Crítica: Clock Tower: Rewind – O melhor exemplo de relançamento

Por Jean Kei

Nota: 8.5

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

Clock Tower: Rewind é o relançamento do clássico cult lançado originalmente para Super Famicom em 1995. O jogo é um adventure point & click de terror, algo um tanto inusitado para o console da Nintendo da época. Hifumi Kono, diretor do jogo sempre foi aberto ao falar que se inspirou no diretor de cinema Dario Argento para fazer o jogo. 

Nunca lançado fora do Japão, através de traduções de fãs esse jogo virou um queridinho cult com o passar dos anos. Apesar dos controles problemáticos, Clock Tower tem diversas ideias interessantes, e o jogo estar no Super Famicom era um charme ousado.

Enfim, 29 anos depois o jogo finalmente veio para o ocidente de forma oficial, e num dos melhores pacotes comemorativos já vistos.

Antes de mais nada, o que é esse Clock Tower?

Clock Tower conta a história de Jennifer Simpsom, uma adolescente órfã que é adotada junto com três amigas por um magnata. Ao chegarem na mansão que supostamente seria o novo lar, rapidamente elas percebem que o local tem um clima suspeito e Jennifer quando menos percebe se vê sozinha. Para deixar a situação mais tensa, há uma criatura assassina com uma tesoura comicamente grande na mansão.

Seu objetivo é sobreviver aos perigos da mansão, encontrar suas amigas e achar uma maneira de escapar. Muito desse jogo funciona com você descobrindo o mundo por interação. Você pode clicar num espelho e algo acontecer, talvez abrir um guarda roupa lhe faça encontrar uma chave ou o homem da tesoura escondido ali pra te dar um susto.

Esse jogo é cheio de coisas inusitadas e tem um fator replay por uma certa aleatoriedade. Itens localizados em uma run podem estar em outro lugar em outra, alguns lugares que eram seguros numa run podem não ser em outra. O jogo possui 9 finais (de A a H e um S escondido) e bastante variações. Por exemplo, se você for para determinado lugar no começo do jogo, vai desencadear eventos que não ocorreriam caso fosse para outro. As vezes você chegar em um lugar sem determinada informação vai fazer Jennifer tomar uma atitude diferente, levando a outros caminhos.

Enfim, Clock Tower é um jogo curto, especialmente se você já o conhece, mas ele exige algumas rejogadas para ver todo seu conteúdo.

Cena da animação de abertura de Clock Tower: Rewind

E o que tem de especial nesse relançamento?

Pra começar, o jogo vem com uma abertura especial cantada por Mary Elizabeth McGlynn, a voz de várias trilhas de Sillent Hill dando um olhar um tanto diferente para o jogo. Para além disso, Clock Tower: Rewind vem com muitos extras interessantes. Aqui temos entrevista com o diretor, imagens do cartucho de Super Famicom, a caixa e manual do jogo, quadrinhos que vieram junto com a versão de Playstation 1 do jogo. Esses quadrinhos foram disponibilizados de forma bem curiosa, aliás. Você pode lê-los em seu formato original em japonês ou uma versão traduzida e dramatizada em formato Motion Comic.

Essas Motion Comics mais ou menos servem como cutscenes para o jogo, mas elas não estão inseridas diretamente nele. Quando você chega numa cena que é representada no quadrinho, aparece uma mensagem alertando o desbloqueio da Motion Comic daquela cena. Os desenvolvedores devem ter tomado essa decisão para manter a experiência original intacta, mas deixar alternativas para uma visão diferente.

Enfim, tem bastante coisinha legal extra, tem até uma demo comercial feita na época. Todos esses extras fazem essa edição do jogo ter um ar de produto comemorativo e feito com carinho. É um relançamento que de várias maneiras ajuda a preservar a peça histórica dos games que este jogo é.

Entrevista com Hifumi Kono, diretor do jogo original. Conteúdo que existe dentro do jogo Clock Tower: Rewind

Mas e o Clock Tower em si? É um bom jogo?

Sim. Um dos seus maiores empecilhos, que era ser um jogo Point & Click num controle de Famicom foi arrumado. Você tem a opção de jogar o jogo na sua forma 100% original ou com algumas melhorias de qualidade de vida, como fazer a protagonista andar de forma direta ao invés de clicar, fazendo o ritmo do jogo ser mais agradável.

O jogo agora tem opção de quicksave e de rebobinar (fazendo jus ao nome hehe), fazendo com que pequenos erros não sejam tão custosos ao tempo. Contudo, todas essas mudanças são opcionais e e ele deseja preservar ao máximo o jogo base. Aliás, enquanto escolher a versão original você tem acesso ao jogo de Super Famicom, a versão Rewind, que vem com as melhorias citadas, e com o conteúdo da versão de Playstation. Porém não se preocupe, pois as versões não são drasticamente diferentes, mas há algumas mudanças de locais e de itens de uma versão para outra.

Uma coisa que vale apontar é o quanto esse jogo é um terror B e não tem vergonha disso. Ele tem cenas exageradas, teatrais e brinca com clichês. Parte da diversão é ver as situações que Jennifer é colocada e ver maneiras de lidar com isso. Quando joguei a versão traduzida por fãs com 11 anos até senti medo, mas hoje acho principalmente um jogo divertido.

protagonista de Clock Tower fugindo do homem de tesouras no banheiro, com uma de suas amigas morta e amarrada no chuveiro.

Enfim, é um jogo legal num excelente relançamento

Clock Tower é um jogo simples e olhando de forma completamente fria, hoje em dia há jogos que fazem o que ele faz melhor. Porém, ele é uma peça histórica tanto para Nintendo quanto pra games num geral, tendo em vista que ele nasceu num videogame um tanto inusitado para isso e é um dos pioneiros do gênero. Com vários conteúdos extras realmente interessantes que contextualizam bem Clock Tower, recomendo todo mundo que tem interesse por esse tipo de jogo a pegar essa versão.

Nome do jogo:

Clock Tower: Rewind

Publisher:

WayForward

Desenvolvedora:

WayForward, Human Entertainment

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox Series S|X, Nintendo Switch

Conheça a Nuuvem

Compre com a Nuuvem e ajude o Game Lodge!