Crítica: Crisis Core Final Fantasy VII – Reunion é como visitar um velho amigo

Escrito por Arthur Tayt-Sohn
Crítica

Lançado originalmente em 2007 exclusivamente no PSP, Crisis Core: Final Fantasy VII se passa antes dos acontecimentos de Final Fantasy VII. O jogo faz parte da compilação do jogo original e conta a história de como Zack se tornou um SOLDIER primeira classe, bem como sua relação com seu mentor Angeal, dono original da Buster Sword, além de Cloud e Aerith.

Esse Remaster preserva a história original, sem nenhuma alteração ou novidades do enredo, trazendo apenas melhorias técnicas.

Conhecendo Zack Fair

Um velho conhecido dos fãs do Final Fantasy VII de PS1, Zack é um SOLDIER, soldado de elite da Shinra. Nascido em Gongaga, ele partiu para Midgar quando era adolescente, pois seu sonho era se tornar um herói entre os SOLDIER.

Você inicia o jogo enquanto ele ainda é um SOLDIER de segunda classe, sendo treinado pelo seu mentor Angeal, dono da icônica Buster Sword. Seu objetivo é realizar diversas missões para conseguir a tão sonhada promoção para a primeira classe.

Também conhecemos um pouco mais de Sephiroth, o grande vilão de Final Fantasy VII e que é visto como um herói dentro e fora da Shinra. Há também personagens que até então eram desconhecidos, como Genesis, outro habilidoso SOLDIER de primeira classe.

Durante as missões de Zack iremos nos deparar com uma trama que envolve uma deserção em massa de membros da SOLDIER, liderados por Genesis. Enquanto ajuda nas investigações, Zack irá conhecer um lado não tão heroico do seu sonho, bem como as tramas obscuras que envolvem a Shinra.

Trabalhando como um SOLDIER

Crisis Core se diferencia bastante de Final Fantasy VII em sua estrutura como um jogo de RPG. Enquanto no original de PS1 nós explorávamos o mundo, perseguindo Sephiroth, Crisis Core conta com ambientes mais limitados.

O jogo conta com pouquíssima exploração, optando por uma narrativa que irá te guiar por uma série de missões relativamente curtas. Parte do enredo se desenvolve nessas missões e outra parte entre elas.

Além das missões principais que avançam a história, você pode realizar uma série de tarefas opcionais que podem te ajudar a subir de nível ou dar recompensas como equipamentos, materias e summons.

Suas missões envolvem basicamente combate contra inimigos, contando com um sistema parecido com o de Final Fantasy VII Remake, mas um pouco mais simplificado. Podemos nos movimentar no campo de batalha, atacar, esquivar e defender. Ao contrário do FFVII Remake onde a barra de ação se enche com o tempo e escolhemos magias e habilidades em um menu, em Crisis Core elas são equipadas previamente e utilizamos com comandos no controle.

O sistema é consideravelmente melhor que no original de PSP, sendo mais rápido e dinâmico. Houveram também alterações na HUD do jogo que melhoram nossa visualização. Um dos diferenciais do Crisis Core é o questionável sistema de DMW (Digital Mind Wave), uma roleta de caça níqueis que fica girando o tempo inteiro durante os combates.

Essa roleta conta com rostos de personagens e summons do jogo, além de números. Dependendo do resultado que ela apresentar, temos efeitos diversos. Desde efeitos práticos na batalha, como liberar o uso de limit breaks, summons ou permitir lançar magias a custo zero, até efeitos permanentes como subir o nível de Zack.

Esse sistema já era um tanto quanto problemático no PSP, visto que adiciona uma camada de aleatoriedade a mais das que já existem em jogos de RPG. Além de não fazer nenhum sentido dentro da narrativa do jogo.

Por outro lado, entendo que ele pode ter sido uma opção na época visto que por ser um jogo mais contido, talvez Crisis Core não funcionasse bem com um sistema de leveling tradicional de RPGs, já que não há nenhum incentivo ao grinding no jogo.

E é importante lembrar que esse é um jogo que originalmente foi lançado para um console portátil em 2007 e que de fato seus sistemas podem parecer estranhos em uma versão para consoles caseiros em 2022.

O sistema de materias também é um pouco diferente dos outros jogos. Elas são equipadas sem um limite de slots da arma de Zack. Elas sobem de nível como nos outros jogos, mas para evoluirmos suas magias precisamos usar a fusão de materias, combinando duas para conseguir uma nova.

Crisis Core é um jogo com sistemas bem simples e bem fácil de aprender. Mesmo que você não esteja muito habituado com RPGs, não sentirá dificuldades. Para os que já são fãs do gênero será ainda mais simples.

