Crítica: Trails into Reverie – Aonde uma trilha termina… outra se inicia

Por Guilherme Santos

Nota: 9.5

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

The Legend of Heroes: Trails into Reverie é uma jornada na qual se encerra um ciclo, e ao mesmo tempo dá início a uma nova aventura, recheado de conteúdo Reverie traz uma história única amarrando todas as pontas da série até então, e começando a expor o jogador aos mistérios e segredos do próximo arco de Calvard, entregando uma experiência extremamente satisfatória para aqueles que acompanham a série desde o começo.

Trails into Reverie é, sem dúvidas, o meu jogo mais aguardado do ano, e ele é simplesmente tudo o que eu estava imaginando e mais, uma experiência que superou completamente todas as minhas expectativas, e me surpreendeu incontáveis vezes, mostrando o quão erradas estavam minhas hipóteses e proposições em relação ao jogo, e mostrando muito mais além daquilo que eu teorizava.

Vale destacar aqui que Trails into Reverie, como dito, encerra a história de dois outros arcos da série, o arco de Crossbell com Zero/Azure, e o arco de Erebonia, com a Saga Cold Steel, então de maneira alguma esse jogo é uma porta de entrada para novatos na série, e sim o completo oposto entregando o seu ápice para os fãs mais devotos da franquia, não só dos dois últimos arcos, mas sim da série inteira.

Como eu havia dito na minha crítica de Trails to Azure, de como Azure é um dos melhores jogos já feitos e possivelmente o pináculo da série até o momento, sinto lhe dizer mas em minha opinião, e após passar mais de 130 horas com jogo, Trails into Reverie consegue superar Azure e todos os aspectos.

Lloyd e a SSS

Trails into Reverie finalmente chegou ao ocidente oficialmente localizado pela NIS America, o game originalmente lançado no Japão em 2020, e após um longo período de espera o capítulo final da primeira metade desta saga está disponível.

Mais uma vez, seja bem-vindo de volta a Zemuria

O próximo capítulo da saga de Trails se dá início logo após os eventos catastróficos do Great Twilight e os conflitos da Grande Guerra ocorridos em Cold Steel IV, o continente ainda sofre ao tentar se reerguer novamente, e suas sequelas são inesquecíveis.

Trails into Reverie, entra como um jogo para tentar explorar e resolver conflitos ainda em abertos dos jogos anteriores, amarrando as pontas soltas e dando uma despedida para o lado ocidental de Zemuria, e nos preparando para as intrigas e mistérios da República de Calvard e o leste do continente.

O ano é S. 1207, e Crossbell está em busca de ganhar sua independência novamente, após passar 2 anos sob o controle do Império de Erebonia, Lloyd Bannings e o restante da SSS após resolverem os problemas causados pela IDF, podem olhar otimistas para o futuro da cidade, porém as coisas não são tão simples quanto parecem, quando um enorme imprevisto ocorre, deixando nossos heróis desamparados.

Já em Erebonia por outro lado, Rean Schwarzer junto da nova Class VII embarcam em mais uma de suas aventuras, retornando a sua terra natal em Yumir, Rean aproveita para relaxar e passar o tempo com a família, e também para uma resolver uma tarefa misteriosa.

Rean após os eventos traumáticos de Cold Steel IV tenta convencer a si mesmo que está tudo de volta ao habitual, embora a preocupação de que algo dentro de si não esteja totalmente normal ainda exista em seu coração.

Tomando uma virada para o inesperado, um novo protagonista nos é apresentado, o enigmático e misterioso “C”, um mascarado que se diz ser o líder da Reborn Imperial Liberation Front. Junto de Swin e Nadia, dois novos personagens introduzidos no jogo, eles se deparam com uma maleta na qual algo de extremo valor está sendo carregado.

E com isso as trilhas da narrativa começam a se mexer, as correntes em rumo ao desconhecido, uma última aventura e ao mesmo tempo um novo recomeço.

