Crítica – Cat Quest 3 – Uma miauventura divertida e cheia de trocadilhos

Içar velas, miaurujos! A era de ouro da pirataria está de volta e ela é… peluda? Desenvolvido pelo estúdio The Gentlebros, o terceiro jogo da franquia Cat Quest nos coloca agora na pele, ou melhor, nos pelos, de um gato pirata e seu companheiro fantasmagato.

Tivemos a oportunidade de nos aventurar pelos mares do Miauribe e agora que mapeamos toda a área e nos livramos dos perigos marítimos, ou pelo menos quase todos eles, você pode navegar com a gente e conhecer um pouco mais de Cat Quest 3.

Gato ao mar!

O jogo inicia com uma pequena cena mostrando nosso felino herói ainda bebê, sobrevivendo a um naufrágio causado por um navio pirata desconhecido. Anos se passam e agora já um gato pirata adulto, você deve ir em busca do tesouro da Estrela do Norte, acompanhado do seu fiel companheiro Chapelinho, um simpático gatinho fantasma.

Cat Quest 3 se desenrola em torno dessa premissa de caça ao tesouro. A região do Miauribe é um mundo aberto onde você explora suas regiões em mundo aberto como se viajasse pelo seu mapa. A região conta com diversas ilhas e há vários pontos de interesse para serem explorados, desde torres, cavernas e uma pequena cidade onde você pode comprar upgrades e bater um papo na taverna.

É lógico que você não é o único pirata em busca do tesouro. O grande Rei dos Pi-Ratos, líder de uma tripulação de ratos piratas, também está atrás do tesouro da Estrela do Norte. E ele não irá medir esforços para impedir que você coloque as patas na Estrela.

Você precisará enfrentar sua tripulação, bem como outros perigos que rodeiam o Miauribe. Além de outras tripulações de piratas, animais selvagens, monstros e até mesmo fantasmas estarão no seu caminho.

Para conseguir avançar em busca do tesouro, você precisará combater as ameaças bem no estilo RPG de ação. Enquanto estiver em terra ou explorando as dungeons do jogo, você contará com uma arma corpo a corpo e uma arma a distância. Espadas, sabres, garras e até mesmo uma guitarra elétrica fazem parte do arsenal disponível para os combates de curto alcance.

Já os equipamentos para lutar à distância variam de armas de fogo dos tempos das navegações, como a “patamarte”, trocadilho com a bacamarte e até mesmo varinhas que soltam feitiços. E sim, o jogo inteiro é repleto de trocadilhos com animais.

Também é possível equipar trajes que fornecem defesa e outros efeitos, além de mudar a aparência do seu felino. Chapéus, bandanas, tapa olhos, capaz, armaduras e para finalizar o “look”, acessórios diversos que dão mais alguns bônus.

E mesmo sendo um pirata, é possível utilizar diversos feitiços durante a sua jornada. O jogo não se limita com a temática de pirataria e inclui diversos elementos de fantasia, por exemplo.

E é claro que um bom jogo de piratas precisa ter navios, certo? Além de combates em terra, é possível velejar e participar de combates marítimos. Além do clássico canhão, seu navio também conta com uma série de equipamentos e melhorias.

Um miau-like extremamente divertido e polido

Estruturalmente o jogo segue a receita clássica dos jogos de ação, mas de uma maneira bem simplificada e isso tem um bom motivo. Para fazer esse review, eu precisei fazer um exercício e pensar como o Arthur criança que jogava SNES e Playstation 1 nos anos 90.

A proposta de Cat Quest é acima de tudo ser acessível. E é importante ter isso em mente se você for um jogador que gosta de jogos mais desafiadores. Cat Quest 3 possui indicação etária Livre, ou seja, é um jogo que também abraça crianças.

E isso está longe de ser uma crítica, muito pelo contrário. Eu achei fantástico que tudo que um bom jogo de RPG de ação possui está aqui, mas de forma mais simplificada não por ser mal desenvolvido, mas justamente porque os desenvolvedores conseguiram desenvolver isso de forma que até uma criança possa jogar. E melhor, ela pode jogar em modo cooperativo com um amigo ou com seus pais, por exemplo.

Eu até mesmo consideraria o jogo como pedagógico, do ponto de vista de que ele é uma boa porta de entrada para jogadores iniciantes. Não é um jogo de RPG de ação que irá frustrar novos jogadores, como se fosse um jogo do Hidetaka Miauzaki (me desculpem por esse trocadilho).

