Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Crítica escrita pelo colaborador Matheus Yuan
Desde seu reboot em 2015, Need for Speed vem sofrendo para encontrar uma identidade própria novamente. Para piorar, problemas técnicos, microtransações invasivas e jogabilidade travada acabaram criando uma reputação negativa para a série. Com a chegada da nona geração e sob nova direção, vem Need for Speed Unbound, título que busca restaurar a imagem positiva que a franquia já teve um dia.
Seja por uma história voltada para um público mais jovem, pela progressão reformulada ou no contraste da direção artística do jogo, é bem evidente que Unbound tenta se distanciar de seus antecessores em diversos aspectos, principalmente na customização. Longe estamos do estilo mais tradicional e sério de outros jogos recentes da franquia.
O criador de personagens agora adota um modelo mais cartunesco, se distanciando dos personagens realistas que a franquia costuma adotar. As opções são muitas logo de cara, e diversas outras ficam disponíveis conforme a progressão do jogador, seja na história ou realizando atividades opcionais em Lakeshore City.
Existem também novos tipos de customizações visuais para os carros, ativar nitro, nocautear jogadores, realizar drifts, todo tipo de ação feita dispara efeitos na tela que o jogador consegue modificar, dando a ele mais espaço para personalizar não só os veículos mas também o próprio jogo.
Diferente de Need for Speed (2015), onde se tentou atrair os jogadores através do fator nostalgia com um estilo semelhante ao saudoso Underground (2003), ou Payback (2017) que tenta parecer um filme de ação, Unbound cria uma identidade nova na franquia.
O contraste entre efeitos especiais espalhafatosos e a cidade realista, deixam a jogabilidade mais vibrante sendo um dos títulos da franquia que melhor passam a sensação de velocidade
Para avançar na história, o jogador deverá vencer uma série de eliminatórias para um torneio chamado The Grand, onde ele almeja reconstruir a reputação e popularidade de sua oficina, além de conseguir seu carro original que lhe é roubado.
A progressão acontece em um sistema semelhante a Need for Speed Heat (2019), corridas fazem com que o jogador fique cada vez mais procurado pela polícia, e caso ele seja pego, perde todo o dinheiro que fez aquele dia. A diferença agora é que também é preciso pagar para competir, o que deixa o jogo mais desafiador.
Como os oponentes estão constantemente melhorando seus próprios carros, o jogador acaba precisando decidir entre quais corridas ele deve entrar, se vale a pena continuar nas ruas e quanto dinheiro gastar em upgrades, dando um impacto maior para cada decisão tomada. Ficar sem recursos em Unbound é bastante perigoso, ainda mais agora que não é mais possível reiniciar partidas eternamente para garantir o primeiro lugar.
Infelizmente, alguns fatores acabam atrapalhando a carreira do jogador. Em cada capítulo, o jogo escolhe um ou dois oponentes para serem muito mais velozes do que o resto dos competidores, independente do carro que estiverem usando. Isso é um problema que já existia da mesma forma em Heat, mas como Unbound exige uma preparação maior para as corridas, acaba sendo desmotivante perder uma partida onde o adversário simplesmente corre perfeitamente e alcança distâncias impossíveis de se acompanhar.
Embora não tenha uma variedade de eventos pequena, muitas pistas são reutilizadas, o que acaba dando desgaste na motivação de continuar jogando. As partidas de drift são as que mais sofrem com isso, repetindo locais inúmeras vezes logo quando ficam disponíveis pela primeira vez. O mapa de Lakeshore é grande, com ambientes variados indo de cidades modernas até montanhas, o que torna ainda mais estranha essa decisão em relação aos percursos.
Como é um jogo feito para um público mais jovem, o diálogo pode desapontar alguns. É um humor bem mais leve e descontraído, em uma história que em alguns momentos até tenta trazer boas lições, mas que vai deixar fãs do estilo ‘’Velozes e Furiosos’’ que a franquia vinha adotando, desapontados.
O modo online agora funciona semelhante ao GTA Online, todos os jogadores criam personagens novos e tem uma carreira separada do modo história. As competições também são diferentes, as partidas avulsas são substituídas por torneios entre os diversos tipos de eventos. É possível também participar de partidas em ranques específicos e não ficar preso apenas aos carros mais rápidos.
No geral, a ideia é boa, dá motivo para o jogador colecionar e aprimorar diversos carros, mas pela quantidade de eventos disponíveis e salas com tamanhos limitados acabam atrapalhando a experiência. É muito difícil achar jogadores para encher partidas, já que nem todos estão querendo o mesmo tipo de corrida.
Com uma base sólida e a promessa de que mais atualizações virão, Need for Speed Unbound é um dos melhores jogos da franquia em muito tempo e tem a chance de ficar ainda mais excelente. Depois de uma geração inteira sofrendo com diversos problemas, estou finalmente ansioso por mais novidades sobre o título e também de futuros lançamentos.
Need for Speed Unbound
Electronic Arts
Criterion Games, Codemasters
PC, Playstation 5, Xbox Series S|X