Crítica: Death’s Door -A vida é sobre o tempo

Escrito por Silvio Diaz
Crítica

Desde que anunciaram Death’s Door, fiquei interessado. O jogo é bonito, parecia ter uma ação legal e chefes divertidos. Jogando, em pouco tempo fica claro que ele é muito mais que isso. O novo jogo publicado pela Devolver, é impressionante, com ótimas mecânicas, level design inteligente e um tema bem escrito que se conecta diretamente com suas melhores qualidades. Algo que será o foco de nossa crítica de Death’s Door

O que é Death’s Door

Em Death’s Door, o jogador controla um corvo ceifador com a missão de resgatar uma alma. Entretanto, já no começo tudo dá errado e a história toma um curso completamente diferente. Aqui, a narrativa é muito mais do que só uma maneira de empurrar o jogador para os objetivos. Surpreendentemente, com o tempo seus temas, pensamentos e filosofias vão sendo exibidos de maneira primorosa. 

Para explicar o jogo, a maneira mais fácil seria comparar com Zelda. Death’s Door é sobre exploração, com dungeons, chefes e itens especiais. Entretanto, para por aí. Visual, personagens e história seguem cursos diferentes, com outras inspirações. 

Death's Door combate

Inspirações para algo próprio

Suas inspirações visuais são claras, entretanto, é uma mistura tão coesa que cria algo próprio. Jogando, eu sentia uma combinação de animações da Ghibli com filmes do Tim Burton. Criaturas fantásticas cheias de carisma, misturadas com uma certa melancolia e tons escuros. 

Esses estilos estão por toda a parte, chefes e pequenos inimigos são carregados desse design e da personalidade que a mistura cria . Até mesmo os cenários menos criativos conseguem ter algo próprio com essa combinação. Criando uma beleza única e exuberante.

Entretanto, além do design, essa “filosofia visual” se espalha pela narrativa e seu tema. Em Death’s Door, como jogamos com um ceifador, o assunto é morte e ao mesmo tempo, vida. Temas que podem ser vistos de alguma maneira como profundo ou pesado, mas não aqui. Tal qual suas inspirações, sua escrita consegue ser bem madura e leve, sem perder o potencial em momento algum. 

Quando o tema se conecta com a mecânica

Junto da morte, muito se fala sobre tempo em Death’s Door. Sobre a importância do tempo de vida e como tudo tem um fim e precisa de um certo limite. Curiosamente, essas ideias se espelham com a mecânica e com tudo o que é apresentado na campanha. 

A questão é que Death’s Door tem uma consciência muito boa do quanto cada momento,inimigo e chefe precisa durar. Parte do carisma de seus personagens, vem justamente do fato de que eles além de visualmente incríveis, aparecem pouco. Em seus combates, raramente existem repetições. Sempre novos inimigos ou com novas misturas que criam diferentes dificuldades. Até mesmo as dungeons, mesmo tendo progressões parecidas,tem ideias próprias, com focos diferentes.

Death's Door lindo

No final, nos encontramos levemente apaixonados por tudo o que vimos, pois vemos tão pouco que o gostinho de quero mais é extremamente forte. Existem personagens ali que ficaria feliz até mesmo com uma DLC focada, só pra ter um pouco mais daquela maravilhosa ideia. 

Além do tempo

É difícil não se encantar com Death’s Door. Mecanicamente muito bem resolvido, porém nada inovador, ele consegue criar ótimos momentos com ótimas lutas de chefes. Ele é criativo, envolvente e divertido da melhor maneira possível.

Até mesmo a construção de seus mapas e dungeons é primoroso. A sensação é de se mover por pequenas maquetes. Feitas com muita engenhosidade para em seu espaço diminuto, parecerem gigantes. Um level design muito inteligente, cheio de caminhos e atalhos que facilitam muito o rápido reconhecimento da área.  

Talvez, ele pudesse ser um pouco mais polido, joguei no computador e não é um jogo tão bem otimizado como poderia, mas de verdade, cada detalhezinho dele é excepcional. As diferentes armas, poderes e os puzzles secundários ou não, tudo funciona muito bem, em parte pela sua consciência de tempo, mas também graças ao seu primor mecânico.

Tudo tem que acabar

Deaht’s Door é um jogo de mais ou menos 10 horas e realmente, mais 5 horas e ele perderia parte do brilho, mas a sensação é realmente de que os desenvolvedores estavam conscientes disso. Parte de seu conteúdo é secundário e estão ali para pessoas como eu que desejam mais.

Não estamos falando de um jogo qualquer aqui, um dos vários que saem e são esquecidos com o tempo. Death’s Door é único, mesmo não sendo tão diferente do resto. O carinho dos desenvolvedores com a sua criação é palpável e o tempo todo, o sentimento é de que cada micro momento,diálogo ou arte foram planejados e repensados até a perfeição.

Carismático ao extremo, divertido, com ótimos combates e uma exploração sempre recompensadora. Fica difícil não se encantar, entretanto, ele não para por aí, também mergulha em uma história interessante e cheia de assuntos a se debater. Com certeza, Death’s Door é um dos meus jogos de 2021, justamente pois sabe que precisa acabar e principalmente, entende como fazer.

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Nome do jogo:

Death's Door

Publisher:

Devolver Digital

Desenvolvedora:

Acid Nerve

Plataformas Disponívies:

PC, Xbox One, Xbox Series S|X

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge