Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Scott Pilgrim vs the World é uma série de quadrinhos que teve uma adaptação tanto para o videogame quanto para filmes em 2010. Adaptações que se tornaram um sucesso por ser uma adaptação que abraçava muito a essência de sua obra original.
Em 2010, um jogo com pixel art charmosa e uma trilha sonora em chiptune soava mais um agradável refresco do que algo batido. Era um tempo onde jogos menores e mais baratos estavam crescendo muito, indies estavam entrando em sua era dourada. Assim, o jogo de Scott Pilgrim se tornou algo muito querido pelas pessoas, fãs da obra original ou não. Contudo, questões autorais retiraram o jogo das lojas digitais, e sem uma versão de computador e nem um lançamento físico, passou anos sendo um jogo desaparecido.
Agora em 2021, a Ubisoft conseguiu trazer de volta este clássico perdido, o que é ótimo. Por outro lado, hoje beat’n ups precisam de mais para terem destaque e pixel art com trilha chiptune não é mais uma novidade. Será que Scott Pilgrim ainda funciona hoje? Ou é uma pérola que ficou perdida em 2010?
Bem. É um jogo do gênero beat’n up que se inspira muito em jogos como River City Ramsom. Em outras palavras, o jogo além de consistir em passar por fases batendo nos inimigos, possui um sistema de level up, lojinhas e dinheiro. Estes elementos a mais dão um charme e faz o jogo soar mais palatável do que um beat’n up mais genérico, porém, isso acaba também sendo sua fraqueza.
O jogo demora um pouco pra engatar, pois ele exige que seu personagem frequente as diversas lojas para comprar upgrades e fique mais forte durante o jogo. Isso é bom na teoria, mas na prática o jogo torna um pouco mais demorado do que deveria. Os inimigos tem muita vida nas primeiras fases que já são um tanto longas. Você começa com poucos recursos e com pouca noção. O que pode te fazer não entender o quão essencial são as lojas e passar as primeiras fases meio fraco. O fato do jogo não ter checkpoint entre as fases (que já são longas) aumenta a frustração caso você morra ao fim dela.
Itens nas lojas fazem efeitos imediatos, seja dar vida ou aumentar algum status, porém o jogo NÃO explica o que cada item faz antes de compra-lo. É muito fácil assumir que um item não vai dar upgrade e querer economizar dinheiro, fazendo com que você chegue na fase seguinte um tanto fraco. Também é problemático a falta de alguns golpes essenciais que só desbloqueiam quando você sobe de nível (como agarrar).
O jogo não era mecanicamente perfeito em 2010, haviam alguns bugs que impediam de progredir no jogo que ainda estão aqui (mesmo que raros), não foi feito um modo online melhor, fazendo com que minha experiência no modo fosse injogavel.
Eu honestamente desejava um jogo que melhorasse essas pequenas questões para ter um experiência mais positiva com o jogo.
Do jeito que falei parece que desgostei de Scott Pilgrim, mas mesmo com estes problemas, ele ainda é um jogo bom. A identidade visual e sonora, mesmo não sendo mais novidade, ainda tem bastante charme. Mesmo com um combate mais simples e pequenas burocracias que quebram o ritmo, ele ainda é um beat’n up gostoso de se jogar. Tanto que, assim que terminei o jogo quis rejoga-lo com meu personagem devidamente forte pra experimentar tudo num ritmo melhor. Os finais de cada personagem também são bem legais, o que é um incentivo para jogar de novo.
Scott Pilgrim é uma historia que acabou com um pouco mais de dez anos, e o jogo, com mais ou menos a mesma idade foi um certo fenômeno na época. Revisitar Scott Pilgrim me fez lembrar de como eu enxergava o jogo a dez anos atrás e como ele tinha sido um grande refresco pra mim. Mesmo hoje em dia tendo jogos no mesmo estilo melhores (como Streets of Rage 4), o retorno de Scott Pilgrim vs the World: The Game é algo muito importante, principalmente por representar um momento da história dos videogames.
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