Crítica – The Centennial Case: A Shijima Story

Por Pedro Ladino

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

FMV é um gênero dos videogames que você quase não encontra lançamentos recentes, de cabeça consigo apenas pensar em Death Come True, desenvolvido pelos criadores de Danganronpa e Zero Escape, mas fora isso nada me vem à mente.

Anunciado de surpresa no último Nintendo Direct, The Centennial Case: A Shijima Story é o novo jogo do gênero desenvolvido pela h.a.n.d., estúdio responsável por NEO: The World Ends With You, e publicado pela Square Enix.

Na história, encarnamos no papel de Haruka Kagami, uma romancista de mistérios que é chamada para investigar os restos mortais encontrados na casa da família Shijima, que além disso sofreu diversas mortes inexplicáveis ao longo dos anos. O enredo é dividido durante passado e presente e os casos vão se conectando. A partir disso Haruka começa a desvendar o mistério centenário e a trama vai se desenrolando.

Imersão de milhões

A produção do jogo é linda. Dos cenários aos figurinos, do roteiro à cinematografia, tudo é feito para te imergir nas diferentes histórias. A maravilhosa trilha-sonora é algo que ajuda na imersão, adaptando-se a cada enredo. A história é o ponto mais forte do jogo e o jeito que tudo vai se conectando, mesmo quando nada pareça fazer sentido, dá uma sensação de satisfação.

O jogo utiliza o elenco pequeno para encarnar os casos do passado, já que Haruka é quem imagina os mesmos, e ver os atores interpretando dois ou mais personagens é algo que me deixou surpreso, ainda mais pela diferença entre eles, quase como se tivesse assistindo três obras diferentes. As atuações possuem um tom mais exagerado, algo que costumo ver em animes, mas em vez de ficar esquisito, como vemos em alguns live action baseado nas animações japonesas, funcionam aqui. 

Tem uma personagem em específico que me deixou muito encucado durante o jogo inteiro, por causa da sua atuação, e em todo o momento eu fiquei esperando o pay-off e ele veio.

Não sou conhecedor de séries e filmes japoneses, mas creio que grande parte dos atores aqui são já figuras carimbadas no Japão. Tudo que vi deles aqui me deixou interessado em procurar obras com os mesmos atores.

A narrativa é dividida em capítulos, cada um contendo um caso diferente, seja no passado ou no presente, então reforça a sensação de estarmos assistindo uma série de televisão. A estrutura dos capítulos é a mesma durante o jogo inteiro. Temos o cenário, o crime acontece e então temos que investigar.

Gameplay de centavos

Em termos de gameplay, o jogo é, como esperado, bastante simples. Não há muita variedade, basicamente em 95% do jogo, tudo o que faremos é coletar e arrastar pistas para montar as hipóteses, e selecionar as opções, com exceção de um capítulo em específico. Em outras palavras: montar um quebra-cabeça. Mesmo não sendo o foco principal da obra, a jogabilidade acaba se tornando repetitivo e isso porque joguei no PC, imagino que controlar as peças no controle seja mais cansativo ainda.

Apesar disso, o jogo sabe brincar com esses elementos de gameplay, fazendo que os  jogadores tenham uma espécie de recompensa ao errar as respostas. Os atores muitas vezes saem dos personagens, criando momentos cômicos, e te repreendendo pelas alternativas escolhidas. É claro que isso afeta a sua pontuação final, mas é um detalhe que amei e em certos momentos errava de propósito (e não porque sou burro, OK!?). 

Eu finalizei o jogo em torno de 16h, o que é um tempo bastante expressivo. Apesar dos visuais estonteantes, as cenas na versão de PC estão apenas em 1080p e em alguns momentos onde a cena é escura, dá para perceber a queda de qualidade no vídeo. Tem erros de timing nas legendas, mas nada que afeta, já que temos um log de mensagens.

Agora, falando da dublagem… Eu terminei o jogo totalmente com vozes em japonês, afinal a história se passa no Japão, então posteriormente iniciei um novo jogo com a dublagem em inglês e além de ser algo bem mecânico e esquisito, o áudio estava fora de sincronia.

Esse é um daqueles jogos que passaram despercebidos por grande parte do público, muito pelo fato de não ser um jogo tradicional, mas também pelo preço cobrado. É possível que as pessoas iram olhar para ele e pensar que é somente um filme, o que não seria um pensamento errado.

Apesar de sofrer na parte de ser um jogo, The Centennial Case: A Shijima Story traz uma das experiências mais imersivas dos últimos anos. Eu não sei o que levou a Square Enix a apostar em um FMV em pleno 2022, mas torço para que isso renda mais frutos no futuro.

Nome do jogo:

The Centennial Case: A Shijima Story

Publisher:

Square Enix

Desenvolvedora:

h.a.n.d.

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Playstation 5, Nintendo Switch