Dying Light 2 é divertido, porém artificial

Por Jean Kei

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

Eu sempre tive curiosidade pra jogar Dying Light, toda a parte de explorar a cidade num parkour e fugir de zumbis naquele contexto me parecia bem divertido, mas por falta de tempo e oportunidade acabei deixando o primeiro título passar, porém o interesse nunca morreu e decidi dar uma chance para o segundo título. Ao jogar o Dying Light 2 eu tive sentimentos mistos, apesar de sair muito frustrado com alguns pontos, se eu falar que não me diverti no fim das contas estaria mentindo.

Mas do que se trata Dying Light 2?

Dying Light 2 é um jogo de zumbi e parkour em primeira pessoa focado em combate corpo a corpo, o que significa que você não vai ver armas de fogo por aqui (tem um motivo na historia pra isso, e é terrível). O loop de jogabilidade se baseia em explorar uma cidade gigantesca resolvendo problemas dos sobreviventes do apocalipse enquanto coleta recursos para ficar cada vez melhor. No jogo, você está numa situação delicada, pois está infectado pelo vírus e a única coisa que te impede de se transformar em zumbi são raios Ultra Violetas. Essa situação de infectado faz com que o jogo tenha uma dinâmica interessante de dia e noite

De dia, as cidades tem poucos zumbis e é mais seguro explorar (mesmo que não totalmente), mas um tipo muito poderoso de zumbi é fraco contra luz solar, então durante os dias ele fica em áreas fechadas, o que dificulta muito sua exploração por territórios escuros durante o dia.

Durante a noite você tem que tomar cuidado para não ficar tempo demais longe de uma lâmpada UV ou sem usar item que imuniza sua transformação em zumbi temporariamente, mas ganha mais experiência e o acesso a áreas escuras fica mais fácil, o que vale a pena pois são áreas que costumam ter ótimos itens e Inibidores, itens que ao coletar o suficiente, pode aumentar sua vida ou stamina.

Essa dinâmica somada as mecânicas de Parkour que funcionam muito bem 70% das vezes são o maior brilho do jogo. existem algumas habilidades que fariam muito mais sentido estar disponível desde o começo (como walljump ou deslizar quando se agacha correndo), mas num geral eu senti que boa parte do jogo estava ganhando coisas novas e ganhando novos jeitos de correr pela cidade, o que da um sentimento bem satisfatório.

A exploração da cidade é bem como um mundo aberto de qualquer jogo que você viu antes, não tem nada de muito novo a acrescentar além de como o sistema de dia e noite funcionam, mas os desafios parkour na maioria das vezes são gostosos de fazer.

Mas como você leu, isso funciona muito bem só 70% das vezes

Esse jogo tem um certo problema com as mecânicas de Parkour dele, que consiste em deixar muitas funções atreladas num único botão que funciona em contextos diferentes. O problema disso é que diversas vezes quando quis segurar numa janela meu personagem começou a fazer wallrun, as vezes a câmera faz você ir pra uma direção que não quer ou dificulta sua noção de espaço (o que é especialmente frustrante em partes onde você tem que economizar bastante stamina). Eu terminei esse jogo em 40 horas, mas tenho certeza de que se não tivesse empacado demais por esses probleminhas técnicos, esse tempo diminuiria um total de três horas.

O combate desse jogo é bem funcional também, é o famoso não fede nem cheira, mas meu problema é que sinto que os desenvolvedores acreditam que esse combate é melhor do que realmente é, pois tem muitas sessões de luta que duram mais do que deveriam (especialmente a luta final, que é bem ruim).

Mas hey! bater em zumbi enquanto pula entre prédios, da cambalhota e voa com um paraglider é legitimamente divertido, e foi esses momentos divertidos que me seguraram nesse jogo até o fim

Porque definitivamente a historia não me segurou

Bem, é aqui onde mais vou reclamar do jogo. Veja bem, eu não estava esperando alguma obra super bem escrita ou que mudasse minha vida, mas a historia desse jogo é inconsistente demais. Existem sidequests com um texto que genuinamente achei interessante, como a de uma pessoa que aprendeu muito sobre a vida observando peixes, ou o real senso de comunidade que o jogo cria com alguns diálogos e sidequests no bar olho de peixe ou no Baazar. Mas a real é que esses bons momentos são exceção, a regra é uma história muito mal escrita, sidequests que soam inacabadas ou que terminam num grande “Moral, não sei” e muitas vezes que não consigo entender qual é dos personagens porque o texto não consegue decidir tão bem a personalidade deles.

O protagonista mesmo, as vezes ele é um cara arrogante, agressivo e egoísta, as vezes ele é justiceiro, as vezes o jogo te da uma opção de dialogo e ele diz algo muito diferente do que você imagina. Não ajuda que eu joguei esse jogo totalmente em português e ele tem problemas graves de localização

Sim, a localização desse jogo é bem ruim

Além de frases que você percebe que foram traduzidas ao pé da letra, as falas dubladas são frequentemente cortadas no meio ou perto do fim de uma frase, provavelmente porque não houve um trabalho de sincronização direito. A maioria das vozes funcionam no jogo, mas não estão bem direcionadas e o texto forçado não ajuda nem um pouco na atuação, sem contar que teve momentos que fica nítido de que houve certas falas onde o dublador não recebeu contexto nenhum.

Tem um momento do jogo onde um personagem fica confuso se a senha para entrar num local é buzinar três ou quatro vezes, buzina em inglês é horn, mas também pode significar chifre dependendo do contexto O dublador fala com muita convicção que a senha é dar 3 ou 4 chifres enquanto buzina, deixando a cena especialmente confusa, principalmente pra quem não entende inglês.

Isso foi um de vários exemplos, o jogo é cheio desses tipos de erros. A cereja do bolo foi que em um lugar especifico algum dublador decidiu fazer uma voz fanha engraçadinha pra um personagem sério e a cena ficou destoante demais.

Editorial: Uma escolha muito difícil

A parte que mais me incomoda na história é o famoso “dois ladismo” que ela usa. No jogo você tem tem duas facções na qual você pode cooperar mais com, um grupo de militares com tendências fascistas que no momento que sentirem que certo grupo não vai servi-los, estará pronto pra matar com qualquer desculpa, no grande “me obedeça ou vou te marcar pra sempre e te matar na primeira desculpa pra isso”.

Do outro lado da moeda nós temos sobreviventes civis, que formam um grupo que muitas vezes são bem agressivos com você, mas principalmente porque a vida no pós apocalipse os deixaram muito desconfiados de qualquer coisa, existem personagens que merdeiros em ambos os lados, mas é ridículo como o jogo as vezes tenta tratar como se fossem equivalentes.

Mesmo assim, saio frustrado porém positivo com o jogo

Como eu disse no começo, por mais artificial que o texto do jogo seja, por mais que ele tenha problemas de mecânica e alguns bugs, eu me diverti com ele. Ele tem mecânicas interessantes e divertidas de explorar.

Dying Light 2 é frustrante muitas vezes e não vai mudar minha vida, mas se eu falar que não me diverti dando pirueta por ai enquanto batia em zumbi, estaria mentindo.

Recomendo jogar caso você tenha oportunidade de adquiri-lo por um preço que não pese no seu bolso e esteja com tempo livre.

Nome do jogo:

Dying Light 2: Stay Human

Publisher:

Techland

Desenvolvedora:

Techland

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S|X