Crítica: Ace Attorney Investigations Collection – boa coletânea para ótimos jogos

Tenho uma relação curiosa com a franquia Ace Attorney. Foram jogos muito queridos na minha adolescência e joguei todos os disponíveis no Nintendo DS, mas depois de adulto, nunca cheguei a revisitar nenhum jogo e me peguei bastante afastado da série. Tirando o The Great Ace Attorney que joguei na coletânea em 2021, é uma franquia que não tocava a mais de dez anos.

Isso tudo para falar que não lembrava quase nada da franquia e que nunca tive contato com o segundo jogo da série Ace Attorney Investigations, o Prosecutor’s Gambit, que não havia sido lançado oficialmente no ocidente. Sempre ouvi que esse segundo jogo era um dos melhores da franquia inteira, e com essa coletânea trazendo finalmente o jogo de forma oficial, acabei indo conhecer o jogo novo ao mesmo tempo que revisitava um “velho amigo”. E de fato essa galera tem razão, o segundo jogo é excelente e é um grande salto de qualidade.

Mas do que se trata Ace Attorney Investigations?

Quero começar essa crítica já tirando essa parte da frente: Miles Edgeworth, o primeiro jogo, é muito divertido mesmo em alguns momentos sofrendo no ritmo do jogo. A forma com que ele conta a história e o carisma dos personagens é algo que vale muito a pena. Se você gosta da franquia Ace Attorney original com certeza vai gostar de Investigations. O jogo toma rumos diferentes por ter um protagonista promotor ao invés de advogado, sendo focado de fato na parte investigativa e mais semelhante a jogos point’n clicks.

Aqui não temos um jogo com as famosas disputas no tribunal de forma oficial, mas o cerne da ideia está aplicada aqui. Miles Edgeworth vai investigar casos de assassinato, apontar culpados e tudo isso na base da argumentação. Com isso, mesmo não havendo uma sessão inteira de discussões dentro do tribunal, cada capítulo vai ter muito diálogo onde você utilizará mecânicas clássicas para contra argumentar, botar a pessoa contra a parede e apresentar evidencias.

Como sempre, é muito divertido meter porrada argumentativa e ver as reações cartunescas dos personagens durante a narrativa, ambos os jogos tem um humor ótimo que funciona bem, e equilibrados com momentos legitimamente tocantes que fazem você amar os personagens.

Não é uma boa porta de entrada, mas se quiser pode

Talvez você nunca tenha tido contato com Ace Attorney e por algum motivo esteja se perguntando se esse aqui seria uma boa coletânea para começar. Seja porque ele na sua superfície se assemelhe muito mais a um adventure que até lembra alguns da LucasArts do que uma Visual Novel, ou porque você quer algo recente.

Eu honestamente não consigo recomendar essa coletânea para ser sua primeira experiência com a franquia. Ambos os jogos, mas principalmente o segundo que tem um peso maior se você não está vendo aqueles personagens pela primeira vez e já conhece bem. Mesmo mais de 10 anos afastado da história original, eu já tendo uma noção de quem eram os personagens recorrentes, dinâmicas ali e entendendo bem quem era Miles Edgeworth senti que tirei mais proveito do que tiraria se conhecesse aquele mundo pela primeira vez.

Dito tudo isso, é uma duologia perfeitamente funcional por si só, então se esse jogo por algum motivo caiu no seu colo e você não tem acesso aos outros, vá em frente. Só tenha em mente de que são experiências semelhantes o suficiente para não ter muita justificativa para “pular” a trilogia original.

Um pacote bem feito, mas não perfeito

Analisando para além dos dois jogos em si, temos um pacote com um conteúdo bônus legal até. Gosto de uma galeria de arte com diversas cenas do jogo, background, animações dos bonecos redesenhados e de suas versões em sprite. Os desenhos novos em HD para os bonecos são agradáveis. Meu único problema é que, o jogo da opção de jogar com as sprites originais em HD ou com o desenho novo… E as sprites em tela grande ficam muito esquisitas no cenário.

Coloquei ambas as imagens para efeito comparativo. As sprites são charmosas, mas dentro desse cenário e na proporção que estão, causam uma estranheza que não existia para mim na telinha do DS.

Caso você esteja nesse jogo totalmente só pela narrativa e não se importe com mecânicas e nem queira pensar muito, existe o Story Mode, um modo que resolve todos os puzzles do jogo de forma automática. 

No mais, é uma ótima coletânea

Não tem muito erro, temos um jogo muito bom e um excelente num pacote único. Miles Edgeworth é um personagem muito divertido de se acompanhar e ele funciona bem como protagonista nesses jogos. É um pacote redondinho com quase tudo perfeito.