O mundo emergente em Dragon’s Dogma 2

Por Jean Kei

Dragon’s Dogma 2 é, acima de tudo, um jogo gigantesco e com diversas possibilidades. Estou dedicando quase todo meu tempo livre a este jogo. Ao jogar num ritmo atencioso e me permitindo explorar, peguei sentimentos bem positivos com o jogo, mas não devo estar nem na metade. Após de pouco mais de uma semana de jogo notei que não farei uma crítica completa tão cedo. Mesmo após dezenas de horas, Dragon’s Dogma 2 apresenta coisas que alteraram minha percepção sobre ele e seria injusto analisa-lo sem ter visto todo seu conteúdo principal.

Dito isso, há algo inerente a experiência de Dragon’s Dogma 2 que vale a pena falar:

As histórias que o jogador cria pra si no mundo aberto.

A maior força de um bom jogo de mundo aberto é quando ele permite histórias próprias. Quando o jogador sente liberdade de se expressar de forma única no mundo e as coisas reagem de forma orgânica, o jogo se torna mais marcante. Desde antes de lançar o jogo deixava claro que ele tinha mais interesse no caminho do que na chegada.

Não importa se você chegou no ponto A ou B, o que importa é o caminho feito até lá.

Lidar com monstros pelo caminho, interagir com eles de maneira diferente e descobrir algo novo, fazer um desvio no caminho e se ver numa situação fora de seu controle… Isso é o fator mais interessante de Dragon’s Dogma 2

No dia anterior a este texto, eu fiz uma burrada e perdi 3 horas de progresso no jogo. Horas depois retornei ao jogo mas escolhendo me focar em explorar outra área ao invés de tentar recuperar o que perdi para me frustrar menos. Apesar disso, acabei repetindo algumas coisas mas percebi o quanto o jogo me permitia abordar coisas de forma diferenciada.

Partes que demorei meia hora para realizar, com conhecimento prévio ou aproveitando melhor o ambiente fiz em poucos minutos. Além disso, encontrei itens e fui por caminhos que antes haviam me passado batido.

Enfim, por mais frustrante que seja, perder o save me ensinou algo: Mesmo repetindo algumas coisas, potencialmente sempre há algo único a espreita.

Não que o jogo não tenha seus momentos repetitivos e chatos, contudo quanto melhor me acostumo ao jogo, menos falta um Fast Travel convencional faz.

O dinamismo me faz me importar com o mundo de Dragon’s Dogma 2

Não, Dragon’s Dogma 2 não é a narrativa mais bem escrita do mundo. Tal qual o primeiro jogo, a narrativa é simples e as vezes bem direta ao ponto, mas sua força principal se encontra em seus conceitos.

O que o segundo jogo fez melhor que o primeiro, é que o dinamismo do mundo me faz me importar bem mais com ele.

Tirando o meu peão principal, não me importava com nenhum outro no primeiro jogo, já aqui no segundo, consigo ter alguns favoritos.

Os peões fazem parte integral da história emergente neste mundo, e passei a lembrar com carinho de alguns que compartilharam momentos únicos dentro do jogo.

Por exemplo, temos o Severino

Severino foi um Peão que encontrei ao acaso. decidi explorar a região de Battahl mais cedo do que devia no jogo, como não tinha passaporte para entrar naquela região, tive que rodear a fronteira para ninguém me impedir.

Rodear a fronteira é um caminho complicado. Me exigiu escalar, andar por áreas cheias de criaturas, enfrentar vários monstros grandes em seguida e quando finalmente encontrei uma estrada, já estava um tanto exausto.

Encontrei um peão no caminho e o recrutei, dispensando outro que me acompanhou durante a pequena jornada… e por burrice minha errei o item que entregaria e entreguei minha barraca, assim, ficando impossibilitado de acampar e dormir.

Minha burrada custou muito mais do que poderia calcular

Ok, precisava então achar uma cidade. Encontrei mais inimigos, explorei cavernas atrás de achar uma barraca sobrando, enfrentei inimigos totalmente novos que me debilitaram mais ainda e minha Peã principal constantemente reclamava de que não aguentaria lutar mais sem descansar.

Achei um elixir que me fez recuperar a vida máxima, e com isso aguentei um pouco mais, mas meus peões estavam debilitados demais, precisei trocar constantemente com peões que achava por ai.. Até que encontrei Severino, um combatente que conseguiu aguentar muito e apanhar pouco, um personagem grande, com barriga de chopp e um bigode de respeito. Severino foi excelente.

Andei mais um pouco e FINALMENTE ACHEI UMA CARROÇA! Corri para ela no desespero querendo parar em qualquer lugar… E tive meus sonhos destruídos com um grifo que pousou bem ali e explodiu a carroça e rugiu na minha cara.

Lutei com o grifo como podia, montei em cima dele para meter-lhe umas lançadas e ele começou a voar para um local totalmente novo comigo em cima…

Ok, o que estava ruim acabou de piorar significativamente. Após um tempo voando com o grifo e batendo nele, finalmente ele cansou e caiu no chão (num lugar muito na puta que pariu). Havia morrido no processo e gastado a única Pedra Vitalita que tinha comigo (item para ressucitar NPCs e seu personagem). o grifo decide me pegar e voar DE NOVO, mas dessa vez me jogando no chão… Contudo, ao invés de me esborrachar e morrer, Severino estava lá embaixo e me segurou. Grande herói.

conseguimos matar o grifo e eventualmente achei a capital da região, conseguindo finalmente recuperar estoque e voltar para a cidade.

Andei muito mais com Severino, mas infelizmente ele foi petrificado por uma Medusa em uma de minhas aventuras e o perdi. De tempos em tempos eu olho como Severino está a fim de recruta-lo novamente, mas hoje o nível dele está um tanto baixo… Resta torcer para que o jogador que possui Severino como Peão principal progrida bastante no jogo.

Enfim, Dragon’s Dogma 2 me proporcionou momentos que só um mundo aberto bem construído pode criar

Não existe coisa pior do que você jogar um jogo de mundo aberto e sentir que ele não precisava ser assim, sentir que ele só está inflando a experiência para durar mais. Felizmente, este não é o caso de Dragon’s Dogma 2

Ele é um dos mundos abertos mais bem construídos que já vi e as histórias que presenciei nele me fazem ficar encantado com o jogo, que mesmo com seus problemas, neste aspecto, é incrível.