Crítica: Fuga: Melodies of Steel é um jogo humilde

Por Pedro Ladino

Nota: 8

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

Conhecida pelos jogos de Naruto e a série .hack, a CyberConnect2 agora se aventura ao criar um jogo totalmente original e auto-publicado. Porém, isso não começou agora.

Em 1998, a desenvolvedora lançou Tail Concerto, um game de PlayStation que daria um pontapé inicial em um vindouro universo compartilhado da CyberConnect 2: Little Tail Bronx, o game não chegou a ter um grande número de vendas, mas teve boas notas dos críticos da época. O segundo game, Solatorobo: Red the Hunter, foi lançado em 2010, agora no Nintendo DS, também obteve boas notas, apesar do baixo número de vendas. Little Tail Story, o terceiro jogo da série, foi lançado em 2014 para Android e iOS.

Em 2019, a CyberConnect2 anunciou Fuga: Melodies of Steel, o quarto jogo da série Little Tail Bronx. O jogo seria o primeiro título auto publicado da desenvolvedora, um RPG em turnos, ambientado em um universo inspirado na França, durante a Segunda Guerra Mundial. Após inúmeros adiamentos, o jogo foi lançado agora em 2021.

Em Fuga: Melodies of Steel controlamos 12 crianças que vivem em Taranis, um tanque de guerra misterioso que apareceu após a vila de nossos protagonistas ser atacada pelo Exército Berman. As crianças tem como objetivo cruzar o país e resgatar seus entes queridos que foram capturados pelo exército. Ao decorrer do caminho, novos personagens irão entrar na equipe.

https://youtu.be/CbjXMMH0JzI

Vale dizer que eu pessoalmente não tive contato com os três jogos anteriores. Tive interesse em Fuga ao ver seu estilo artístico, totalmente em 2D e devo dizer que é de longe a melhor parte do jogo. O design de personagens do game é  incrivelmente bom, a arte inteira possui  um charme.

Infelizmente, a minha relação de amor aos personagens acaba por ai. Eles são bastante rasos, cada um com seu trope de anime e mesmo com o sistema de afinidades, que permite explorar mais as relações entre os personagens, é tudo bastante simplório. Fuga é um jogo simples.

Falar de Fuga: Melodies of Steel é um tanto difícil para mim. Eu sinto que o jogo é bom, realmente bom, mas ele é só isso. Eu sei que é uma afirmação estranha, mas é assim que me sinto com ele. Ele tinha o direito de ser melhor.

Jogabilidade funcional, dificuldade frustrante.

O game possui um combate em turnos, o que ganha muitos pontos comigo, razoavelmente simples. Temos três tipos de armas, onde cada uma tem um estilo e objetivos diferentes dentro da batalha. O grande chamariz do combate é o Delay, que permite atrasar os turnos dos inimigos. Para usar, basta atirar neles com a cor correspondente ao relógio que aparece. Após o turno dos inimigos chegar, os relógios voltam para que você possa usar o delay novamente.

Além disso, alguns inimigos possuem escudos, dificultando o dano dado pelo jogador, então temos que usar certo tipo de arma para perfurar esses escudos. 80% do jogo é assim, sem muitos problemas, até que ele começa a ficar frustrante. Os inimigos começam a tankar e dar muito mais dano de uma forma desproporcional, que nem com buffs e debuffs, o jogador consegue garantir que irá passar da missão. Algumas das batalhas podem durar muito tempo, o que não é um problema per se, porém se você é derrotado, tem que voltar desde o último Intermission, e se não for um perto de algum boss, você pode perder quase 1h de jogo, pois os savepoints são limitados e não o game possui save manual.

Então entra o dilema do jogo: o Soul Cannon. O Soul Cannon é ativado durante as batalhas de bosses, e o gatilho para isso é caso o tanque possua menos da metade de seu HP. Você pode escolher acabar com a batalha ali mesmo, PORÉM, terá que sacrificar um de seus personagens. 

No tutorial, quando usamos o Soul Cannon, mostra que os personagens ficam depressivos e param de querer lutar, dando game over no jogo. Eu usei pelo menos três vezes e não fez nenhuma diferença para a história, e nem game over,  apenas fez com que os personagens usados ficassem borrados nas cutscenes.

O ponto que quero chegar é: ou você refaz quase 1h de jogo, pois algumas fases são grandes, com a mínima chance dos buffs funcionarem,  ou sacrifica um personagem.

Intermission

Durante as fases, temos os momentos de Intermission, que é onde os personagens conversam entre si, melhoramos equipamentos e o tanque. Temos dormitório, lavanderia, fazenda, cozinha, workshop e mais.

Como citei acima, o jogo possui um Sistema de Afinidades, então quem você escolher controlar durante os momentos de Intermission, irá aumentar o relacionamento entre os personagens e desenvolvê-los mais. Tudo é feito através do sistema AP, que possui um número limitado a cada Intermission.

Para falar com personagens 1 AP é gasto, para pescar itens para farm, melhorar armas, plantar, 2 pontos são utilizados, e por aí vai. Cozinhar lhe garante buffs pela fase, por exemplo. As áreas do tanque podem ser expandidas e a qualidade de vida vai melhorando.

Os personagens são simples, como falei antes, alguns funcionam melhor, outros menos, mas no final é algo raso, mas que funciona. O jogo claramente não é nada sutil em alguns momentos, até por conta da ambientação dele, mas fica tão na superfície que é difícil tirar algo dali.

O mistério sobre a voz no tanque foi o que me fez continuar a querer saber da história e devo dizer que valeu a pena. A reta final do jogo é ótima, ao ponto de ter salvo o jogo para mim. O game possui um fator replay forte, com a opção do New Game+, onde temos a oportunidade de jogar sem sacrificar nenhuma das crianças conquistar o final secreto.

Também acho válido ressaltar o quão boa é a trilha-sonora do jogo composta por Chikayo Fukuda e Yoann Gueritot, em especial a de batalha de bosses.

Apesar de personagens simples, Fuga: Melodies of Steel traz uma história cativante e emocionante. O jogo traz uma carga de humildade da desenvolvedora e demonstra que cada detalhe foi feito com amor.

Nome do jogo:

Fuga: Melodies of Steel

Publisher:

CyberConnect2

Desenvolvedora:

CyberConnect2

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Nintendo Switch