Desenvolvido pelo estúdio brasileiro BitCake Studio, Atomic Picnic é um piquenique que traz como aperitivos diversas inspirações: roguelikes, jogos de tiro em terceira pessoa, jogos cooperativos e bullet hell.
O jogo está sendo lançado em acesso antecipado e tivemos a oportunidade de jogar antes do lançamento da versão atual. Lembrando que um jogo em acesso antecipado não é sua versão final e normalmente passa por processos de melhoria, inclusive com a colaboração dos próprios jogadores.
Confira agora como foi nossa experiência nesse “piquenique atômico”.
O jogo se inicia com um breve tutorial explicando suas mecânicas mais básicas: correr, atirar, saltar, realizar um impulso, etc. Além disso, é explicado como o jogo funciona e seus objetivos.
Após isso, você chega ao acampamento que vai ser o seu lobby principal. Nele é possível ver seu personagem, armas, equipamentos e acessórios. Além disso, há um painel onde você pode acompanhar as recompensas que recebeu e os requisitos para conseguir as próximas.
Essas recompensas incluem novos mapas, personagens, armas, acessórios, pedriscos (o dinheiro do jogo) e mais alguns itens. Eles podem ser liberados eliminando um certo número de inimigos, realizando alguns objetivos como utilizar armas específicas, etc.
Após escolher o seu setup básico, você pode começar um piquenique sozinho ou com até quatro pessoas. Após escolher o mapa, os personagens iniciam a partida em um ponto aleatório da fase.
A estrutura do jogo é bastante parecida com Vampire Survivors. Você precisa derrotar uma série de inimigos, que deixam cair cristais de XP. Após recolher uma certa quantidade, você sobe de nível e pode escolher uma melhoria.
Essas melhorias são diversas e podem incluir tiros extras, balas que ricocheteiam, se curar ao eliminar inimigos, melhorias para o salto, causar dano por segundo em área, etc. Assim como em Vampire Survivors, o jogo vai se tornando mais difícil com o tempo, conforme vão surgindo mais inimigos e alguns chefes em determinados momentos.
Além disso, vão surgindo objetivos que você precisa cumprir para avançar na fase. Esses objetivos vão desde chegar até determinado nível, ficar um tempo pré-determinado em uma área, destruir estruturas no mapa e até eliminar os chefes que aparecem.
Tudo isso numa perspectiva em terceira pessoa, o que o difere da maioria dos jogos do gênero que se popularizou com o lançamento de Vampire Survivors.
Apesar de estar sendo lançado em acesso antecipado, o jogo já está bastante polido. Joguei várias partidas sozinho e também com nosso redator Jean, que me ajudou a testar o jogo.
O jogo também é bastante divertido e, o que me surpreendeu um pouco, desafiador. Nas primeiras partidas nós fomos simplesmente humilhados pelos inimigos. Após algum tempo jogando, fomos entendendo como ele funciona e fomos melhorando.
Existe uma grande variedade de inimigos, de diversos tamanhos e tipos de ataque. Alguns atacam de perto, outros de longe, alguns são mais rápidos, outros mais lentos, e por aí vai. E por mais que você provavelmente vai ficar o tempo inteiro com o dedo no gatilho, faz diferença saber se posicionar de acordo com cada inimigo.
Também faz diferença as melhorias que escolhemos. A cada nível que subimos podemos escolher uma entre três, sendo que elas são sempre aleatórias. E aí precisamos estar sempre prontos para improvisar com o que o jogo nos dá.
Assim como Vampire Survivors, o jogo foi pensado com builds em mente. Algumas melhorias claramente funcionam melhor com alguns tipos de armas. Por exemplo, a melhoria de chance de crítico para mim funciona melhor com armas de alta cadência, como o rifle de assalto.
Para jogadores que optarem por armas de alcance mais curto como a escopeta, talvez seja mais interessante investir em melhorias que causam dano em área, para maximizar o seu dano.
Durante determinados momentos, a Zona, como é chamada a área onde ocorrem os piqueniques, pode mandar para o jogador “oferendas”, como melhorias de dano, vida máxima, etc, santuários de cura e desafios, onde você precisa ficar um tempo defendendo uma área de inimigos e ao final recebe um baú com melhorias.
