Crítica: Evil Genius 2 – O próprio vilão de suas ideias

Evil Genius 2 é um jogo de administração puxado para a comédia. Continuação do game lançado originalmente em 2004 para computadores, ele chega com novos gráficos e ideias parecidas. Você é um super vilão e o objetivo é dominar o mundo, entretanto já adianto nessa crítica de Evil Genius 2 que pouco do jogo funciona. 

Era pra ser engraçado?

No objetivo de dominação mundial, o jogador precisa construir sua base, melhorar campanhas e aos poucos sondar países para conseguir mais dinheiro e outros elementos que surgem na narrativa do jogo. Tudo isso com um humor muito fraco. 

Sua narrativa é dividida em missões que evoluem e acrescentam mecânicas ao jogo. Ao mesmo tempo existem objetivos secundários que garantem mais super vilões para o time, dinheiro extra e etc. É uma forma inteligente de criar progressão e narrativa em um jogo tycoon como Evil Genius 2, entretanto, todas essas seções são repletas de piadas que não funcionam.

Todos os diálogos, interações com o cenário e ideias tentam ser divertidos e carismáticos, mas passam longe disso. Não chega a ser vergonhoso, nem parece “piada infantil” é realmente mal escrito. Piadas forçadas que não causam sentimento nenhum a ponto de demorar a ser óbvio que estavam tentando ser engraçados. Quando acaba o diálogo surge o pensamento “isso era pra ser engraçado?”.

Na interação é a mesma coisa, na morte de capangas ou no treinamento deles existe sempre uma tentativa de ser cômico. É comparável com diversos jogos do gênero. O mais recente, Two Point Hospital, consegue ser divertido na forma que trata as doenças e é legal ver as animações e como funciona, em Evil Genius 2 praticamente todos esses elementos são descartáveis. Tudo parece não ter criatividade, como se fosse feito por pura obrigação de ser cômico, é como se não houvesse alma. Problemas que seriam ignorados caso ele fosse bem estruturado mecanicamente, algo que não é. 

Evil Genius 2 quebrou na sua mão

Evil Genius 2 é mecanicamente desconjuntado e parece que isso tenta ser recompensado o tornando praticamente sem riscos. É como se ele não soubesse ser complexo ou simplificado, causando uma bagunça que não funciona. Ao mesmo tempo que é fácil entender o objetivo e o loop do jogo, os empecilhos que surgem na campanha praticamente não fazem diferença e o tempo todo parece que não temos controle da situação.

A questão do jogo é ter que administrar o seu “vilanismo” enquanto agentes tentam invadir. É necessário manter o aumento da base, se preocupar com energia e com a segurança do local. Planejar armadilhas, posicionar guardas e câmeras são maneiras de garantir que agentes não entrem na base e consigam roubar informações ou dinheiro. Entretanto, os agentes praticamente não fazem diferença.

Eu fiz o teste e mais de uma vez deixei entrarem e saírem sem matar nem enfrentar. Nada drástico aconteceu, no máximo, algo que eu faria em 5 minutos, demorei 6,7 para concluir. É um empecilho praticamente indiferente e mesmo assim, caso você se esforce para impedir, é dificultado pela falta de gerenciamento do jogo.

É possível criar uma sala de segurança, com capangas mais fortes e pessoas tomando conta das câmeras de monitoramento. Entretanto, esses minions tem necessidades e precisam resolver e não tem como administrar esses momentos. O que acontece?  Caso o seu lacaio tenha que sair, as câmeras ficam inoperantes e o que já quase não fazia diferença ativo, além de não funcionar, cria diversos ícones pelo mapa sobre o problema que o jogador não tem como resolver.

É como se o jogo o tempo todo estivesse prestes a quebrar na mão do jogador. É tudo desconjuntado sem muita comunicação e mesmo que a ideia seja boa, o jogo se torna quase um clicker de conseguir dinheiro para evoluir a base e cumprir missões. Até mesmo as habilidades de super vilão são terríveis de usar a ponto de que mesmo fazendo exatamente o que é para fazer, parece estar errado. 

Poderia, mas não é

Evil Genius 2 tem tudo pra ser um bom jogo e peca quando tenta ser dois jogos diferentes. Ao tentar ser simples demais sua narrativa, comédia e carisma não sustentam, ao mesmo tempo, ao tentar criar desafios, não é complexo o suficiente para dar uma sensação de controle da situação. Dessa forma, o game se torna um clicker que exige mais atenção do que jogos do gênero precisam e um tycoon quebrado que consegue ser frustrante ao mesmo tempo que não tem desafios.

Infelizmente, Evil Genius 2. Ele poderia ser excelente, criar possibilidades diferentes, permitir o jogador ser criativo e dar mais abertura na administração. Isso o faria melhor independente de suas piadas ruins, entretanto não é o que acontece aqui. Evil Genius 2 é o vilão de suas ideias e não vai além disso. 

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