Crítica – Final Fantasy XIV: Dawntrail

Por Pedro Ladino

Nota: 8.5

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

Endwalker encerrou um arco que Final Fantasy XIV vinha construindo (sem querer, segundo a própria staff) por 10 anos. Hydaelyn e Zodiark não existem mais, os, que possuem paradeiros, Ascians foram derrotados e o nosso aventureiro se encontra de férias. Os patches, em vez de servirem como uma construção para a nova jornada, como normalmente acontecia, decidiu ter uma história própria, sem dar muitos detalhes sobre a próxima expansão do MMORPG da Square Enix: Dawntrail.

Em Final Fantasy XIV: Dawntrail, o Warrior of Light decide se aventurar em um novo continente: Tural, no Novo Mundo. A missão aqui é simples: ajudar Wuk Lamat, personagem introduzido no último patch de Endwalker, a vencer a disputa pelo trono, atualmente ocupado por seu pai, e se tornar a nova Dawnservant de Tural. A disputa consiste em visitar e conhecer as culturas de diversas partes do continente, uma desculpa para a introdução dos novos mapas, coletando as keystones para encontrar a lendária Cidade de Ouro.

Expectativas e expectativas…

Por meses eu comentei em minhas redes sociais e grupos que eu sentia que as pessoas estavam indo para Dawntrail com expectativas erradas. Nós acabamos de sair de Endwalker, o final de um grande arco, era de se esperar que a nova expansão fosse uma espécie de recomeço e construção para os próximos 10 anos de vida do jogo, então estava mais do que claro que Dawntrail seria algo mais lento que as duas expansões anteriores e foi exatamente o que aconteceu. Até mesmo Naoki Yoshida, produtor e diretor de Final Fantasy XIV, mencionou diversas vezes que a expansão seria algo mais fresco, uma espécie de “episódio da praia” ao mesmo tempo que deu a entender que teríamos uma virada na história.

O ritmo inicial da expansão, como esperado, é lento. Eu como um fã de histórias com slow burn, normalmente não vejo nenhum problema com isso, além de eu achar necessário esse tempo para apresentar novas culturas, afinal, é um continente totalmente novo para os jogadores. Isso dito, tem uns momentos bem arrastados entre os levels 92 e 95, além da quarta zona parecer completamente deslocada do resto da história, trouxe uma vibe de “a gente vai fazer algo com isso depois”. Os paralelos com A Realm Reborn são bem nítidos e propositais, inclusive em diálogos do próprio jogo. Acho que dava para enxugar essas duas primeiras zonas.

É seguro dizer que o seu aproveitamento da história de Dawntrail é completamente conectado com o que você acha da Wuk Lamat. O Warrior of Light na nova expansão deixa de ser protagonista e se torna uma espécie de mentor para a candidata ao trono. Dawntrail traz um sentimento de começo de mangá shounen, Wuk Lamat é basicamente uma protagonista que você leria todo domingo no MangaPlus, animada, faladora, gritadora, ao mesmo tempo que ingênua e inocente, essa é a personagem e se você não comprar essa ideia, a expansão vai completamente perder força. Dito isso, boa personagem. 

Com exceção do antagonista principal, eu gostei muito desse novo elenco e estou curioso para o que irão fazer com eles. Admito que fiquei um pouco decepcionado pelo quão poucos Krile e Erenville foram explorados, em especial a Lalafell, após tanto tempo deixada de lado, queria que algo mais fosse feito em relação a ela na MSQ. O restante dos Scions até estão presentes aqui, mas sinceramente, tirando dois ou três, eles não necessariamente precisavam aparecer.

As cenas finais e suas implicações me deixaram bastante curioso para onde eles irão seguir nos próximos meses, é quase que certo que Meracydia deva ser o local do 8.0, mas o caminho até lá é no mínimo intrigante.

Em termos de zonas e temáticas, Dawntrail é inspirado na América. Então temos zonas e culturas que remetem aos Maias, costumes latino-americanos e até uma zona texana, lembrando filmes de velho-oeste. São várias culturas juntas que compoem bem o enredo de Wuk Lamat e sua missão para se tornar Dawnservant. Temos outras zonas mais… INTRIGANTES, como dizer assim, na segunda metade da história, mas sem spoilers.

A MSQ de Dawntrail talvez seja a mais curta em termos de duração, normalmente as expansões duram em torno de 25~30h, dependendo do seu ritmo, aqui eu finalizei por volta de 20h mais ou menos. É um ponto que eu acho bem positivo, considerando que a expansão serve como um começo de um novo arco.

