Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Fuga: Melodies of Steel é uma franquia que aos poucos foi criando sua base de fãs e sobreviveu graças ao apoio dos furries de todo o mundo. A série é um projeto da CyberConnect2, conhecida pelos jogos de lutinha de animes, como Naruto, e chega a seu terceiro e último jogo com Fuga: Melodies of Steel 3.
Acompanho a franquia desde seu lançamento inicial em 2021, então esse terceiro jogo era um dos meus jogos mais esperados do ano, ainda mais após o lançamento do seu primeiro trailer, se mostrando um projeto mais ambicioso, em termos de história, que os jogos anteriores.
Fuga: Melodies of Steel 3 começa logo após a cena secreta do último jogo, onde Malt recebe uma visita inesperada e acaba desaparecendo. As crianças então partem em busca dele, embarcadas novamente no tanque Taranis. Em meio a isso, o Império Berman novamente entra em guerra contra Gasco.
Logo nos primeiros minutos, essa ambição se mostra presente, aprofundando certos elementos presentes em Fuga 2 e que foram deixados de lado sem qualquer motivo. Bom, agora sei por quê. Como esse já é o terceiro jogo, tudo já está bem estabelecido, você sabe quem são os personagens centrais, o conflito entre Berman e Gasco, e tudo isso deixa espaço para Fuga 3 focar em algo novo, ou deveria.
Explorar o passado desse mundo era algo que eu esperava ser apresentado, já que no jogo anterior isso foi tocado aqui e ali, com a presença de duas figuras bem distintas do restante do elenco.
Ao mesmo tempo que eu acho que esse enredo sozinho não fosse suficiente para sustentar um jogo inteiro, eles terem dividido o foco com mais guerra deixou essa parte um tanto corrida, ao ponto de parecer dois jogos diferentes quando temos a mudança de núcleo, por mais que no geral funcione sem grandes problemas.
Entendo que a primeira parte serve como setup para um dos pontos principais do jogo, envolvendo Malt e Mei, mas como eu estava com grande expectativa para isso, me deixou um pouco decepcionado. Existe um novo grupo de personagens que são bem rasos e a participação de um de seus membros na história era algo que eu esperava que tivesse mais destaque.
O conteúdo adicional teve uma leve expandida, além dos já conhecidos eventos de afinidade entre os personagens do tanque, alguns secundários também ganharam destaque. Uma coisa que me surpreendeu foi o Akasha Panel, que é quase um flowchart onde você explora memórias dos assistentes, confere os finais adquiridos e funciona como um hub para fazer compras após o término dos capítulos.
Também fiquei surpreso com a quantidade de diálogo dublado presente nesse jogo, a desenvolvedora quis fazer desse encerramento algo bem especial.
No geral, Fuga 3 consegue fechar bem a trilogia e estou bem interessado no que a CyberConnect2 irá fazer no mundo de Little Tail Bronx daqui para frente.
Um dos grandes problemas de Fuga 2 é que jogar ele e o primeiro são basicamente a mesma experiência, a jogabilidade é igual e tem zero variedade, com apenas a história mudando. Em ambos os jogos, você passa mais ou menos 15 horas fazendo o mesmo. Fuga 3 adiciona algumas novidades em sua jogabilidade e deixa a experiência um tanto mais refrescante, mas é algo que não se mantém após quase 20 horas de jogo, onde, novamente, o gameplay fica bem repetitivo.
Você vai andando pelas fases com o seu tanque, destruindo inimigos, escolhendo caminhos, coletando itens, explorando dungeons e então chega no chefe daquela seção. É basicamente o mesmo dos jogos anteriores.
Vou além dizer que as adições deixaram o jogo bem mais fácil no geral. Eu nunca consegui o final verdadeiro de primeira em nenhum dos dois jogos anteriores, mas nesse aqui, logo de cara, foi muito fácil. Os inimigos comuns são mais “desafiadores” que os chefes, e em momento algum eu me encontrei perto de ter que sacrificar alguma das crianças.
Primeiramente, uma mecânica de combo que aumenta o dano conforme você atira nos inimigos com a fraqueza certa. Quanto mais combo você acumula, uma barra de Burst vai sendo preenchida e dá um disparo automático com alguns efeitos dependendo da dupla de personagens presentes no momento.
Agora, a coisa mais quebrada é o sistema de habilidades do Líder. Cada criança possui uma habilidade específica que será ativada aleatoriamente. Eu não sei o quão aleatório realmente é, mas simplesmente ocorria quase sempre, especialmente na primeira metade do jogo.
Outra coisa são as Assistências, onde personagens que você conheceu ao longo da série, sejam amigos ou inimigos, podem ser convocados para dar dano e ativar algum efeito especial.
Por exemplo, Flam Kish, uma das antagonistas do jogo anterior, ao ser chamada, quebra duas armaduras de todos os oponentes presentes. Outros personagens aceleram seu turno, recuperam SP, diminuem o dano tomado, etc.
Assim como as crianças, os personagens de assistências possuem eventos de afinidade que podem ser acessados em um determinado local, que irei comentar depois.
A Taranis também teve uma grande novidade com a implementação do Omega Terminal, onde você ganha três sistemas bem interessantes: um “minigame” de escavação, onde você coleta Virtual Points, uma moeda exclusiva do terminal, a Skill Manager, para liberar algumas habilidades com essas moedas e uma loja, a melhor coisa adicionada no tanque, especialmente em casos quando faltam poucos itens para dar upgrades.
Também tem o Mega Soul Cannon, onde sacrificamos todas as crianças de uma vez, em vez de apenas uma, mas como eu falei acima, o jogo foi tão fácil que nem cheguei a utilizar por mim mesmo.
Por fim, tem um sistema de transmissão, que são pontos marcados nas fases em que você fala com seus assistentes. São cenas bem bacanas.
De resto, o jogo continua tendo a trilha sonora maravilhosa da Chikayo Fukuda e o uso dos temas dos jogos anteriores caiu como uma luva em diversos pontos do jogo. A arte e a escolha de contar a história em visual novel se mantêm acertada, nos momentos de maior ação do jogo, conseguiram entregar algo ótimo e empolgante.
No geral, eu acho que saí mais satisfeito desse jogo do que o segundo, mas saio também com a sensação de que ele poderia ter sido bem melhor, se fosse menos corrido. A segunda metade do jogo destoa bastante em ritmo e impacto e a falta de dificuldade impediu que o gameplay se destacasse mais.
Tropeços narrativos e adições sem muito efeitos na jogabilidade não impedem Fuga: Melodies of Steel 3 de fechar a trilogia de uma forma satisfatória. É um universo que gostei muito de acompanhar desde sua estreia em 2021 e não me arrependi nem um pouco.
Fuga: Melodies of Steel 3
CyberConnect2 Co., Ltd.
PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S|X, Nintendo Switch