Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
A vida é uma caixinha de surpresas, se alguém me dissesse que em 2024 teríamos o anúncio de um remaster de Freedom Wars, eu o chamaria de maluco. Como possuidor e admirador do PS Vita, existem alguns jogos ainda exclusivos do portátil da Sony que eu sempre quis testar. Freedom Wars é um desses títulos, mas com o fechamento dos servidores, eu o coloquei abaixo na lista de prioridades, e do nada, a Bandai Namco nos traz Freedom Wars Remastered.
Estaria mentindo se eu dissesse que Freedom Wars é um dos meus jogos mais esperados de 2025, mas com certeza é um dos que eu estava no mínimo curioso. Apesar de não ter jogado o original, eu já havia assistido alguns vídeos dele ao longo dos anos.
Pois bem, aqui estamos.
Originalmente desenvolvido pela Shift e Dimps Corporation e publicado pela Sony, Freedom Wars é um jogo de ação onde você joga como um Ímpio, um personagem customizável e que foi condenado a 1 milhão de anos na cadeia por simplesmente existir e que precisa servir em missões para diminuir essa sentença, ao mesmo tempo que luta pela sua sobrevivência nesse mundo onde a humanidade está passando por maus bocados.
O jogo é praticamente igual ao original, com alguns balanceamentos e melhorias para a atual geração de consoles, além da adição de um modo que deixa o jogo mais difícil e punitivo.
Esse jogo para mim tem duas partes bem distintas, a parte da prisão, onde a história de fato ocorre, e a parte de jogabilidade, que incluem as missões que você precisa fazer para progredir na narrativa.
Começando pela segunda, a jogabilidade altera entre uso de armas corpo a corpo e armas de fogo. Temos vários tipos, como lanças, espadas, espadas grandes; armas leves; lança-granadas, armas de assalto, etc.
A jogabilidade das armas corpo a corpo é bem truncada, especialmente contra inimigos humanos. Você pode testar os variados tipos de armas, mas a realidade é que ela só funciona mesmo contra inimigos e chefes maiores, como os abdutores. Quando for para enfrentar algum inimigo que está vindo em sua direção, a arma de fogo é melhor, não importa o quão perto eles estejam de você, é a maneira mais eficiente de fazer isso.
Nós temos um espinho, e com ele podemos fazer algumas coisas, como colocá-lo no chão para recuperar vida, aumentar a defesa e, principalmente, se deslocar e eventualmente escalar um inimigo para atacá-lo. Basicamente corresponde às três classes do jogo, onde você pode jogar de maneira ofensiva, defensiva ou sendo o curandeiro do grupo, é algo que vai funcionar principalmente para o online.
O crafting do jogo funciona a partir de peças coletadas durante as missões, você tem que destruir partes dos inimigos grandes e pegá-las pelo chão. Com isso você consegue aumentar o nível de suas armas, colocar elementos nelas, explorando as fraquezas dos bichões. Inclusive, eu achei esse sistema uma bagunça, ainda mais pela quantidade de variações e itens que você começa a acumular, o que eu entendo que você irá reciclar depois por pontos, mas é tanta coisa que te deixa um pouco perdido.
Agora sobre as missões, elas são bem repetitivas e sem muitas variações. O jogo até tenta mexer nelas um pouco, mas o resultado final é o mesmo e é algo que chega a ser cansativo e talvez seja o ponto mais negativo do jogo.
Temos missões de defender a base, resgate de cidadãos, chegar até certo lugar em determinado tempo e por fim, eliminação de inimigos. Eventualmente você enfrentará chefões, mas o looping de jogabilidade é exatamente o mesmo isso ai. Você é obrigado a fazê-las para não apenas avançar na história, mas também diminuir a sua sentença.
O jogo é bem focado no multiplayer. Para essa crítica eu acabei jogando apenas no singleplayer e a IA dos NPCs é bastante funcional e é possível terminar a campanha apenas jogando com eles. Obviamente eu passei raiva várias vezes pois eles passavam por momentos de desinteligência em algumas missões, eu quase perdi 40 minutos de progresso por causa deles, uma vez.
Já as missões de níveis mais elevados, principalmente as que são liberadas após o término do jogo, são completamente balanceadas para o multiplayer. Claro que se você passar horas e horas grindando novos equipamentos, talvez você consiga passar dessas missões, mas o jogo perde muita força por conta das missões repetitivas e acaba te deixando desencorajado.
Talvez a parte que mais me surpreendeu foi que eu achei a história… competente? Eu estava esperando que seria algo que serviria apenas de pano de fundo para o gameplay, mas eu acho que foi um trabalho bem feito. A começar pelo elenco de voz japonês, eu tomei um susto, Deus o tenha, quando ouvi a voz do Keiji Fujiwara, por exemplo.
Toda a vibe da prisão, chamada de Panóptico, com todas as limitações de privilégios que você tem ir liberando com Pontos de Elegibilidade, os diferentes níveis de CODE, eu achei bem feitinho e de longe a melhor parte do jogo. Não é nada de outro mundo, longe disso, é algo apenas competente e isso funciona? É simples, mas funciona.
A história até tenta ficar mais complexa à medida com que você vai avançando, mas nunca chega a ficar extremamente profunda ou muito bem trabalhada. Toda essa parte de conceito e história do mundo ficou a cargo da Shift Inc, que trabalhou nos dois primeiros God Eaters e mais recentemente Code Vein, então talvez se eles tivessem cuidado também da jogabilidade, Freedom Wars seria um jogo bem mais redondinho.
Enquanto jogava, um pensamento sempre me ocorria “por que trazer esse jogo de volta agora?” Claro, com servidores fechados e a loja do PS Vita nas últimas, impedir as pessoas de jogarem o grande foco do seu produto, é algo completamente anti-consumidor, mas isso infelizmente é algo que acontece direto. Quando terminei a história, eu meio que entendi a razão, mas me pergunto se o remaster fará o suficiente para alcançar novas pessoas e ganhar uma sobreviva a fim de ganhar uma sequência. Mas eles estão tentando.
O jogo original foi publicado pela Sony, o remaster veio pela Bandai Namco, que não apenas publicou como localizou, eu fiquei extremamente surpreso que temos legendas e menus em PT-BR e diversas outras opções de linguagens, então eles realmente querem alcançar mais gente.
Inclusive tem um bug onde meu jogo ficou com legendas em francês do NADA.
Só fico me perguntando se o público estará presente, talvez os fãs mais antigos de fato voltem, a reação ao anúncio do remaster foi bem positiva, mas não sei se será o suficiente. Caso ocorra uma sequência de fato, eu estarei lá.
Não sei como chegamos até aqui, mas Freedom Wars está de volta. A jogabilidade é truncada, mas a história é mais do que apenas um pano de fundo e foi algo que me deixou intrigado ao longo da campanha.
Freedom Wars Remastered
Dimps Corporation
Bandai Namco Entertainment
PC, Playstation 4, Nintendo Switch