Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Apesar de JRPG ser meu gênero de jogos favoritos, existem algumas lacunas em minha “carteirinha gamer”. Entre esses jogos, têm títulos de grandes e pequenos destaques, e um deles são os dois jogos da série Lunar.
Diferentemente de alguns outros jogos que ainda não joguei , Lunar é uma franquia que eu simplesmente não sei nada, tirando o nome, a capa e que são jogos de combate em turnos. Em termos de história, música e outras coisas, eu possuo zero conhecimento, o que deixou essa minha aventura pelo mundo de Lunar ainda mais especial.
LUNAR Remastered Collection é uma coletânea que reúne os dois jogos da série, que são baseados em seus remakes, lançados em 1996 e 1998 para Sega Saturn, sendo posteriormente portados para PlayStation e que chegam agora para consoles modernos e PC.
Lunar: Silver Star Story Complete segue a história de Alex Noa, um jovem que sonha em se tornar um Dragonmaster, seguindo os passos de seu ídolo, Dragonmaster Dyne. A jornada de Alex começa após Ramus, filho do prefeito da sua cidade, querer visitar a Caverna do Dragão Branco a fim de procurar um diamante. Ele então se junta a sua irmã adotiva, Luna, e Nall, seu gato voador falante, e parte para a caverna. Lá eles encontram Quark, o Dragão Branco, e Alex acaba por completar a Provação do Dragão Branco, dando os primeiros passos para se tornar um Dragonmaster. Ramus descobre que para vender o diamante, ele precisa visitar uma outra cidade, e chama Alex e Luna para o acompanhar.
Lunar 2: Eternal Blue Complete se passa mil anos após o primeiro jogo e aqui nós temos Hiro, um jovem arqueólogo que quer se aventurar pelo mundo e descobrir seus mistérios. Em uma de suas aventuras, Hiro acaba por encontrar Lucia, uma misteriosa garota que precisa se encontrar com a deusa Althena. Hiro vê isso como uma oportunidade de explorar o mundo e decide ajudá-la.
O enredo de ambos os jogos foi algo que me surpreendeu bastante. Como mencionei, eu não fazia ideia do que se tratava Lunar, então tudo aqui me pegou desprevenido. Assim que pisei no mundo e ouvi Fun Travelling eu sabia que algo estava me esperando.
A história do primeiro Lunar é simples por 90% do tempo, e talvez essa simplicidade tenha sido a escolha acertada, o ritmo do jogo não se alonga e você facilmente se encontra fascinado por aquele mundo e seus habitantes. Falar com NPCs é algo que eu faço em qualquer jogo, e eles reagem o tempo todo aos acontecimentos da cidade em questão.
O elenco que lhe acompanha é bem divertido, ainda que um pouco unidimensional, cada um tem suas personalidades distintas e objetivos próprios e isso adiciona um charme para o jogo. Curiosamente, o personagem que mais deixa a desejar é o próprio protagonista, Alex.
Alex tem o seu objetivo de se tornar o Dragonmaster, mas a real é que ele é apenas um gatilho para a história andar, ele quase não fala, praticamente todos os seus balões são “…” com uma cara de surpresa. Tirando a reta final do jogo, deve ter tido somente uns três momentos onde Alex de fato foi um personagem. Outros personagens como Luna, Kyle e Jessica possuem muito mais destaque que o nosso protagonista, mas o que mais me deixa surpreso é que a não presença dele não apenas não incomoda como não machuca o enredo.
O jogo basicamente consiste em você vagar pelo mundo, aprendendo sobre ele, explorando novas zonas e visitando cidades e no decorrer do caminho explorando a relação entre Alex e Luna, além de seus companheiros de party. Você raramente irá se perder aqui, os jogos seguem um caminho bem linear. O jogo não é nada sutil sobre o seu tema principal, o amor, e consegue conduzir isso de uma ótima maneira.
Lunar 2 é mais grandioso, épico e ambicioso que o seu antecessor. De sua cutscene inicial até o final do epílogo, Eternal Blue expande ainda mais a mitologia do seu universo. Aquilo que falei sobre o Alex? O jogo faz o completo oposto. Hiro é muito mais ativo na história, para falar a verdade, todo o elenco de personagens que te acompanham apresentam uma melhora significativa em relação ao primeiro jogo e foi algo que me deixou impactado.
Lunar 2 também é sobre amor, mas sobre amor ao planeta e talvez esse seja o motivo pelo qual até mesmo os NPCs tiveram uma melhora considerável aqui. O jogo quer que você sinta que aquele mundo é vivo e verdadeiro.