Em termos de equipe criativa, tivemos algumas mudanças em comparação as duas expansões anteriores. Natsuko Ishikawa, responsável por Shadowbringers e Endwalker, está em um novo cargo: Senior Story Design, assim como Banri Oda, responsável pela escrita de mundo. Quem assume os roteiros são Tomohiro Kawasaki e Megumi Onozuka, auxiliados por Daichi Hiroi, que está como Lead Story Designer

Isso é algo no mínimo interessante, pois tudo dava a entender que Hiroi assumiria o roteiro principal de Endwalker, tanto que Yoshi-P até o apresentou e mostrou tudo que ele escreveu no jogo, mas nada aqui se parece com o trabalho dele. Kawasaki e Onozuka estão no time desde Heavensward pelo menos, mas ainda não foi divulgado no que eles participaram, dito isso, o fato de ter dois roteiristas explica demais o contraste entre os 6 primeiros levels e os 4 últimos.

Um passo importante no “jogo”

O grande foco de Dawntrail está no aspecto jogo: gráficos atualizados, novas mecânicas, dungeons e lutas mais elaboradas, incluindo as do modo história, qualidades de vida aqui e ali, e eles entregaram. 

Estamos no level 100, é mais do que justo que os jogadores até esse ponto saibam jogar com seus Jobs ao ponto do time de desenvolvimento poder elevar o nível das lutas da história, mas sem chegar perto de conteúdos endgame. Foi um grande acerto, as lutas de dungeon estão mais “complicadas”, pode se dizer assim, os três trials disponíveis possuem mecânicas novas que não aparecem apenas reutilização de lutas anteriores. Até mesmo as dungeons experts tiveram um aumento na dificuldade dessa vez, apesar de que uma delas eu diria que é mais irritante do que necessariamente difícil. Enquanto a MSQ teve seus problemas, eu não tenho nada a reclamar do conteúdo jogável da Dawntrail.

Claro que ainda é muito cedo para falar sobre o tratamento nas Raids e Alliance Raids, pois elas ainda não estão disponíveis, mas está claro que um norte está sendo traçado e parece ser muito promissor.

Mas sem dúvida alguma, o grande chamariz da expansão é o Update Gráfico no visual do jogo. O jogo está lindo, claramente, é bizarro como só uma luz já faz toda diferença e os cenários e modelos estão bem mais detalhados, além de animações mais fluídas e expressivas. Não é nada que vai chocar o mundo, afinal o jogo precisa rodar em diversos tipos de PC e no PS4. Até cheguei a testar o jogo também no Steam Deck e está lindo e rodando muito bem lá.

A outra grande adição é a inclusão de duas novas classes: Viper e Pictomancer

Viper é um DPS melee, que apesar de parecer complexo no começo, ele acaba sendo bem amigável para que nunca jogou com nenhuma job parecida. Ele parece ser perfeito para testar o novo sistema de combos, bem inspirado no combate PVP do jogo.

Já Pictomancer, a job de DPS Mágico, admito que estou tendo minhas dificuldades com ela e tenho que me dedicar mais a aprender ela, seu kit parecer ser muito complexo com vários motifs de desenhos. Belas animações, de ambas as jobs novas, devo dizer.

Não dá para falar de Final Fantasy XIV sem mencionar a sua trilha-sonora e meus senhores, Soken e seus capangas conseguiram de novo. Eu adoro como esse time consegue experimentar em diversos gêneros, sem perder a essência do jogo, vamos de jazz até música eletrônica, por exemplo. Há um novo membro na equipe, Shoya Sunakawa, que pelo que vi participou brevemente de Final Fantasy VII Rebirth e Forspoken, mas não estou muito familiarizado com o trabalho dele, então quando o CD sair adoraria saber quais são as músicas em que ele trabalhou. Os le motifs da expansão são lindos e batem forte demais. 

Acho que minha única reclamação é com o tema de encerramento/insert Smile e não é nem pela música em si, e sim como ela foi utilizada no jogo, existe um momento em que ela começa a tocar que claramente não bate com a imagem mostrada.

Review de Final Fantasy XIV é algo bem difícil de se fazer, pois cada jogador procura algo diferente no jogo. Tem aqueles que ligam mais para a história, eu incluso, outros que estão lá puramente pelo raid e sensação de competição. Eu decidi que em Dawntrail eu vou tentar raidar os savages pela primeira vez, pode ser algo frustrante, mas ao menos quero tentar.

Apesar de alguns tropeços, Dawntrail é um bom recomeço para Final Fantasy XIV e me deixou bem curioso para os próximos 10 anos do jogo.

Nome do jogo:

Final Fantasy XIV: Dawntrail

Publisher:

Square Enix

Desenvolvedora:

Creative Studio III

Plataformas Disponíveis:

Playstation 5