Kotaro Uchikoshi é um dos nomes mais populares e influentes dentre aqueles da comunidade de visual novels, aclamado por trazer temas filosóficos e conceitos científicos e tecnológicos com personagens intrigantes e uma narrativa misteriosa, AI: The Somnium Files entrega tudo isso e muito mais.
Responsável pela escrita das franquias Infinity, com “Never 7: The End of Infinity” (2000) “Ever17: The Out of Infinity” (2002) “Remember11: The Age of Infinity” (2004) a aclamada franquia Zero Escape, com “999” (2009), “Virtue’s Last Reward” (2012) e “Zero Time Dilemma” (2016). e mais recentemente em 2019, o responsável pelo adventure game e Murder Mystery, AI: The Somnium Files.
AI: The Somnium Files ganhou uma certa popularidade dentro e fora do nicho de visual novels no ocidente, dando assim a Uchikoshi a oportunidade de uma sequência direta para o game, intitulada “AI: The Somnium Files – nirvanA Initiative” lançada em 24 de junho de 2022.
(essa análise não contém spoilers do game)
AI: The Somnium Files – nirvanA Initiative ou apenas “AI 2”, é uma sequência direta do primeiro jogo, detalhando os eventos que aconteceram 6 anos após o título anterior e o caso do Cyclops Serial Killings.
O jogo dessa vez conta com dois protagonistas, Mizuki Date a filha adotiva de Kaname Date, protagonista do jogo anterior, e Kuruto Ryuki o novo protagonista introduzido no game, onde eles tentam desvendar um novo misterioso caso de assassinatos Half Body serial-killings.
Tanto Mizuki quanto Ryuki são agentes da ABIS e são Psyncer, agentes especiais que possuem um olho artificial com uma AI em seus olhos esquerdos, Aiba e Tama, respectivamente, que auxiliam na investigação dos assassinatos e são boa parte do alívio cômico do jogo.
O game funciona de uma maneira bem interessante dividindo os protagonistas em duas rotas e em tempos diferentes. A rota do Ryuki se passa 6 anos atrás, no início dos assassinatos, já a da Mizuki, se passa no futuro, quando novas pistas sobre o caso aparecem.
Ryuki tem sua companheira AI, Tama, que auxilia na investigação do caso, e como ambos são personagens novos eu estava curioso para ver como seria a relação entre esses dois e com um pouco de receio de não ser tão boa igual aos protagonistas do game anterior.
Porém, eu estava enganado, o desenvolvimento e o relacionamento entre eles é fantástico, ambos têm uma química muito boa juntos e cada uma tem suas qualidades distintas, constantemente fazem piadas um com os outros, e rapidamente você se acostuma com eles.
Mizuki é uma personagem importante no primeiro jogo e seu carisma fez com que elas se tornasse a protagonista em sua sequência, acompanhada por Aiba, que antes pertencia ao Date no primeiro game.
Agora com 18 anos anos, ela se torna uma pysncer e se junta a ABIS como uma agente investigadora especial, tendo um certo relacionamento com os eventos de 6 anos atrás, ela se vê dessa vez na obrigação de desvendar o mistério dos assassinatos
Mizuki e Aiba têm uma relação tão boa quanto a de Date e Aiba, ambas se entendem e formam um par muito divertido de acompanhar seus diálogos, e ambas odeiam o Date também.
Uma coisa muito bacana é acompanhar esse paralelo de passado e futuro, os personagens mudam de aparência, e as correlações entre os assassinatos de 6 anos atrás e do presente são muito intrigantes.
Uchikoshi entrega novamente uma narrativa cativante, uma vez investido é difícil parar de jogar, e a simplicidade do jogo deixa isso ainda mais conveniente, apenas sente e aproveite a história.
Novamente os Somnium são a parte principal do jogo , e aqui eles estão mais divertidos e inovadores do que nunca, Uchikoshi não tenta esconder as referências que inspiram certos somniums e você certamente vai entender quando jogar.
Algumas novas funções foram adicionadas dentro dos Somnium, algumas mudanças na AI, mas a essência continua a mesma, são divertidos porém desafiadores com o limite de 6 minutos apenas. há também a possibilidade de realizar “mini” Somnium, aonde é possível ver 5 segundos dentro da mente da pessoa, e a animação é super estilosa.
Uma nova função de gameplay que foi implementada é a Investigação em Realidade Virtual, a nossa AI, tanto a Aiba quanto a Tama, criam um espaço virtual recriando a cena do crime para você explorar livremente e ter mais acesso a outras funções como visão Raio X, visão térmica e muito mais, essa foi uma das adições que eu achei mais legal e bem boladas.
Outra função adicionada a sequência é um quarto especial que você tem acesso com a Aiba ou a Tama, é um local onde você pode vestir elas com várias roupas de seu agrado e pedir conselhos sobre a vida, alguns engraçados e outros bem realistas, é bem divertido ver as respostas delas.
O game também adicionou um sistema de ‘’tamagochi” um bichinho virtual que vc tem que tomar conta, a cada 20 minutos ele te faz uma pergunta e você responde, e na maioria das vezes é incrivelmente hilário as respostas que ele traz.
A trilha sonora nesse games também está fenomenal, com trilhas ainda mais marcantes do que o primeiro jogo, o compositor Keisuke Ito, como sempre fez um trabalho excepcional aqui.
AI: The Somnium Files – nirvanA Initiative é uma ótima sequencia para um jogo que já é excelente, mas consegue incrivelmente superar seu antecessor com uma narrativa ainda mais cativante, ótimos personagens, Uchikoshi sabe muito bem como construir e desenvolver os personagens de uma maneira bem única, grandes plot twists te esperam envolvendo eles.
AI: The Somnium Files – nirvanA Initiative está disponível para Playstation 4, Xbox One, Nintendo Switch e PC (Steam).
AI: The Somnium Files – nirvanA Initiative
Spike Chunsoft
PC, Playstation 4, Xbox One, Nintendo Switch