Crítica: Final Fantasy VIII Remastered – Mais do que necessário

Por Silvio Diaz

É difícil não cair em anacronismo quando se joga um jogo como Final Fantasy VIII. Carregando todo o fardo de ser uma sequência a altura da saga dos reatores Mako, o jogo de 1998 lançado originalmente para Playstation abusa de sistemas complicados que pouco ensinam para causar uma impressão de grandiosidade logo no início.

FFVIII é um jogo que te força a definir ações básicas de personagens, como usar itens ou magias, e casa isso com o uso das Summons, invocações poderosas de criaturas mágicas com animações longas e cinematográficas. É necessário atribuir uma a cada personagem do seu grupo, basicamente, para poder atribuir as funções básicas comentadas.

Com qual motivo? Simplesmente pelo fato de que a Square podia fazer esse sistema na época.

Imagino como deve ter sido, manter o ritmo de lançamentos e ainda sim o hype na altura, quando visto o sucesso do jogo anterior. O aumento gordo que Tetsuya Nomura deve ter tido em seu salário deveria ser refletido na mesma proporção no número de zíperes, plumas, e discursos de grandeza na criação dos personagens. Para a equipe do Gameplay, o jogo deveria ter pelo menos o dobro dos indicadores de stats. Medidores de experiência, vantagens e fraquezas e demais contadores que te colocavam em cheque e adicionavam algumas horas a mais antes de se sentir seguro para avançar nos próximos níveis.

Obviamente, dado ao público alvo de RPGs em 1998, um baita copo de personagens “lobo-solitário-resolvo-tudo-sozinho-e-não-preciso-da-ajuda-de-ninguém”. Mas daqueles copos bem servidos de chope vindo do garçom que já te conhece, mas ele não está num dia muito bom e acaba fazendo espuma demais, derramando mais do que deveria. Squall, Seifer, Zell, até mesmo as versões de Wedge e Biggs, foram feitos no arquétipo meio gótico de Vincent Valentine, ou como se o protagonista de Dragon Ball fosse o Vegeta.

Final Fantasy 8 luta

Logo, passado o espírito revoltado feito para agradar jovem do final dos anos 90, o que sobra é uma trama de conspiração com muita magia, aventura e movimentos de resistência. Sem falar na pitada de vivência de escola que pautam um anime shonen extremamente divertido. É aí que entra o fato de estar jogando um Remaster.

Sinceramente, hoje em dia, parece extremamente intragável jogar Final Fantasy VIII como ele foi concebido. O grinding seria excessivo, os sistemas deveriam ser automatizados por inteiro ou simplesmente não existirem. São camadas de decisões em prol de criar mais camadas, que no final pouquíssimo fazem a diferença. No final de contas, todas as opções de acessibilidade são quase obrigatórias para poder ser aproveitado.

O framerate base do jogo é estupidamente ruim, e a opção de acelerar a velocidade o torna incrivelmente mais palatável. Combate aleatório com o fluxo e tempo de animações do original eram muito longos e os atalhos facilitam muito nesse sentido. As texturas foram melhoradas nos personagens, de forma excelente, dado como a Square costuma a tratar relançamentos dos seus jogos. Nesse quesito, apenas sinto falta de um trabalho caprichado nos cenários estáticos utilizados, mas isso levaria o jogo a basicamente um remake.

Claramente, FFVIII não é um jogo perfeito. Mas o Remaster vem em função de torná-lo aproveitável novamente e isso pode ter certeza que faz muito bem. Não vai alcançar novas audiências, mas está lá como a sua memória provavelmente te lembra de como eram as coisas em 1998, o que já é motivo o suficiente para dar uma chance.

Escrito por Gabba Fernandes

Está crítica foi escrita em base de uma cópia cedida pela Square Enix na versão de Playstation 4 para o Game Lodge

Final Fantasy VIII está disponível a partir do dia 3 de Setembro para Nintendo Switch, Playstation 4 e Xbox One.