não atrapalha nas qualidades. Bem temperado, não tenho como terminar a crítica de Marvels Guardians of the Galaxy, sem afirmar que seus temperos valem a pena, com um leve aroma de jogo do Playstation 2, numa mistura de experimentação e o que já estamos acostumados a ver em vídeo games.