Inclusive, essa forma como o jogo trata a Zona como uma entidade me lembrou bastante o livro Piquenique na Estrada, onde alguns personagens se referem à Zona de Exclusão como esse ser místico que tem o poder de permitir que você viva ou não. Esse livro inspirou Stalker, tanto o filme como consequentemente o jogo.
Após esse momento “você sabia?”, voltemos ao jogo. Atomic Picnic é um jogo que pode ser jogado sozinho mas que me pareceu ser melhor aproveitado de forma cooperativa. As diversas armas e melhorias incentivam que você tenha uma equipe bem equilibrada, onde cada um realiza uma função.
Mas mesmo jogando sozinho, ele continua bastante divertido e o jogo se adequa à quantidade de jogadores, diminuindo a quantidade de inimigos que aparecem no mapa. Porém, eu achei ele levemente mais desafiador jogando sozinho. Uma das razões é a possibilidade de reviver um aliado quando você jogar em equipe. Jogando sozinho, caso você morra o piquenique é “cancelado”.
Para um jogo em acesso antecipado, ele já conta com bastante conteúdo e já está bastante divertido. Eu senti que ele precisa de algumas melhorias de balanceamento, pois me vi variando pouco nas builds. Me pareceu que jogar com armas de alta cadência é muito mais vantajoso.
No painel de objetivos, o jogador é incentivado a progredir desbloqueando novas armas, mapas, personagens e acessórios. Novos mapas, por exemplo, podem ser desbloqueados vencendo partidas ou derrotando chefes. Isso dá uma sensação de ter objetivos no e ajuda a não saturar o muito rápido.
É claro que em um jogo desse gênero incluir conteúdo adicional é fundamental para manter a atenção dos jogadores, o que é algo que só vamos conseguir ver o resultado conforme o acesso antecipado do jogo for avançando.
Algumas melhorias também serão bem-vindas. Como o jogo usa visão em terceira pessoa, ficamos muito vulneráveis aos inimigos que atacam pelas costas. Uma sinalização de ataques vindo nessa direção ajudaria a evitar danos desnecessários.
Um outro ponto de melhoria que senti dificuldade foi o local de spawn dos inimigos. Conforme eu me movia, alguns inimigos surgiam muito em cima de mim. Em casos de inimigos que atiram bolas de energia com um tamanho grande, era muito fácil eu tomar dano deles. O ideal seria que eles nascessem com uma certa distância do personagem, pelo menos no modo solo.
Mas Atomic Picnic já demonstra potencial no seu estado atual. O principal já foi feito: suas mecânicas são variadas e funcionam bem, não há grandes problemas com bugs, apenas alguns que experimentei jogando cooperativamente online mas que podem ser resolvidos sem muitos problemas, e o principal: o jogo é muito divertido.
E como ele será lançado em acesso antecipado, seu desenvolvimento deve levar em consideração a opinião dos jogadores. Existem casos de sucesso de jogos nesse formato que criaram comunidades bem legais que ajudaram no resultado final do jogo, como Dead Cells e Baldur’s Gate 3.
E para isso, a BitCake Studio conta com um servidor no Discord onde incentiva a participação dos jogadores e também mantém todos informados sobre atualizações.
Atomic Picnic me surpreendeu e demonstrou bastante potencial. O jogo se inspira em um gênero que ainda tem certa popularidade e traz um diferencial na sua forma de se jogar, desde a visão de jogo até em mecânicas.
Além disso, o jogo tem um visual muito carismático inspirado em animes e mangás, mas ainda mantendo o charme brasileiro, seja nas músicas em Bossa Nova até em pequenos detalhes como um filtro de barro dentro de uma barraquinha do acampamento.
Considerando que ele está sendo lançado em acesso antecipado, Atomic Picnic ainda pode evoluir muito. Mas certamente o jogo já começa bem, com uma experiência bastante divertida, bem polido e com bastante conteúdo para atrair jogadores.
Caso se interesse, considere conhecer o jogo, apoiar e participar do seu desenvolvimento junto com o estúdio e sua comunidade. E que a Zona tenha piedade de você.