Yurukill: the Calumniation Games tem muita ideia e pouca execução

Por Jean Kei

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

Yurukill: the Calumniation Games é um jogo que chamou atenção por duas razões: a primeira por ter o nome Homura Kawamoto, escritor da obra Kakegurui envolvido, o segundo por ser um Shoot’n up, Escape Room e Murder Mystery ao mesmo tempo. O jogo, desenvolvido pela Izanagi Games, também contém uma equipe que trabalhou com Kazutaka Kodaka e Uchikoshi Kotaro, conhecidos respectivamente por DanganronpaZero Escape.

Um jogo com tantos nomes diretamente e indiretamente ao redor dele chama bastante atenção, e o fato de ser uma equipe que teve contado direto com diretores de Zero Escape e Danganronpa fica muito evidente. É impossível não olhar para Yurukill sem pensar nos jogos que deram inspiração imediatamente.

A ideia central do jogo é que o protagonista foi preso por um crime que não cometeu, e agora se vê forçado a jogar um jogo numa ilha que pode livra-lo de sua sentença ou custar sua vida. Aqui você terá que resolver enigmas, investigar assassinatos e lidar com várias figuras excêntricas, ao mesmo tempo que tem um jogo  shoot’n up que faz analogia a um diálogo intenso. Ideias que pra quem está familiarizado com Zero Escape e principalmente Danganronpa, consegue sentir de onde o jogo se inspirou pra ser tão ousado em sua proposta.

Certo, esse jogo tem bastante nome e ideias ousadas, mas ele faz isso bem?

A resposta curta é não. Yurukill tem muitas ideias mas é um jogo raso, que em seus melhores momentos é um jogo um pouco acima da média e em seus piores é ofensivamente mal escrito. O ritmo dele é esquisito, tem um elenco mal aproveitado, e por não saber tocar em temas sensíveis, romantiza coisas problemáticas.

Você até pode encontrar coisa positivas em Yurukill por gostar de ideias que existem e pelas partes de shmup ele ser competente, mas recomendaria qualquer outro jogo que faz de forma melhor o que ele propõe.

A resposta longa é…Bem, o jogo contém vários gêneros dentro de si, então antes de falar de cada aspecto do jogo, vamos falar sobre a premissa dele.

Um jogo mais ou menos mortal

A premissa é que cinco prisioneiros são levados para um parque temático numa ilha para participar de uma competição, o ganhador desta competição ganha uma prova documentada de que ela é inocente do crime no qual foi acusada. Cada um dos prisioneiros tem uma pessoa para ser sua dupla, um carrasco. O carrasco é uma pessoa que foi afetada diretamente pelo crime cometido e caso ganhe o jogo, terá um desejo realizado. A questão é que o prisioneiro tem uma coleira com um veneno pronto para ser injetado, e com um apertar de botão, o carrasco pode matar o prisioneiro a qualquer momento. A dupla irá participar de atrações do parque que são essencialmente ambientes simulando o local do crime no qual os jogadores terão que escapar, resolvendo enigmas para chegar a sala seguinte até finalizar a atração (enquanto convencem o carrasco a não se vingar deles).

O jogo tem sete capítulos, sendo que quatro são para introduzir uma dupla e só a partir do quinto o elenco começa a ter mais interações entre si. Isso se torna um problema quando o desenvolvimento de relações fica super curto e na hora de concluir as coisas, o que deveria ser catártico só fica meio esquisito.

E eu não vou dar spoilers, mas o capítulo que envolve a idol é uma das coisas de mais mal gosto que presenciei nesse tipo de história. O jogo escancara várias problemáticas da cultura idol, mas aborda de forma torta e acaba romantizando umas bizarrices no processo.

E o jogo é um escape room meio ruim

Os puzzles do escape room variam entre ridiculamente preguiçosos pra coisas que resolvi no chute porque terminei sem entender muito bem o que o jogo queria de mim. Provavelmente alguns dos puzzles que não compreendi tão bem foram devido a tradução, pois tem alguns que envolvem jogo de palavras, e provavelmente na hora de adaptar para o inglês não encaixou tão bem.

Poucos puzzles foram satisfatórios de se resolver, no fim das contas parecia que servia mais para inflar o jogo do que qualquer outra coisa.

Os puzzles somado com as conversas te dão mais detalhes sobre os crimes cometidos pelo prisioneiro…. E olha, pra um jogo que é todo sobre o mistério de assassinato, ele é bem ruim. Já no começo me incomodava que todas as evidências de que o protagonista cometeu o crime me pareciam estranhas demais pra, segundo o texto, todo mundo ter absoluta certeza de que ele é o culpado, a falta de investigação é muito clara e o jogo não reconhece isso, ele acredita firmemente que as evidências que ele colocou ali são plausíveis pra qualquer um que ver pensar “é…ele matou pra caralho mesmo”.

Sendo que são coisas que se você parar um minuto pra pensar, mesmo não encontrado uma prova de inocência, consegue ver que as acusações são esquisitas.

Mas a parte de shoot’em up é boa

O jogo é um bom shoot’em up (shmup). Não é nada de grande destaque mas fica claro que os desenvolvedores entendem o que faz um bom jogo de navinha. Cada personagem tem uma nave diferente que funciona de maneiras diferentes, fazendo com que o level design de cada fase tenha propostas interessantes.

A nave no qual você consegue dar tiro em 360º tem inimigos mais espalhados em diferentes cantos da tela, a nave que se beneficia mais atirando de perto tem inimigos fortes cujo a velocidade é ajustada pensando nisso, assim por diante. O jogo também tem inimigos legais que são divertidos de enfrentar, especialmente em dificuldades elevadas.

A trilha sonora do jogo num geral é boa, e nos momentos de shmup ela fica especialmente legal.

Dito isso, ele não é melhor do que bons jogos focados apenas no shmup, então por mais que seja um bom elemento do jogo, não é o que vai fazer valer.

E como diabos um jogo de navinha entra nessa premissa?

Bem, ao fim da parte escape room você é jogado numa maquina de realidade virtual conectada diretamente com o cérebro, onde você joga um jogo de navinha com seu carrasco enquanto discute com ele. No fim do jogo, o carrasco deve escolher te perdoar ou te matar.

Então, no meio da parte de tirinho de nave, você vai ter que responder algumas perguntas e escolher opções que dão evidencia de que você não cometeu o crime no qual foi acusado.

Ah, e como essa parte é mal escrita, espere errar algumas vezes porque tem mais de uma opção certa, mas apenas uma que o jogo quer.

No fim, não recomendo Yurukill pra ninguém

Se você não é familiar com esse tipo de jogo, pode até ser que tire algum proveito, mas os próprios jogos que o inspiram citados no começo do texto são porta de entrada melhores. Se você já conhece e gosta desse tipo de jogo, não vai encontrar nada realmente novo aqui e tudo vai ser raso demais pra você.

Yurukill: the Calumniation Games até tem ideias legais e claramente é um jogo ambicioso, mas falha em conseguir alcançar essa ambição.

Nome do jogo:

Yurukill: the Calumniation Games

Publisher:

NIS America

Desenvolvedora:

IzanagiGames

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Nintendo Switch