Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Em fevereiro de 2022 a editora Shueisha anunciou a criação de uma divisão interna focada na criação de jogos, a Shueisha Games. Logo após esse anúncio eles revelaram a criação de quatro jogos, e dentre eles estava Captain Velvet Meteor: The Jump+ Dimensions, que foi lançado em julho do mesmo ano para Nintendo Switch.
Se trata de um jogo crossover com combate em turnos, estratégico e com alguns elementos de stealth, que inclui os seguintes personagens da Jump: Loid Forger de SPY x FAMILY; Kafka Hibino de Kaiju No. 8; Slime de Slime Life; Chrome de HEART GEAR; Ushio Kofune de Summer Time Rendering; Gabimaru de Hell’s Paradise: Jigokuraku; Chloe Love & Kai lod de Ghost Reaper Girl; Princess & Excalibur de ’Tis Time for “Torture,” Princess.
Fazendo um salto de 2 anos e chegando em 2024, Captain Velvet Meteor ganhou ports para PC, via Steam, e Xbox Series X|S em março. Graças a isso tive a oportunidade de jogá-lo e conto aqui para vocês como foi minha experiência nesta aventura.
Captain Velvet Meteor conta a história de Damien tendo que lidar com a mudança dele e de sua família da França para o Japão após a morte de seu avô. Filho de pai francês e mãe japonesa, ele acaba por ficar ansioso e com medo de uma mudança tão abrupta, afinal, todos os seus amigos e toda sua rotina estavam na França, então a mudança era algo que ele não queria.
Recém chegado a casa de sua avó, encontramos Damien em um dia que ele está sozinho em casa, pois o resto da família estava fora resolvendo algumas coisas. Durante esse tempo sua mãe manda mensagem para ele com algumas coisas que deveriam ser feitas antes dele poder ficar livre curtindo o dia como preferisse.
Na lista temos coisas como tomar o café da manhã preferido dele até ir pegar correspondência ou conferir as roupas na máquina de lavar. O problema começa quando sempre que o Damien vai realizar uma destas tarefas ele se depara com algum tipo de medo ou dificuldade.
Quando ele se encontra nessas situações adversas ele acaba usando o poder de sua imaginação para que quem esteja naquela situação difícil não seja Damien e sim o Captain Velvet Meteor e o seu parceiro robô Jay-P (que é como ele chama o robô aspirador da casa dele).
Como Captain Velvet, a história se passa como se ele e Jay-P tivessem caído num planeta totalmente desconhecido e com sua nave danificada por causa disso. Nesse contexto devemos explorar o planeta em busca de cristais de energia para poder consertar a nave e dar o fora dali.
Durante cada fase vamos encontrar um personagem diferente, dos mangás favoritos de Damien, que por algum motivo desconhecido também acaba parando naquele planeta sem saber de nada. Unindo forças com o personagem da vez, eles vão superando os alienígenas desconhecidos e recuperando os cristais um por um.
Captain Velvet Meteor pode ter uma trama bem simples, afinal é apenas uma criança fazendo algumas tarefas de casa, mas o jogo sabe muito bem passar sua mensagem e mostrar como a imaginação pode ser um aliado em momentos difíceis.
Enquanto na realidade temos algo como Damien indo escovar os dentes e encontrar uma barata no banheiro, na cabeça dele o que está acontecendo é Captain Velvet indo investigar um local desconhecido no planeta e encontrando uma criatura horripilante pelo caminho.
Fazendo bom uso do real e do imaginário, o jogo mostra Damien amadurecendo a cada atividade enquanto ele tenta encarar da sua maneira o problema presente na frente dele. Os personagens da Jump também servem como apoio em aconselhar e a mostrar a ele que as coisas não são tão ruins quanto ele pensa e que elas podem ser enfrentadas e superadas.
Não estou na mesma condição de Damien, mas atualmente vivo em outro país longe de minha família e amigos, então mesmo com a diferença de idade e maturidade consigo entender algumas de suas aflições. E sinto que o jogo consegue passar muito bem a mensagem de superação para as crianças que possam se encontrar com problemas parecidos.
Também percebo que o jogo consegue usar muito bem os personagens envolvidos nesse grande crossover como a ajuda e apoio que o garoto precisa, criando assim também um interesse ao menos mínimo em saber mais dos personagens.
