Call of Duty é sempre uma daquelas franquias que mesmo sem mudar muito, consegue ir de ótimo para terrível. Mesmo com boas mecânicas, estilos de narrativa e até mesmo mapas do jogo conseguem mudar completamente a qualidade do game. O reboot de Modern Warfare é talvez um dos que mais mudou nos últimos anos. Uma nova engine e outra visão de como trabalhar com a história, para no fim chegar ao mesmo jeito de trabalhar com a franquia. Modern Warfare é novamente um Call of Duty com poucas mudanças, mas que fazem muita diferença.
Um dos principais elementos que foram comentados e vendidos sobre o novo Call of Duty: Modern Warfare seria a forma que ele apresentaria a guerra para o jogador. Com pitadas humanas, desde o seu anúncio, em que diversos jornalistas e influencers foram convidados para jogar o game, o fato de terem momentos em que controlamos uma criança em meio a guerra foi algo muito levantado. Jogando a campanha, essa vontade dos desenvolvedores fica ainda mais clara.
De maneiras abruptas, o jogo se força ao máximo para mostrar o desastre que uma guerra, pequena ou não, causa na sociedade e em cada indivíduo. De maneiras inteligentes, como em uma missão em Londres em que jogamos com um policial tentando proteger civis de diversos terroristas, a dificuldade e intensidade de um momento desses, tão próximo de nossa realidade fica mais evidente. Sentir na pele o que é ser um policial nessa situação pavorosa e intensa é algo que só vídeo games conseguiriam fazer de maneira tão eficiente e nesses detalhes, a Infinity Award conseguiu chegar no ponto certo. Entretanto, ao mesmo tempo que com esses pequenos momentos, o jogo consiga demonstrar a podridão que uma guerra ou guerrilha pode trazer, eles falham no quão superficiais são no geral.
Enquanto o jogo se esforça ao máximo para demonstrar a destruição da guerra, o jogo ainda se apresenta como um “vendedor” da violência a tornando cada vez mais “legal” e empolgante. Tanto com seus personagens curtindo a situação e até mesmo desejando poder matar o inimigo mais de uma vez, até em momentos que vítima e criminoso não recebem uma verdadeira divisão. Por exemplo, em uma das primeiras missões da campanha, o jogador precisa passar por um momento lento e tenso invadindo -secretamente- um prédio tomado por terroristas e nada é feito de maneira realmente tensa. Alguns terroristas podem até mesmo por mulheres como escudo humano e nada acontece se matar uma delas, da mesma forma que essa tensão não dura já que em poucos segundos o jogador pode entrar correndo e matando todos a sua frente.
É compreensível o jogo não estar perfeito em suas ideias, foram anos de Call of Duty sendo quase que uma homenagem a guerra, mas ainda sim, os elementos que eles tentam tocar não são tão complexos, muito menos pouco explorados em jogos e outras mídias. O terror da guerra é talvez um dos elementos mais genéricos atualmente em jogos de FPS, o que torna difícil perdoar essas tentativas falhas da desenvolvedora.
Graças a essa narrativa rasa que ainda se mantém nas ideias antigas e levemente ultrapassadas de Call of Duty, Modern Warfare continua tendo a sensação de ser mais do mesmo, ainda que tenha evoluído. Não que isso seja algo objetivamente ruim, mas é um pouco desanimador ver tanto potencial desperdiçado em meio a tantas missões interessantes e diversas.
Essa falta de controle narrativo, ou até mesmo de coragem de mudar por completo a visão que a franquia carrega, torna até mesmo partes da narrativa um pouco covardes. Como uma missão inegavelmente baseada em um verdadeiro ataque americano ao Iraque. Algo que no jogo, foi substituído pela Rússia como atacante, um país muito mais seguro de ser posta como vilã e não os Estados Unidos, que ao decorrer de sua existência como país, matou e ainda mata muitos em nome de guerras sem sentido.
Com tudo isso, a Infinity Award volta a mostrar que entende o que faz de Call of Duty um bom jogo e com o reboot de Modern Warfare, deixa bem explícito suas ideias que serão predominantes na franquia. Ele é um jogo consistente, com boas missões em sua curta campanha e em certos pontos bem escrito. Entretanto, por falta de mudanças realmente significativas, a campanha de Modern Warfare apenas se mantém como um bom jogo e não tem nada que possa agradar a quem não gostava ou já está cansado da franquia. Infelizmente se tornando apenas mais um entre tantos outros Call of Duty’s.
Está análise foi feita em base de uma cópia da versão para Computadores enviada para o Game Lodge pela assessoria da Activision
Call of Duty: Modern Warfare está disponível para PC pela BattleNet, Playstation 4 e Xbox One