Crítica: Scars Above tem potencial mas peca pelo excesso

Scars Above é o primeiro jogo grande da Mad Head Games. Um estúdio independente que, segundo o site deles, deixou de focar em jogos casuais e está mirando em jogos mais ambiciosos focados em ação.

E devo dizer, Scars Above reflete muito bem a vibe que o site traz na apresentação do estúdio. Ele é um jogo com pessoas empenhadas em fazer algo grandioso.

No texto apresentando o estúdio, eles se definem como pessoas que deixaram os jogos casuais para focar em jogos de ação para PC e Consoles, de forma grandiosa a ponto de transformar seus desenvolvedores em heróis.

Contudo, miraram alto demais

Scars Above almeja fazer um jogo grande com recursos de um estúdio pequeno. Aqui temos um jogo com ação frenética e exigente, elementos de puzzle e adventure que lembram jogos como Resident Evil, mêcanicas de um jogo Soulslike e uma história de ficção cientifica que quer ser grandiosa. O jogo consegue fazer seus vários elementos conversarem entre si, mas senti a falta de foco fazendo com que nada esteja num nível excepcional.

Mas afinal, do que se trata esse jogo?

Scars Above é um jogo de tiro em terceira pessoa com alguns elementos Soulslike. Aqui temos stamina, um combate desafiador que leva em conta uma quantidade limitada de cura até a chegada de um próximo checkpoint, um checkpoint que recupera sua vida mas ressucita todos os inimigos… Antes de você receber sua primeira arma de fogo, você acha uma faca para combate corpo a corpo, e pela movimentação eu jurei que jogaria um Soulslike. Porém, esse aspecto é apenas um dos vários presentes no jogo.

Sua forma principal de combate é através de armas de fogo, cujo cada uma carrega um elemento diferente. Você terá uma arma com tiros de eletricidade, fogo, gelo e veneno. O destaque no combate de tiro é como as armas causam efeitos diversos e podem ser combinados. 

As vezes a forma mais eficiente de matar um inimigo é congelando-o e depois atirando com uma arma elétrica, as vezes os inimigos estão em um lago congelado e a forma mais eficiente de derrota-los é atirando fogo no lago para descongela-lo embaixo de seus inimigos… Enfim, o jogo tem uma variedade de situações que exigem usar múltiplos recursos, e é bem implementado…

Exceto nos chefes

Os chefes de Scar Above me dão muita uma sensação de “bater na trave”. São batalhas muito intensas e desafiadoras que exigem o uso de várias armas e atenção,  o que eu adoro na teoria… Mas na prática acaba sendo uma batalha frustrante por colocar muita cosia acontecendo de uma vez e as vezes ser muito punitivo ou muito enrolado. Minha sensação nos chefes do jogo foi de que se o design deles fosse um pouco mais polido, teria sido um combate excelente.

Na verdade, a sensação de “se fosse mais polido seria excelente” vale pro jogo todo. O combate tem ideias legais e engajante, mas o ato de atirar tem muito pouco impacto. Eu sempre senti que o feedback tanto da parte da protagonista quanto dos inimigos é meio ruim. Não apenas no combate, mas o jogo tem problemas de movimentação, algumas animações esquisitas e bugs

E alguns bugs e questões técnicas faz tudo ficar mais problemático

Eu tive que fechar e abrir o jogo duas vezes por conta de bugs, uma vez porque minha personagem travou num canto e não conseguia sair do lugar de jeito nenhum, e outro em que não consegui colocar nenhum ponto na minha árvore de habilidades, e nesse quando abri o jogo de novo…Ele não tinha salvo onde disse que salvou e tive que enfrentar novamente um chefe complicado.

Além dos problemas com bugs, esse jogo é um tanto mal otimizado, pelo menos pro Xbox Series S, e mesmo que o jogo não pareça exigir muito do console, sofre de slowdowns em cutscenes e em alguns pontos específicos do jogo. Mas pelo menos, durante o combate o jogo roda muito bem.

E em quesito de narrativa, o jogo é ok

O jogo conta a história de Kate e sua equipe de astronautas cientistas chamada SCARS. o grupo vai investigar um objeto espacial deixado por uma figura alienígena próximo a terra, mas ao se aproximarem, são imediatamente transportados para um planeta desconhecido e hostil. Cabe agora a Kate, que começa a enxergar uma aparição alienígena que se diz nativa daquele planeta, a investigar uma maneira de sobreviver e encontrar seus companheiros.

A ambientação do jogo tem tons de terror espacial e é criativa algumas vezes, outras me soa um pouco batido.

No fim do jogo, não me senti muito engajado com a história e com seus personagens, mas eles tentaram fazer uma história bem elaborada. O mundo do jogo tem vários elementos narrativos, logs e descrições…Novamente, é possível ver a ambição, mas faltou polimento.

Enfim, eu sinto que Scars Above é um “adolescente brilhante”

Scars Above é como um adolescente brilhante e promissor. Ele apresenta muitos talentos, tem potencial para ir longe, mas ainda é imaturo e comete o erro de tentar fazer mais do que é capaz.

os desenvolvedores da Mad Head claramente sabem fazer um bom jogo, mas aqui, faltou foco para ter uma experiência mais polida e prazerosa.