Se você também há algum tempo consome jogos, provavelmente já conhece essa cena corriqueira do jogo brasileiro, Bem Feito: um novo console anunciado, euforia dos fãs, eventos e mais eventos promovendo o console, filas para comprar no dia do lançamento. Imaginou né?
Agora imagine um console portátil ultra moderno, lançado em 1999, no Brasil! Sim, aqui mesmo. E apesar de ter sido um grandioso sucesso comercial, ninguém se lembra dele. Difícil imaginar isso, não é? Pois foi o que aconteceu com o Jogaroto, portátil lançado pela Megasoft em 1999.
E é exatamente assim que você recebe o seu emulador Garotron, o único emulador de Jogaroto, junto com um e-mail de sua amiga Fabi, arquivos estranhos bloqueados por senha e uma ROM do jogo Bem Feito, nessa curiosa creepypasta jogável.
Para quem não conhece as creepypastas, vou dar uma breve explicação. Com o surgimento de cada vez mais fóruns e redes sociais na internet, além do crescente acesso das pessoas, começaram a surgir lendas urbanas chamadas creepypastas.
São basicamente versões digitais das lendas que já existem em todo mundo. Provavelmente onde você mora existe alguma lenda urbana. A diferença é que as creepy pastas normalmente são acompanhadas de áudios, vídeos e fotografias que enriquecem os contos. Talvez o mais famoso desses contos seja o Slenderman, a história de um homem alto e esguio que virou até filme de terror.
Alguns gêneros de creepypastas envolvem episódios perdidos de desenhos ou seriados, como o conto do Lula Molusco Suicída, o episódio perdido do Suicide Mickey e também jogos, como Pokémon Black, a lenda da música de Lavender Town e a fita do Zelda: Majora’s Mask do Bem Afogado.
Naturalmente são apenas contos e não representam a realidade. Ou pelo menos espero, claro. Bem Feito aproveitou esses contos e foi lançado como um jogo que é uma creepy pasta de verdade.
O jogo é dividido em dois softwares. Primeiramente você deve abrir o emulador Garotron, desenvolvido na engine GODOT. A partir daí você abre a pasta das ROM’s e executa o arquivo do jogo Bem Feito. Não se esqueça que você está emulando o Jogaroto, um incrível portátil lançado em 1999! Infelizmente ninguém se lembra dele.
Isso não faz muito sentido pra você? Calma, isso vai fazer ainda. Lembra que eu disse que existem arquivos a serem abertos no emulador? Guarde isso, será usado mais tarde. Execute a ROM e então divirta-se com o jogo.
Bem vindo ao planeta B-613, lar do simpático Reginaldo. Nesse minúsculo planeta, nosso amiguinho vive sozinho e cuida da sua casinha e dos seus afazeres domésticos, recebendo de vez em quando a visita de algum amiguinho novo.
O visual do jogo é simples, mas bonito. Afinal, você está emulando um portátil de 1999, não é mesmo? O design dos personagens é muito fofo, sério. Dá vontade de apertar os amiguinhos do Reginaldo.
Os sons do jogo também emulam muito bem um console portátil daquela época, com musiquinhas e efeitos em 8 bits que na verdade são bem charmosos e envelheceram muito bem.
Sua tarefa como jogador é simples. Usando controles simplificados, você se move, utiliza suas ferramentas para cuidar da horta, colher frutas e limpar a casa, entre outros afazeres. A sua lista de afazeres diária fica colada em sua geladeira, então se você esquecer o que precisa fazer, é só correr pra lá e relembrar.
Durante alguns dias você seguirá a rotina de Reginaldo: fazer seus afazeres domésticos, receber seus amiguinhos e cumprir suas tarefas diárias. É claro que alguns acontecimentos irão de certa forma “impactar” o jogo, mas eu não vou dar spoiler.
Eventualmente você consegue acesso aos arquivos do jogo que estão no emulador. Lembra que eu falei dos arquivos com senha? Pois é, essa é a hora de acessar!
Com a liberdade de explorar os arquivos do emulador, você tem acesso a mais informações sobre o jogo bem como sobre o console portátil. Aqui você vê a criatividade dos desenvolvedores. Aquelas creepy pastas que você ficava lendo de madrugada e depois tiravam seu sono, estão aqui, ao alcance dos seus olhos. É muito interessante a ideia de contar uma creepy pasta em forma de jogo.
Muito melhor que apenas ler um conto, mas participar dele. Você explora os arquivos escondidos, manipula pastas e arquivos do jogo, algo já visto em Doki Doki Literature Club, outro jogo que com genialidade e simplicidade conta uma história além do simples ato de jogar.
Acessando os arquivos, você conhece mais sobre o jogo Bem Feito, o console Jogaroto, a empresa brasileira Megasoft, além de fotos e matérias de jornais da época. Sério, parece até um trabalho investigativo dentro de um jogo.
Bem Feito não termina quando você joga pela primeira vez. Lembre-se que eu disse que você pode manipular os arquivos do jogo, certo?
Fazendo isso, você poderá recomeçar o jogo e seguir por uma rota diferente. Até então, eu descobri três possíveis finais. Cabe a você escolher qual final merece nosso querido amiguinho Reginaldo.
O jogo em si é curtinho, em algumas horas você consegue fazer tudo isso. Não que isso seja uma crítica. O jogo dura o tempo que deve durar. Lembre-se que Bem Feito é uma história, ou melhor, uma creepy pasta, e não um simulador de mundo aberto com incontáveis sidequests inúteis só pra encher linguiça, impor crunch time aos desenvolvedores e justificar preços abusivos.
Bem Feito vai direto ao ponto: te conta uma história, te coloca como participante dessa história, e te entrega uma experiência diferente e divertida. Se você é fã de creepy pastas, eu tenho certeza que vai gostar desse jogo.
Confira abaixo o trailer e conheça um pouco de Bem Feito.
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Se quiser conhecer a equipe maravilhosa que desenvolveu Bem Feito, confira os perfis no Twitter:
@oiCabie, @yukohhh_, @nonamefornowso1 e @kazemyers.