Seguindo os caminhos da trilha…

Trails into Reverie traz uma mudança drástica na construção e estrutura de sua narrativa, dessa vez a história é dividida por diferentes rotas, cada uma seguindo um protagonista em um local diferente, temos a roda do Rean, do Lloyd e do enigmático C.

Intitulado de “Trails to Walk” é possível mudar de rota a hora que desejar, apesar de ser só possível avançar até certa parte, daí o jogo vai pedir para mudar de rota para avançar na história principal. Eu particularmente adorei essa decisão, a narrativa flui muito bem com vários cliffhangers entre as rotas e o ritmo é excelente e bem consistente o jogo inteiro.

Rean – Lost Symbol

Rean Schwarzer e a Class VII servem um papel fundamental na narrativa, explorando e se aprofundando em novos personagens, e dando um ótimo desenvolvimento aqueles já existentes.

Mesmo com todos os problemas que Rean carrega dos jogos anteriores, a rota dele nesse jogo é simplesmente fenomenal, tem um ótimo ritmo e a maneira como ela se intercala nas outras rotas é fantástica, e dá um excelente desfecho para o Ashen Chevalier.

Lloyd – Day of Reindependence

Lloyd Bannings está de volta em Crossbell, dessa vez com a presença inteira da Special Support Section, Wazy Hamisphere, Noel Seeker, Rixia Mao, Zeit e entre outras figuras de Crossbell fazem a cidade ficar vivida novamente após se libertar das amarras do império.

Possivelmente a única rota a ter decisões questionáveis na narrativa, apesar de que olhando como um todo eu ainda acho que ela entrega e muito, mas pequenos problemas no enredo e repetições de plot já cansativos, tiram um pouco da experiência.

“C” – Miserable Sinners

C tem a tarefa de nos apresentar a um novo protagonista, e como ele se encaixa na narrativa, essa rota consegue fazer isso com proeza, entregando logo de cara uma história misteriosa e a princípio completamente desconexa com as outras rotas, o desenvolvimento e o ritmo são excelentes e agradáveis e cheias de revelações impactantes.

Vale notar aqui outros dois personagens estreantes na série, se você leu os livros “Three and Nine” em Cold Steel IV, vai sacar na hora quem são. Swin e Nadia facilmente já entraram como meus personagens favoritos, a dinâmica e interações entre esses dois e o resto do grupo é sensacional, ao mesmo tempo alimentando ainda mais a curiosidade e o mistério que rodeia esses dois.

Sem entrar em muitos detalhes sobre a outra personagem misteriosa que se junta ao grupo, Lapis tem um papel fundamental na história e de extrema importância, porém só jogando para descobrir.

A maneira como a narrativa é construída em Trails into Reverie, leva a assumir que no final tudo se conecta e sim, de fato isso vai acontecer, mas a maneira como isso ocorre é simplesmente incrível, cada rota começa a se entrelaçar uma na outra de uma maneira natural, uma rota ajudando na progressão da outra.

Um pedaço de informação relevado na Rota do C, serve para deduzir outro mistério na rota do Rean e por aí vai, a narrativa é construída desta forma dinâmica e sempre fazendo o jogador pensar e analisar a situação, para no final tudo acumular em um lugar só, é brilhante e genial.

Reverie Corridor e suas brilhantes miragens

Umas das adições em Trails into Reverie, é o Reverie Corridor, que a princípio é apenas uma dungeon procedural com vários andares, chefes e mini-bosses, e por aí vai, porém sua profundidade vai muito mais além disso.

A gimmick desse lugar é que na conforme você vai avançando, o jogador pode ir coletando recompensas em formato de orbes de diferentes cores, que quando usados liberam uma variedade de conteúdos extras no jogo.

E é aí que vem a graça, um desses conteúdos são os Daydreams, que podem ser adquiridos através dos orbes azuis, similar às portas de Trails in the Sky the 3rd, são mini episódios que nos revelam diversos tipos de memórias e informações por assim dizer, de personagens, eventos, lugares e por aí vai.

Esses daydream são de extrema importância, por que é através deles que o jogo da uma conclusão e desenvolvimento de muitas pontas soltas dos jogos anteriores, e o melhor de tudo também servindo de ponte para o arco de Calvard, começando a situar o jogador nas intrigas, mistérios e personagens que veremos em Kuro no Kiseki.

