Crítica – Final Fantasy XIV: Endwalker

Por Pedro Ladino

Nota: 10

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

A equipe de Final Fantasy XIV tinha duas barreiras a superar com Endwalker pela frente: como encerrar de uma maneira satisfatória uma história que está sendo contada há pelo menos 11 anos? E como chegar ao nível, ou até então elevar, o que foi feito em Shadowbringers. Pois bem, Final Fantasy XIV Endwalker conseguiu, de longe, acertar ambas as metas.

A expansão final do arco de Hydaelyn vs Zodiark superou todas as minhas expectativas e me presenteou com uma experiência que eu há tempos não sentia com videogames.

Quando eu comecei a jogar Final Fantast XIV no começo desse ano, eu não imaginaria que eu ficasse tão imerso em um mundo como fiquei. Nunca havia jogado um MMORPG, mas o fato de que o game da Square Enix trazia uma história com aspectos single-player, me fez querer testar e logo fui fisgado.

Mesmo A Realm Reborn, com seu ritmo e estrutura problemática (e olha que eu joguei já com o rework do 5.3), ainda me deixou interessado na narrativa, pois a escrita era muito boa. Heavensward, a criticamente aclamada expansão, é maravilhosa como todo mundo fala. E Stormblood, que possuí alguns problemas com seu ritmo, ainda é bastante divertida, mas fica atrás da sua sucessora.

Então veio Shadowbringers, a expansão que colocou o “FIFINHA” na boca do povo, trouxe um ar diferente para o jogo, explorando diversas partes do lore, desconstruindo tudo que sabíamos até agora e que deu humanidade a todos os personagens. Tudo graças a Natsuko Ishikawa. A roteirista já havia aparecido durante todo o percurso do jogo, com as questlines da Crystal Tower, Omega, Dark Knight (que inclusive estou fazendo nesse momento e uau), sem falar na melhor parte de Stormblood: Azim Steppe, entre outras. O trabalho de Ishikawa em Shadowbringers até rendeu uma salva de palmas durante a PAX West.

Chegamos então a Endwalker, o final da história, pelo menos por agora. Ainda que todos os seus temas provavelmente já tenham sido planejados desde o começo, a influência da pandemia do Coronavírus é nítida durante toda a história. Ishikawa, retornando aos roteiros, traz uma história com um tom mais niilista e, novamente, de uma ótima e emocionante maneira, despedaça todas as expectativas que eu tinha com Endwalker.

Final Fantasy XIV me ajudou a superar esse ano de 2021. Eu perdi meu avô e precisava de algo para tentar fugir um pouco da realidade e é por isso que o enredo de Endwalker e dos temas que ele trata me afetou tanto. Honestamente devo ter chorado umas 5 vezes, a história vai a lugares e mostra coisas que eu não esperava ver aqui e realmente dá a sensação de que o final estava próximo e que nunca mais veria nenhum desses personagens.

A nova expansão traz uma das histórias mais maduras que vi em videogames e me pergunto como eles irão superar isso em um vindouro novo arco. Além disso, o roteiro é bastante lotado com momentos cômicos, trazendo um bom equilíbrio, sem querer ser sério e denso o tempo inteiro.

Desde Shadowbringer, o game aprendeu a dosar sua narrativa, sem nada parecer enrolado ou chato, claro, sempre lembrando que estamos falando de um MMO, então temos que ter algumas fetch quests, mas isso se perde no mar de maravilhas que é a história dessa expansão.

Algo que me surpreendeu foi a parte técnica em relação a cutscenes e animação. Está tudo muito fluido, como se tivesse elevado ao máximo o potencial da engine. A cinemática é um show à parte, expressões faciais, trabalhos de voz, seja em inglês ou japonês, tudo foi perfeitamente executado para passar a mensagem que queriam.

Em termos de gameplay, eu adorei que eles tentaram mudar um pouco as solo instances, trazendo mais momentos de stealth e perseguição. Alguns não deram certos e demoravam mais do que deviam, mas o saldo foi satisfatório, mudanças são sempre bem-vindas. O trust system, que apareceu pela primeira vez em Shadowbringers, foi melhorado e os NPCs agora reagem muito bem as dungeons, também há um outro segmento em que podemos utilizá-los, mas entraria em spoilers. Espero que no futuro eles consigam levar esse sistema para os conteúdos antigos. Os novos trials são espetaculares e trazem novas mecânicas também.

Falando em coisas espetaculares: as novas áreas, em especial as duas últimas, são de longe uma das melhores do jogo inteiro. As novas dungeons são ótimas, com exceção de uma, todas foram bem satisfatórias. Algo que eu gostei foram que os bosses das mesmas estão mais difíceis do que o costume, talvez por ser o endgame, os desenvolvedores decidiram aumentar um pouco a dificuldades, afinal, se você está nesse ponto da história, você já sabe como jogar o game.

As sidequests, pelo menos as que eu fiz, estão com boas escritas e não só somente “fale com fulano 1, 2 e 3” e acabou. O jogo trouxe de volta também as roles quests, e devo dizer que a de Ranged DPS é decepcionante. Conversando com outros jogadores, eles também tiveram a mesma experiência das demais questlines, com exceção da de Healer, que é a única que está sendo elogiada, pelo menos em minha bolha.

Em relação aos novos Jobs, Reaper e Sage, ainda não posso falar muito. Apenas testei Reaper e gostei bastante do que vi, talvez eu o utilize como meu main melee em vez do Samurai. Possuo muito interesse em  Sage pelo fato de ter armas que me lembram Gundam, mas devo admitir que healer não é muito minha praia e fiquei traumatizado após algumas runs de Astrologian.

Masayoshi Soken, também conhecido como Deus, trouxe novamente brilhantes composições. Eu acredito que Endwalker é a expansão em que mais se beneficiou dos le motifs, pois se utiliza de musicas das histórias anteriores, o que cria um clima de nostalgia e que a jornada está realmente no fim.

Claro, nem tudo é perfeito. O jogo está fazendo sucesso, ao ponto de, no momento em que escrevo essa review, o jogo ter suas vendas suspensas, pois muitas pessoas estão tentando jogar. Problemas de conexão, filas gigantes, inúmeros erros, foram alguns dos empecilhos que o jogo vem tendo.

Final Fantasy XIV: Endwalker encerra uma história de 11 anos, entre fracassos e sucessos, o game se mantem como a melhor história da série.

Nome do jogo:

Final Fantasy XIV: Endwalker

Publisher:

Square Enix

Desenvolvedora:

Square Enix

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Playstation 5