Ainda que exista esse enorme buraco temporal entre os dois jogos, eles complementam um ao outro, então é fortemente recomendado que você jogue ambos. Eu terminei o primeiro jogo com umas 18 horas e o segundo com umas 20, mas esse último possui um epílogo para o final verdadeiro que vai levar umas boas horas a mais.
Algo que me deixou muito feliz foi a quantidade de cenas animadas que esses jogos possuem e de ótima qualidade. OK, talvez não os CGIs, mas fora isso, tudo aqui é muito bem animado, sejam as cenas curtas ou longas. Não à toa Toshiyuki Kubooka, designer de personagens e principal diretor de animação do jogo, é um dos nomes de maior destaque quando você procura algo sobre Lunar, mais até do que o diretor e escritor dos jogos. Kubooka ainda está ativo na indústria de animes, recentemente dirigindo Shangri-La Frontier.
O elenco de voz japonês de ambos os jogos é sensacional, facilmente um dos grandes acertos dessa série. Inclusive, fui surpreendido pelo ator de voz do Alex ser o Akira Ishida, que estava tão jovem na época que nem parecia ser ele.
Agora o que me deixou mais impactado no geral é o quão excelente é a trilha-sonora desses jogos. Nunca tinha ouvido o trabalho de Noriyuki Iwadare antes, mas depois disso eu preciso urgentemente jogar mais jogos com a trilha dele. Eu me peguei cantarolando várias das músicas por DIAS. O uso de letmotiff, especialmente no segundo jogo, me deixa emocionado. A parte triste é que as versões encontradas pela internet estão com qualidade inferior às dessas novas versões.
Olha, eu sinceramente não tenho muito o que falar sobre a jogabilidade de Lunar. Ele funciona como qualquer combate em turnos que você já viu e é bem simples. Ele é simples ao ponto de você conseguir derrotar tudo que não é chefe só ligando o auto-battle, especialmente no primeiro jogo. Silver Star é muito fácil, de verdade, e eu nem precisei grindar, apenas lutei uma vez como cada inimigo do mapa e foi isso.
Basicamente, você só tem que escolher os ataques de todos os seus personagens e esperar o turno se desenrolar, realmente não foge do padrão.
Já Eternal Blue, ele é um pouco mais exigente que o primeiro jogo. Além das magias, ataques normais e acessórios já presentes do jogo anterior, aqui temos um sistema de Crests, que dão bônus passivos aos personagens. Podemos fazer combinações entre eles e isso faz com que o personagem ganhe um outro bônus a mais. Alguns desses bônus podem vir com efeitos negativos em prol de um bem maior e isso vale para anéis também. Alguns crests podem ser obtidos abrindo baús ao longo do jogo, outros são vendidos em lojas.
A reta final do jogo tem um pico de dificuldade bem drástico e perdi umas boas horas grindando antes do chefe final.
Vamos falar da Remastered Collection em si. Eu vi algumas pessoas reclamando ao comparar com os gráficos originais e enquanto eu meio que concordo em alguns aspectos, sinceramente não me incomodei em momento algum com eles. Eles funcionam muito bem, os sprites são bonitinhos e na tela do Steam Deck é apenas perfeito.
Essas novas versões vem com duas qualidades de vida essenciais, que são o auto-battle, já citado anteriormente, que a inteligência artificial vai fazer seus personagens agirem sozinhos e você pode fazer uma breve configuração em como seus personagens vão agir, o que é ótimo para que itens importantes e caros não sejam utilizados sem querer (aconteceu), e o battle speed, que permite você acelerar as batalhas.
Acho que uma qualidade de vida que seria ótima ter é uma opção de Retry após perder uma batalha. Não é muito legal ter que ficar esperando 7 minutos para lutar contra um chefe, pois não há como passar os diálogos com voz rapidamente. O jogo te joga direto para a tela inicial e você tem que dar Continue e reassistir tudo assim como os nossos antepassados.
Além dos gráficos remasterizados, é possível escolher a opção Clássica, que traz os visuais, cutscenes e efeitos originais. Até uma tela 4:3 com filtros CRT estão disponíveis.
Jogar Lunar pela primeira vez foi algo bem especial, estou feliz que enfim vivi essas aventuras e conhecido o mundo de um dos jogos mais amados pelos fãs de JPRG. Serão jogos que guardarei com carinho e continuarei cantarolando algum de suas músicas por mais algum tempo.
LUNAR Remastered Collection
GungHo Online Entertainment America
ASHIBI Co. e GAME ARTS
PC, Playstation 4, Xbox One, Nintendo Switch