Todas as mecânicas que encontramos em jogos de RPG de ação estão presentes, de forma simples e de fácil aprendizagem, mas sem também subestimar a inteligência do jogador. O jogo inclusive incentiva a experimentação, oferecendo diversas possibilidades de builds de acordo com os equipamentos escolhidos.

Cat Quest 3 também incentiva o jogador a explorar o mapa em busca de pistas para seus objetivos principais e side quests. Existem algumas torres que apontam os locais do seu objetivo principal, mas que ainda exigem que você explore para encontrar. E você pode realizar essas missões de forma não linear.

As missões secundárias também pedem que você investigue as pistas que encontrou, para saber a localização da próxima pista ou de um tesouro. E o jogo conta com uma série de missões secundárias para realizar, desde derrotar inimigos que estão com cartazes de “procurado” até ajudar um fantasminha escritor a terminar o seu livro.

E mesmo com mecânicas simplificadas para que o jogo seja acessível a todos, ele é bem polido. Durante todo o jogo eu não tive nenhum problema com bugs ou com alguma mecânica que não funcionou como esperado. E isso é importante porque mostra o comprometimento dos desenvolvedores em entregar um jogo acessível e bem feito.

Além disso, ele é um jogo muito divertido. Cat Quest 3 brinca o tempo inteiro não só com piadas e trocadilhos envolvendo gatos e outros animais, mas com o próprio gênero de jogos que ele se inspira. O jogo brinca com a ideia de subir de nível ou de “fazer o final bom do jogo” e faz muitas piadas envolvendo videogames, até mesmo fazendo quebras de quarta parede.

Cat Quest 3 também referencia muito diversas obras da cultura pop, como literatura, jogos, música, etc. E sempre fazendo trocadilhos envolvendo gatos, ratos, cachorros e outros animais.

E com a localização excelente que o jogo possui, ele é muito acessível para as crianças entenderem as piadas. Elas estão localizadas utilizando termos que normalmente utilizamos aqui, não apenas fazendo traduções diretas. O gato Miautallika por exemplo, possui um sotaque bastante inspirado em roqueiros, como o Supla. O lendário pirata Davy Jones, não aquele do Flow, aqui é o Doguinho Jones.

Cat Quest 3 é um jogo que prioriza muito a diversão e que abraça muito bem os jogadores iniciantes, como crianças, e também privilegia uma experiência cooperativa. Um jogador mais experiente poderia utilizar ele para apresentar esse gênero de jogos para crianças, por exemplo. E de fato, pesquisando um pouco na internet, vi vários relatos de pais falando sobre jogar o jogo anterior com seus filhos.

Isso de certa forma ajuda a resgatar também o caráter de socialização dos videogames. Crianças jogando juntas ou com alguém mais velho, como irmão, incentivando que as pessoas joguem mais juntos, que se divirtam juntos.

Um jogo com arte miaugnífica

Uma coisa que valorizo bastante em jogos é uma boa direção de arte. Cat Quest 3 apresenta uma arte que me lembra livros ilustrados infantis, com um toque também de desenhos animados.

O jogo é muito colorido e bastante agradável visualmente. Tanto os personagens principais e secundários quanto os inimigos são bem desenhados e animados, além de terem bastante carisma.

É um jogo que chama atenção só de olhar. Eu particularmente gosto bastante de artes de veículos em miniaturas, como vemos por exemplo em Advance Wars. E no caso do Cat Quest 3, temos os navios que são muito legais.

Além disso, o jogo é muito bem animado. Dá realmente a impressão que você está jogando uma historinha infantil. Para quem gosta de animais fofinhos então, Cat Quest 3 é um colírio para os olhos.

Até a próxima miauventura

Cat Quest 3 foi minha primeira aventura na franquia. Posso dizer que me surpreendi em como esse jogo me divertiu. Talvez eu estivesse precisando de um jogo que não fosse mecanicamente burocrático e estivesse cheio de gatinhos, trocadilhos com animais e um humor inocente.

E com sua duração relativamente curta, sendo possível terminar sua campanha principal entre 5 ou 6 horas, ele é perfeito para jogar em um dia com filhos, sobrinhos e até mesmo para introduzir um companheiro ou companheira que não joga videogames no seu hobby.

Caso você queira explorar mais um pouco, o jogo oferece uma boa dose de rejogabilidade, com o modo Novo Jogo+ e com a possibilidade de realizar outros finais, de acordo com algumas coisas específicas que você fizer.

Mas talvez um gato não consiga jogar, o que é no mínimo irônico.