Os orbes vermelhos liberam uma série de mini-games, completamente distintos e bem únicos e carismáticos, também similares a Sky the 3rd, como Who wants to be a Mirannaire, Magical Alisa Love Shot, Beachside Vay-Cay entre outros, são bem divertidos de se jogar quando quiser fazer uma pausa entre os andares do corredor.

E por último, por mais incrível que pareça, tem um sistema de Gacha no jogo, na qual é possível trocar esses orbes por itens aleatórios, e até personagens para te auxiliar no corredor.

Não só isso, a história apresentada no Reverie Corridor é excelente, ela funciona em conjunto com a história principal e simplesmente tem um dos melhores desfechos da série.

A princípio, como eu disse, eu pensava que seria só mais um modo extra, mas quando a história desse local começa a se desenvolver, e aprofundar-se em temas e mistérios da série, tudo começou a ficar muito mais interessante.

O Reverie Corridor é dividido em 8 andares, porém os 4 últimos só ficam disponíveis no post-game, após terminar a história principal, é possível continuar a jornada no corredor, e é aí que ele me ganhou, o que é revelado no final dessa narrativa é simplesmente inimaginável, mostrando como a Falcom tem uma proeza enorme em manipular o mundo dessa série de uma maneira tão incrível.

Um combate anseio por mudanças

Agora, entrando no aspecto de combate de Trails into Reverie,  se você jogou e espero que tenha jogado os dois últimos que antecedem esse, vai logo sentir a familiaridade, os sistemas e mecânicas são os mesmos, um combate por turnos intuitivo e dinâmico, divertido porém já esgotado e introduzindo uma nova adição as habilidades que simplesmente quebram o jogo.

Em Cold Steel III, fomos introduzidos as Brave Orders, uma mecânica que dita o ritmo das batalhas, concedendo buffs, debuffs ao jogador, o problema é que é completamente abusiva deixando as lutas ridiculamente fáceis, até nas dificuldades mais altas.

Em Reverie, somos introduzidos a United Fronts, mais uma mecânica de combate completamente abusiva, concedendo um all-out-attack de dano físico ou dano mágico nos inimigos com a party inteira, ou curando todos os membros da party.

A princípio não parece ser tão ruim assim, por que é de fato limitada a uma barra de recurso, porém no Reverie Corredor podemos aumentar esse limite, no final do jogo eu tinha 5 barras cheias para poder usar esse ataque, ele é conveniente porém dá pra abusar bastante dele.

Com tudo isso já é visível que o sistema de combate desse jogo já está cansativo e repetitivo, não é atoa que em Kuro no Kiseki, o combate foi reformulado e tem um conceito bem diferente. 

[BGM RIP] – The Perfect Steel of ZERO

A trilha sonora em Trails já é quase um sinônimo de qualidade, obviamente aqui não é diferente, sem sombra de dúvidas uma das melhores ost da série.

Compositores como Mitsuo Singa, Shuntaro Koguchi, Takahiro Unisuga, Yukihiro Jindo e Hayato Sonoda estão presentes em trilhas emocionantes, músicas de batalhas, e principalmente as músicas da dungeon final e final boss são geniais.

Conclusão – Beyond the Reverie

The Legend of Heroes: Trails into Reverie é um final e um recomeço, uma experiência memorável, que entrega para os fãs dessa franquia uma despedida de seus lendários heróis e abre o caminho para que novos heróis possam caminhar nessas trilhas.

Embora o sino que toca no fim dos dias ainda não tenha sido silenciado, vocês, filhos de Zemuria, ganharam um momento de paz, até que chegue a hora de enfrentar a hora final.

Até que vocês, com esperança e medo em seus corações, tenham de percorrer novas trilhas.

Nome do jogo:

The Legend of Heroes: Trails into Reverie

Publisher:

NIS America

Desenvolvedora:

Nihon Falcom

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Playstation 5, Nintendo Switch

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