Impressões: Guilty Gear -Strive- Open Beta

Por Gabba Fernandes

Texto por Gabba Fernandes e Guinyus.

Movida a heavy metal e sempre prezando pela execução, a série Guilty Gear, desenvolvida internamente pela Arc System Works sempre foi considerada um hit cult que pela beta, parece que continuará em Guilty Gear Strive.

Seja no desenvolvimento japonês de jogos de luta, seja no cenário competitivo dos mesmos, é fácil notar sua influencia. No primeiro caso, basta ver todos os trabalhos por contrato que sua desenvolvedora angariou após conseguir transportar a arte atual de animes para um jogo, rendendo frutos como Dragon Ball FighterZ e Granblue Fantasy Versus. No segundo, é comum encontrar jogadores de GG no pódio de diversos outros jogos nos célebres torneios da EVO.

Mesmo assim, a série Guilty Gear nunca engrenou, com o perdão do trocadilho, da forma como merecia. Sua base de fãs se manteve ativa mas, enquanto a ArcSys projetava outros jogos, lentamente o interesse em -Xrd- a versão lançada mais recentemente, foi declinando. Ainda em tempo, com muitas críticas a sua interface de usuário, chega -Strive- com lançamento para Abril de 2021.

Como tudo produzido nos tempos recentes, a nova versão de GG passou por problemas de desenvolvimentos marcados pelos modelos de trabalho dos novos tempos. Sua interface de usuário, uma as primeiras coisas a serem mostradas, era muito mais simplista e uniforme que as anteriores, carregadas no Heavy Metal, e que se tornaram marcas da série.

Os lobbies, corretamente comparados a Habbo Hotel, também tiveram sua aparência criticada. O sistema de jogo também não saiu impune do tribunal da internet, ainda mais após as falas dos desenvolvedores, que buscavam abraçar uma comunidade ainda não familiarizada. A única coisa que saiu impune foram os gráficos, notavelmente um passo acima do já considerado exemplar padrão da série, com efeitos de luz e partículas de cair o queixo.

Eis então que cerca de 1 mês antes do lançamento do jogo, um beta com as funções online e modo treino do jogo é disponibilizado de maneira serializada: primeiro a mídia, dias depois os influenciadores e streamers, em seguida quem fez a pré-compra do jogo, e por último quem estivesse a fim de entrar na brincadeira.

Claro que nos dias de pico houveram instabilidades, afinal para isso que serve o Beta, mas tirando alguns pontos muito específicos (o sistema de lobby é um claro retrocesso, e falaremos sobre ele), não seria nem um pouco arriscado dizer que este é o Guilty Gear que pode quebrar o estigma da série de clássico de nicho.

new character nargoriyuki guilty gear strive

Agora falando um pouco sobre, uma das, e a mais principal, formas de se jogar online, o lobby, colocando em simples palavras, é um caos. Devo admitir que o conceito de uma torre na qual cada andar você enfrenta adversários mais e mais poderosos é super interessante, porém a mecânica de controlar um Avatar 2D customizável, como se fosse um jogo de plataforma acaba matando boa parte da experiência. Para achar uma partida nesse lobby, você tem que apertar “quadrado” no Playstation para entrar em uma stance de batalha, assim qualquer um que interagir com seu personagem pode lutar contra você.

O problema é que muitas vezes não funciona: toda hora que você quer batalhar seu boneco é teletransportado pra um lado diferente do mapa. Acaba sendo um inferno quando você vai lutar contra um amigo, já muitos erros de conexão acabam acontecendo. Uma boa alternativa é procurar partidas enquanto está na sala de treinamento, assim o jogo automaticamente te coloca em stance em algum lugar da torre e faz o matchmaking pra você.

As partidas continuam extremamente ágeis e de tirar o folego. Não foram poucas as vezes que com um misto de sangue frio e leitura dos padrões do inimigo, partidas foram viradas. Ganhei assim, perdi assim. Quase todos os personagens parecem bem balanceados, de forma que alguns ajustes, propostos pela comunidade, devem entrar no produto final e solucionar esse problema (Potemkin, estou de olho em você). Ah, falando em problema, ele resolve o maior problema dos jogos de luta: netcode.

Enquanto eSports cresceram em 2020, os jogos de luta, completamente arquitetados para se jogar ao vivo, perderam e muito, o seu espaço. Atualmente nenhum jogo com uma base grande o suficiente tem o online satisfatório. Lag é um problema generalizado, diferente de Guilty Gear Strive, pelo menos em sua beta. Suas partidas se valem de uma técnica de desenvolvimento chamada Rollback, que, com a implementação correta (para não entrar no detalhe técnico) permite uma sensação de lag muito reduzida comparada ao atual.

O resultado disso? Joguei com pessoas na América do Norte, Europa e Japão como se estivessem na mesma cidade que eu. Tente por si mesmo, jogue qualquer jogo de luta online, tenha um infarto, e se você não desistir de viver no caminho, recupere sua humanidade com uma partida de GGST. Parece um milagre.

may vs ky kiske guilty gear strive

Temos também a introdução de Giovanna, uma personagem brasileira, pela primeira vez na série e disponível na beta de Guilty Gear Strive. Ela tem uma seleção de golpes especiais diminuta em comparação com o comum, mas em partidas isso não parece refletir em um personagem mais fraco. Até porque não há como um boneco acompanhado de um lobo guará anabolizado, com um golpe referenciando Sepultura, ser ruim.

Algumas mecânicas mudaram levemente sua forma de ativação, como os Burst que possuem dois níveis, para facilitar e dar mais opções entre ataque e defesa. Outra mecânica de outros Guilty Gears também que está presente com algumas mudanças no Strive, é o Roman Cancel, mais conhecido como “RC”, existindo 3 tipos diferentes nesse jogo, para ativar um RC basta apertar 3 botões de ataque ao mesmo tempo, ou usar um macro pra isso. RC faz com que seu personagem cancele o golpe executado e coloca um efeito de slow down no inimigo, sendo uma ótima mecânica para entender combos. Basta saber como a comunidade usará sua criatividade em cima, mas durante o beta foi possível encontrar jogadores se expressando das mais diversas maneiras com um mesmo personagem, dando a cada partida um potencial selo de “cérebro expandido”.

guilty gear strive sol vs axl

Em sua soma, resta agora saber se o conteúdo single player será o suficiente para dar a quem não está muito interessado em escalar a torre dos rankings o que fazer, e claro, se a comunidade acabará abraçando o jogo no longo prazo. Até agora, tudo garante que essas promessas serão cumpridas.

Guilty Gear Strive será lançado em 9 de abril para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC (via Steam.)

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