Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Parte do primeiro contato com musou, é o seu impacto. A quantidade de inimigos na tela, a quantidade de mortes com um único golpe, e ataques super performáticos. Tudo no gênero é grandioso, e aumentar isso com mecânicas de combate absorvidas por novos jogos é algo que não teria como dar errado. A prova disso está em Dynasty Warrior: Origins que apresenta como isso pode funcionar e também o perigo de não saber onde parar nas inspirações.
O combate de Dynasty Warriors: Origins encaixa de todas as maneiras possíveis. O parry, a quantidade de inimigos que consegue ser ainda maior do que os últimos jogos do género, todas as grandes lutas são visualmente e mecanicamente impactantes. É evidente que o foco era realmente criar essa sensação de estar em um campo de batalha dinâmico e os desenvolvedores conseguiram concluir isso com sucesso.
Nesses momentos, Origins brilha. O jogo é difícil da maneira correta, exige estratégia do jogador e consegue criar diferentes pequenos objetivos que variam bastante a jogabilidade e ainda criam pequenas tensões temporárias.
Todos esses momentos criados em diversas missões do jogo se tornam ainda mais impactantes com toda a mecânica de combate e o feeling impecável em cada questão envolvendo a arte de jogar Dynasty Warriors: Origins.
Comparando com todos os musou da Omega Force, sua desenvolvedora, Origins melhora tudo o que envolve combate. O parry funciona como esperado, os controles de desvio e cada golpe, aos poucos liberados ao percorrer da campanha, são gostosos de serem executados e variam bastante em cada arma. Algo que me surpreendeu é que conseguiram melhorar as lutas 1×1, algo que sempre foi problemático no gênero.
Todas as mecânicas de Dynasty Warriors: Origins parecem se basear nos novos jogos de ação em terceira pessoa, e tudo o que ele absorve dessas bases funciona perfeitamente para o gênero. É um ótimo encaixe que só agrega a um gênero já tão originalmente divertido.
O problema é quando não sabem onde parar.
Tudo o que envolve a execução das lutas em Dynasty Warriors: Origins funciona perfeitamente, entretanto, quando ele tenta demais ser padrão, se perde em um meio termo que ancora o jogo em problemas que poderiam não acontecer.
O principal impacto é justamente onde o jogo funciona tão bem: o combate. Ao mesmo tempo que tudo funciona bem nas lutas, a falta de variedade de possíveis estratégias tiram muito do conteúdo que ele poderia ter. Principalmente com a falta de poder escolher diferentes personagens e não poder também direcionar outros personagens na batalha para adiantar alguns progressos.
Em diversos momentos, o jogo parecia se segurar para não deixar muitas grandes batalhas acontecendo ao mesmo tempo já que o jogador não podia se deslocar rapidamente com apenas troca de personagem, ao mesmo tempo, tentar diferentes táticas acabam sendo punitivas para o jogador, já que se estiver longe de uma grande luta, é preciso se deslocar por grandes partes do mapa, algo que já havia sido resolvido em outros jogos do estúdio.
É como se estivessem tão focados nesse “protagonismo” agregado aos jogos tradicionais de terceira pessoa, que acabara largado de mão a ideia de estar em uma guerra e ter que se desdobrar para conseguir conquistar e derrotar o máximo de inimigos possíveis, tudo se direcionando a um único personagem
Inclusive, esse direcionamento vai além da batalha. Mesmo que visualmente agradável, ter que se deslocar por um mapa no estilo de jogos antigos de RPG, apenas para ir em outras missões é muito mais burocrático do que precisava ser. Em diversos momentos o jogo poderia resumir suas ações que não em combate, com apenas direcionamento de menus, mas trocou tudo isso na tentativa de criar algo mais “imersivo”.
Essa tentativa de imersão até se esbarra com a narrativa, em uma história bem fraca envolvendo a grande história dos Três Reinos, encontramos algo que claramente tenta ser uma introdução para novos jogadores, mas acaba parecendo mais uma piscadela para novos jogadores em uma fraca e sem graça introdução para os novatos. Tudo isso se misturando à clássica história do protagonista poderoso e sem memória.
Parece até que os defeitos do novo musou são de propósito, pelo quão evidente que eles são, tudo para não criar um jogo tão perfeito. Bastava ser mais direto com o jogador e lançar ele mais rápido ao combate, era só manter as mecânicas básicas de outros musou do estúdio para manter as possibilidades estratégicas e estaríamos falando de um dos jogos mais impressionantes dos últimos tempos. Entretanto, por sorte, o que Dynasty Warriors: Origins faz, mesmo não sendo perfeito, é tão divertido, impactante e cheio de qualidade, que continua sendo excelente.
Dynasty Warriors: Origins
Koei Tecmo
Omega Force
PC, Playstation 5, Xbox Series S|X