Crítica: Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin

Por Pedro Ladino

Nota: 8.5

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

“A história de um homem furioso”. Foi com essa descrição de Tetsuya Nomura e de um trailer que instantaneamente virou um clássico, que fomos apresentados a Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin. Um projeto que comemoraria os 35 anos da franquia foi anunciado com uma pegada totalmente diferente do que os fãs da série da Square Enix estavam acostumados, um título que transbordava de energia edgy dos anos 2000 e com um combate, supostamente, inspirado em Souls, feito pela Koei Tecmo. Não só isso, mas o game comemoraria os 35 anos da série.

Greatest of all time. Zenith of the medium. Hallmark of media. Gold standard of storytelling. Apogee of creativity. Vertex of invention. Crest of ingenuity. Acme of imagination. Pinnacle of innovation. Epic of epics. Legend among legends. Peak fiction

A cada nova noticia sobre o game, mais e mais eu ficava confusos e mais e mais eu queria esse jogo o quanto antes. Sempre que Jack Garland, já consagrado (por mim) um dos melhores protagonistas da história, abria a boca, mais esse jogo me parecia autoconsciente do que ele era e por isso eu queria tanto jogar.

Eu estava pronto para abraças a galhofa quando me vi surpreendido pelo quão sólido Stranger of Paradise é. É legitimamente um bom jogo, e ele sabe exatamente do que está fazendo e por isso é um dos jogos mais divertidos que já joguei. Eu simplesmente não conseguia parar de sorrir enquanto jogava.

Uma farofada legítima.

A história gira em torno de Jack Garland, um homem que só possui um objetivo: matar Chaos. E é basicamente isso a sinopse, não tem muito o que dizer, mas é interessante como a história faz para se conectar e se manter, no máximo que dá, coerente com o jogo original.

O game no geral não dá muitas pistas sobre o que está acontecendo, além de descrições e coletáveis com pedaços do lore. Ainda assim, ele consegue ter uma história no meio de tanta farofagem, que não é algo que vai mudar tudo, mas também não precisa ser. Eu nunca vi um marketing de um jogo ser tão honesto como o de Stranger of Paradise, é tudo que os trailers mostraram, mas é algo que você tem que mergulhar e curtir, pois se começar a pensar muito no que você está vendo na tela, a magia do jogo será quebrada, até porque os personagens são bastante unidimensionais e não tem muito o que falar.

Além de uma história farofa, o combate do jogo é genuinamente bom.

Além do roteiro, o combate é onde o jogo mais brilha. Eu não cheguei a jogar ambos os Nioh, mas a gameplay me pareceu bem distante de um soulslike tradicional e isso é ótimo, é um jogo de ação muito bem feito e fluido. O sistemas de Jobs também me impressionou. Você precisa ir upando certos jobs básicos para liberar alguns mais avançados dando oportunidade dos jogadores testarem grande maioria e achar o melhor jeito para se jogar.

Tomara que a Square mantenha ele em outros jogos da série. Ainda que alguns jobs tenham o mesmo moveset, a peculiaridade de cada um é nítido o bastante para que tenha uma diferença durante o combate, e todos eles, inclusive os casters, são bem intuitivos de se aprender.

O ponto negativo é o excesso de loot que você consegue durante as fases. Além de uma grande quantidade, os equipamentos são substituídos facilmente por melhores ainda na mesma fase. Isso meio quebra o sistema de updates do jogo, pois para que eu irei melhorar tal arma, se dois minutos depois eu irei conseguir uma melhor, em todos os atributos?

Stranger of Paradise Final Fantasy Origin é o inimigo da enrolação

Tanto narrativamente quanto estruturalmente, o jogo vai sempre direto ao ponto e ele sabe fazer isso muito bem. A estrutura é composta por você ir de fase em fase, tal como um Super Mario, e pronto, com algumas cutscenes entre elas.

Cada fase é baseada em um jogo diferente da série, que aqui são chamados de Dimensão, ao mesmo tempo que essas áreas não existem no jogo original, foi bem interessante ver versões diferentes de áreas já conhecidas como a Crystal Tower de Final Fantasy III por exemplo, em variante mais dark. Inclusive, um ponto negativo é que tem algumas partes que são muito escuras e impossível de enxergar qualquer coisa, a iluminação é um grande problema no jogo.

O jogo possui ótimas fases num geral, mas também tem seus problemas.

O level design das fases é ótimo, quase todas elas são bem intuitivas de se navegar, sem precisar de um mapa, outras pecam bastante pela quantidade de saídas. No entanto, o jogo se torna repetitivo bem rápido.

Os gráficos do jogo são feios, assim… demais. Em alguns momentos a resolução simplesmente desiste e os frames morrem, sem falar na iluminação que comentei acima. Mesmo assim, ainda tem um charme.

As sidequests do game são simples até demais, variam entre “mate X inimigos”, “procure X arma” e revanche contra bosses. Elas servem basicamente para ajudar ao jogador a conseguir item level para a próxima missão principal da história. São rápidas e sem enrolação, com exceção das missões de matar Tomberry, pois esses bichos dão hit kill… É uma ótima opção para quem quiser upar todos os jobs.

Eu fiquei surpreso pelo quão curto o jogo é. Jogando no modo normal, eu terminei o game com 21 horas, e ele parece ser bem fácil de platinar também.

A trilha-sonora também é algo a ser bastante elogiada, ela vai de remixes de jogos antigos à Frank Sinatra.

Aliás, o jogo não possui legendas em português, algo que não entendi pois todos os jogos recentes da série, com exceção de Final Fantasy XIV, possuem localização para o nosso idioma.

Apesar de todos os problemas, Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin entrega uma das experiências mais divertidas dos últimos anos, com um roteiro que mistura farofagem e homenagem a série Final Fantasy.

Nome do jogo:

Stranger of Paradise: Final Fantasy Origin

Publisher:

Square Enix, Koei Tecmo

Desenvolvedora:

Team Ninja

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S|X