Crítica – The Caligula Effect: Overdose

Por Pedro Ladino

Nota: 6

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

Vendido como um sucessor espiritual dos três primeiros jogos da série Persona, pela presença do roteirista Tadashi Satomi na sua equipe de desenvolvimento, The Caligula Effect foi lançado em 2016 para PlayStation Vita, desenvolvido pela Aquria e publicado pela FuRyu. Dois anos depois, com a vinda de um anime baseado no mesmo, um remake do game foi lançado com o subtítulo de Overdose, para PS4, posteriormente ganhando versões para PC e Nintendo Switch.

Dos jogos publicados pela FuRyu, ambos os Caligulas são um dos que eu mais estava interessado em jogar. Agora ambos ganharão versões para PlayStation 5, tive a oportunidade de jogar o primeiro, que chega agora no dia 30 de maio.

O remake, agora desenvolvido pela historia, trouxe diversas adições ao jogo, incluindo gráficos melhorados, sendo feito na Unreal Engine 4 dessa vez; uma nova campanha, com direito a final extra; inúmeros novos personagens secundários e NPCs.

The Caligula Effect: Overdose se passa no mundo virtual de Mobius, um mundo criado para que pessoas possam escapar de problemas e traumas da vida real em um ambiente escolar. Ao perceberem que estavam em um mundo virtual, alguns estudantes decidem formar o Go-Home Club, a fim de voltar para a casa. Para isso, eles precisam enfrentar μ e os Ostinato Musician.

Trauma, escapismo, identidade, são temas recorrentes em Caligula Effect e tudo gira em torno disso. Tanto os membros do Go-Home Club quanto os Ostinato Musician, possuem motivos pelos quais foram levados para esse mundo. Enquanto alguns recursos narrativos básicos foram utilizados aqui, o jogo faz um excelente trabalho de humanizar todos esses personagens, a vida real pode ser dura.

Isso vale para a nova campanha. Aqui podemos jogar sendo um membro dos Ostinato Musician, supostos vilões do jogo, enquanto ainda somos parte do Go-Home Club. São duas visões bem interessantes e que vão colidindo uma com a outra até a decisão final.

O conteúdo secundário do jogo gira em torno de conversar e resolver traumas de estudantes que você encontra pelos mapas, e isso te dá algumas recompensas, mas isso apenas para NPCs e são mais de 500 deles, sem exagero. Para membros da sua equipe em ambas as campanhas, você eleva o nível de intimidade utilizando-os em batalha, cada um possui 9 níveis de intimidade que libera os Episódios de Personagens, que basicamente são uma espécie de Social Link do jogo.

Eles são muito interessantes de se fazer e são realmente bem escritos, além de refletirem na história principal. Eu fiquei muito curioso em jogar a versão original, pois nada aqui parece que foi enfiado de propósito, em especial os relacionados ao Musician.

Gosto também que como nessa versão você pode escolher entre um personagem masculino e feminino, alguns diálogos e acontecimentos desses Episódios de Personagens mudam de acordo com o gênero do protagonista.

O ambiente do jogo é todo dividido em dungeons e você vai pulando de uma em uma conforme a história vai avançando, o que ajuda e muito no ritmo do jogo, pois você está sempre fazendo alguma coisa e não se sente enrolado, coisa que acontece no combate.

O combate é bem interessante. Aqui temos um combate de turno, onde você escolhe a ação e através da Imaginary Chain consegue visualizar o que vai acontecer no turno, podendo calcular bem o que você pretende fazer e ajustar isso conforme você queira, através de uma timeline no topo da tela. Com isso você é capaz de executar combos e derrotar os inimigos. O grande problema é que ele é muito repetitivo e bem fácil no geral, às vezes eu só parava de lutar e ia explorar a dungeon até o final, catando itens pelo caminho. Um balanceamento melhor ou talvez deixar ele mais acelerado, ajudariam e muito neste quesito.

Se tratando de FuRyu, já esperamos um baixo orçamento, o que para ser sincero não importa muito para mim, então logo que você abre o jogo já se depara com modelos de personagens inexpressivos, porém é algo que você se acostuma rápido, mas é no mínimo engraçado quando os personagens sempre têm a mesma cara ao executar as suas habilidades ou tendo a sua resolução final. Nos diálogos uma maneira de contornar isso foi utilizando portraits 2D e foi certamente um acerto, gostei bastante do estilo da arte de Oguchi.

A trilha sonora é de longe o maior destaque do jogo para mim. Usando como base o tema de idols, temos a presença de vários compositores que trabalharam para Vocaloids famosas, um deles inclusive já compôs música para Hatsuke Miku, e quase todas elas cantadas pela a seiyuu Reina Ueda, que também interpreta a antagonista μ, outras músicas são cantadas por outros membros do elenco. 

Cada dungeon possui uma música diferente, com compositores diferentes e em três variações: uma versão instrumental enquanto andamos pelas dungeons, a versão cantada enquanto estamos em batalha e uma versão “corrompida” ao enfrentar o chefe da dungeon.

Fora das dungeons, temos a trilha-sonora de Tsukasa Masuko, um outro remanescente dos jogos da Atlus, que facilmente me deixaram atônito por um tempo, enquanto as ouvia.

Sobre a versão de PS5, obviamente não é um jogo que precisava de um port, então é mais uma tentativa da NIS America de fazer uma transição para a nova geração e levar seu público com ela. O jogo roda bem, não tive nenhum bug visual, contudo, em diversas vezes as falas dos personagens não saiam e as músicas não tocavam em bosses. Como não joguei a versão de PS4 e PC, não posso confirmar se isso existia lá, e se existia, porque não foi consertado.

The Caligula Effect Overdose traz ideias interessantes e mostra um potencial que pode ser alcançado em jogos posteriores. É um jogo honesto.

Nome do jogo:

The Caligula Effect: Overdose

Publisher:

FuRyu, NIS America

Desenvolvedora:

historia

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Playstation 5, Nintendo Switch