Conhecendo a Shinra por dentro

Diferente de Final Fantasy VII, onde vemos a Shinra pelo lado de rebeldes que se opõem a ela, Crisis Core nos coloca em uma perspectiva inversa. Todos os acontecimentos ocorrem dentro da corporação.

Parte dessa história já é conhecida dos fãs do jogo original de PS1, que foram contados por flashbacks durante o jogo. Crisis Core expande essas histórias e nos coloca no controle dela, enquanto acompanhamos Zack evoluindo como SOLDIER e como ser humano.

Ao contrário de Cloud, Zack é carismático e brincalhão, bem como um paquerador incorrigível. Mas apesar disso ele também é uma pessoa que valoriza muito a honra e a lealdade, se tornando um personagem bastante idealista, o oposto de Cloud quando o conhecemos como um mercenário.

Apesar de alguns problemas no roteiro, que por vezes possuem alguns diálogos bem forçados, a história no geral funciona muito bem e contextualiza melhor o papel de Zack na própria história de Cloud, de forma mais acessível. Como muito pouco foi revelado no Remake e nem todos estão dispostos a jogar o jogo de PS1, Crisis Core cumpre bem esse papel.

Na verdade, ele funciona até melhor no desenvolvimento da relação entre Cloud e Zack, bem como no desfecho da história do SOLDIER. O final de Crisis Core é contado no Final Fantasy VII original, mas mesmo quem já sabia do que iria acontecer ficou surpreso pela forma que ela foi contada agora, além do impacto de contar da perspectiva do jogador como Zack, após horas desenvolvendo a relação entre o jogador e o personagem.

Além disso, conhecemos uma versão mais jovem da Aerith, adicionando ainda mais contexto e carga emocional na relação entre os três. Os personagens novos como Angeal e Genesis, que não são citados no jogo de PS1, servem como base do desenvolvimento de Zack.

Em uma stream do jogo Crisis Core, Nomura afirmou que Zack será importante em Final Fantasy VII Rebirth, a segunda parte do Remake. Nesse caso, esse jogo cumpre um importante papel de introduzir o personagem a um novo público, onde boa parte não jogou o jogo original.

Para os que já conhecem o jogo, a não ser que você queira matar a saudade ou jogar em uma versão melhor e mais bonita, não há nenhuma novidade. A história é exatamente a mesma. E como o jogo foi lançado anteriormente em um hardware de difícil acesso, esse relançamento tem sua razão de existir.

Um Remaster de qualidade

Sempre que um Remaster é anunciado, os jogadores se preocupam com a qualidade dele. É normal existir aquela preocupação de pagarmos por um Remaster que acaba sendo uma leve melhoria nas texturas. Isso não ocorre em Crisis Core.

Os gráficos foram totalmente atualizados, com novas texturas que preservam a direção artística original do jogo, mas são muito mais bonitas. É um jogo bastante agradável visualmente, por mais que ele seja simples.

Alguns modelos também foram atualizados para ficarem mais parecidos com os modelos do Final Fantasy VII Remake, para que os fãs não estranhem com personagens bastante diferentes do que conhecemos no Remake.

Também foram feitas melhorias na trilha sonora, com novos arranjos e uma maior qualidade sonora. Além da trilha sonora, a Square-Enix acrescentou dublagens onde anteriormente somente haviam diálogos em texto, que transmitem melhor as emoções dos personagens.

É visível que o jogo conta com um orçamento relativamente menor para os padrões dos grandes jogos da empresa, principalmente para um Final Fantasy, mas ainda assim é um Remaster muito bem feito se tratando de um jogo que foi lançado originalmente em um console portátil.

Abrace seus sonhos

Crisis Core é uma parte fundamental do universo Final Fantasy VII e introduz importantes personagens e contextos para o jogo original. Por mais que ele conte com alguns sistemas datados e roteiro que por vezes é questionável, sua história é importante para o entendimento da saga de Cloud.

O jogo explora muito bem a relação de Zack e Cloud, além de contar com um desfecho que é considerado um dos mais impactantes e emocionantes de toda a franquia Final Fantasy. Se você é do tipo de jogador que devora lore e referências, Crisis Core é obrigatório.

Caso você tenha jogado o original de PS1, também recomendo o jogo pela forma que ele expande diversos acontecimentos que são narrados principalmente nos flashbacks que ocorrem, mas adicionando ainda mais informações.

Resta agora saber o que a Square-Enix prepara para Rebirth, a sequência do Final Fantasy VII Remake. Sabendo o quanto ela considera Crisis Core importante para o compilado, eu só consigo ficar cada vez mais curioso e ansioso por novidades.

Nome do jogo:

Crisis Core Final Fantasy VII Reunion

Publisher:

Square Enix

Desenvolvedora:

Square Enix

Plataformas Disponívies:

PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S|X, Nintendo Switch

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge