Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Aoi Tori é uma história de muitas camadas, não pela sua profundidade, mas pela variedade de temas abordados. Entre mistério, filosofia, religião e terror, a VN tenta muitas coisas, porém falha em entregar uma narrativa intrigante e coesa, e por muitas vezes sendo completamente desinteressante.
Aoi Tori é uma Visual Novel, desenvolvida pela Purple Software, e publicada pela NekoNyan, originalmente lançada em 2017 no Japão e após um longo período, e ter passado por um monte de problemas na sua localização, o jogo finalmente chega para o público ocidental.
[Atualização] O jogo agora está disponível na Steam, porém extremamente censurado, para liberar o resto do contéudo é preciso baixar um patch disponível no site da NekoNyan
Em Aoi Tori, o nosso protagonista, Shiratori Ritsu, é um jovem padre que vive em um colégio católico somente para garotas no meio das montanhas do Japão. Ritsu tem poderes especiais que concedem a ele a habilidade de remover emoções negativas das pessoas, e obviamente como é um jogo erótico, esse poder se fortifica ainda mais durante atos sexuais que ocorrem na narrativa.
Algo curioso que acontece aqui, é que Aoi Tori é uma VN no estilo “sexo com história”, não que necessariamente seja um nukige, mas as relações sexuais dos personagens moldam a história, diferente de outros eroges aonde sexo é algo mais irrelevante na trama principal.
Eu devo admitir que, meu interesse inicial em Aoi Tori se deve ao seu estilo de arte e temática gótica e religiosa, misturadas com um estilo japonês, tudo isso me chamou a atenção, então todos os elementos da história me pegaram de surpresa inicialmente.
Aoi Tori contém quatro rotas, cada uma com um foco em uma garota diferente, não existe uma rota neutra ou algo do tipo, mas a última rota só é desbloqueada após terminar as três primeiras. Entre as quatro garotas principais, temos Mary, Sayo, Risa e Akari, cada uma exibindo personalidades únicas, a dinâmica entre elas é bastante divertida de acompanhar.
Como eu havia dito, Aoi Tori misturas muitos temas em sua narrativa, mas um deles sendo o mistério, que se deve ao seu encontro com Mary, uma vampira de mais de 100 anos, e de suas ligações misteriosas com uma figura denominada de “Devil on the Line”.
Mas essa trama é jogada pela janela e nunca realmente exploram e desenvolvem esse “mistério”, eles ficam dando uns teasers aqui e ali, e umas pistas bem óbvias, e na última rota por mais que tenha uns plot twists interessantes eles não são nem um pouco marcantes, é tudo jogado, sem nenhuma substância.
A história é fraquíssima, até mesmo para um dating sim, onde o foco é explorar o drama das personagens. Aoi Tori até tenta fazer isso, mas é super superficial e desinteressante, porque os personagens não são carismáticos e eu senti muita dificuldade em sentir empatia por eles.
Das quatro personagens as que mais se “destacam” são a Mary e Akari, que possuem uma certa profundidade, por mais clichês que elas sejam, acabam sendo no mínimo aceitável, já as outras duas são extremamente chatas e desinteressantes. Especialmente a rota da Risa que, por sinal, foi escrita por Wasabi Ono (Laplacian) e me surpreendeu em ver ele escrever um negócio tão ruim, visto que gostei de Future Radio.
Misturando tudo isso, junto a um problema de ritmo, e a história rapidamente se torna extremamente desapontante e tediosa, o que é lamentável visto o potencial que o jogo tinha em seu estilo artístico e visuais impecáveis.
Como eu havia dito, a arte foi o que mais me chamou atenção desde o começo e visualmente Aoi Tori é bem surpreendente com essa mistura de arquitetura e atmosfera gótica, combinada com um estilo japonês das árvores de Sakuras e os flocos de neve do inverno que acabam dando um aspecto bem charmoso, e as CGs são muito bem feitas e evocam um bom sentimento.
O próprio design das personagens é muito bom também, o uniforme da escola é bem pensado e encaixa na temática, as garotas constantemente usam roupas diferentes, tem uma variação legal de cenários e tudo mais.
A trilha sonora do jogo foi algo que me surpreendeu positivamente, tem umas trilhas bem agradáveis e algumas acabam sendo bem memoráveis de certa forma.
Sobre a localização, a VN estava anunciada já há alguns anos, mas ocorreram diversos problemas durante localização, chegando ao ponto de quase desistirem de lançá-lo. Ao jogar a versão final eu achei que está excelente e comparando do que eu sei de japonês, não vi nenhum problema, além de ter uma ótima adaptação também.
O maior problema de Aoi Tori é sua indecisão narrativa, constantes tropeços em cima de seus próprios temas, junto a uma história entediante, sem propósito e com muitos problemas de ritmo. Aoi Tori peca no aspecto principal de uma visual novel, por mais que tenha belíssimos visuais é difícil recomendar essa história do pássaro azul.
Aoi Tori
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