Dos 8 personagens presentes, eu conhecia 4, sendo que 1 deles eu apenas sei da existência e os outros 3 já consumi suas obras. Dos outros 4 restantes, ao menos 2 eu tive interesse de ir atrás e conhecer mais das obras em que eles estão inseridos. Então diria que fizeram um bom trabalho no uso de cada convidado.
Além do interesse que tive pelos desconhecidos, foi legal ver as partes com o pessoal que eu já conhecia, pois sabe muito bem transcrever o personagem de seu mangá para o jogo e criar fases que referenciam as obras destacadas.
Na questão da jogabilidade temos dois momentos distintos. Em um deles estamos no cenário real controlando Damien pela casa de sua avó, onde podemos andar pelos diferentes cômodos e interagir com objetos. É aqui onde vamos nós deparar com os desafios do garoto e mudar a perspectiva pro Captain Velvet.
Como Captain Velvet podemos andar dentro da nave, onde encontramos a lista de fases e é possível interagir com os personagens que vamos achando durante a história.
Dentro das fases o jogo funciona num área delimitada onde Captain Velvet e o personagem que estiver com ele podem andar um certo número de blocos por turno para avançar até o objetivo. Cada personagem vai ter um ataque individual que vai ter diferentes alcances e um ataque combinado com geralmente um alcance em uma área maior.
Geralmente os ataques em conjunto dão menos dano e são focados em atordoar ou empurrar os inimigos, sendo algo mais de controle do que de matança. Com isso, o jogador tem que encontrar os momentos chaves de usar os golpes em conjunto e o ataque individual.
Existe também um terceiro golpe que funciona como um especial, que é usado após coletar orbes amarelos que vão aparecendo pelo mapa. Eles são ataques em área e que dão bastante dano, cabendo ao jogador gerenciar o momento de usá-los, já que eles não estão disponíveis a todo momento.
Após realizar seus movimentos e ataques, os inimigos irão se mover e realizar a ação deles. Na maioria das fases o objetivo é chegar até uma local específico para poder avançar, mas em algumas outras teremos que derrotar todos os inimigos presentes no local.
Além disso, algumas fases vão ter um limite de turnos máximo em que você tem que completar o objetivo, senão você perde. São, na minha visão, as piores fases do jogo por obrigar o jogador a focar apenas em seguir em frente, limitando a experimentação que geralmente temos durante as fases.
Ao final de cada missão com um dos personagens do crossover, teremos uma luta contra um chefão. São momentos legais no geral, que sabem usar bem as mecânicas de cada fase e os combos que são criados com cada personagem.
Captain Velvet compartilha da barra de vida com o personagem que estiver fazendo dupla com ele. Ao derrotar inimigos recuperamos um pouco de vida e juntamos pontos que permitem que os personagens se movam em mais blocos do que eles podem normalmente.
As fases usam muito bem cada personagem, por exemplo: os maiores inimigos da fase do Gabimaru de Hell’s Paradise envolvem a vegetação ao redor da fase, assim como é no mangá. Já na missão com a Ushio de Summer Timer Render temos as presenças de sombras e usamos luz para combater. E por ai vai seguindo, trazendo um pouco de cada obra pro jogo.
É uma jogabilidade simples no geral, mas com algumas camadas que a deixam divertida. Contudo, mesmo com as leves mudanças em cada missão, eu ainda senti o jogo um pouco repetitivo no final e com alguns momentos um pico chato na dificuldade, que no geral é tranquila no decorrer do jogo (pode ser só eu sendo ruim em jogo de estratégia também).
Captain Velvet Meteor: The Jump+ Dimensions é um jogo simples, mas mostra como a imaginação é importante e através dela podemos tentar superar medos e problemas que encontramos no dia a dia.
O jogo passa uma mensagem para que outras crianças possam encontrar uma forma de lidar seus problemas e amadurecer que nem Damien fez aqui. Além disso, o jogo sabe usar e destacar muito bem as obras envolvidas nesse grande crossover para promover seus mangás.
Enquanto poderia durar um pouco menos para não entrar em repetição, ele traz mecânicas relativamente simples mas bem postas que possibilitam que as pessoas joguem com alguns dos possíveis personagens favoritos delas.
É um jogo que nem todos vão se interessar, mas quem acabar parando aqui vai ver o mangá que gosta bem representado ou vai sair se interessando em conhecer algo novo. E caso você seja pai ou mãe e seu filho curta mangás apresente esse jogo para ele, pois acredito que ele possa gostar e tirar boas lições do jogo.
Captain Velvet Meteor: The Jump+ Dimensions
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