Crítica: Gravity Heroes – uma curta e divertida viagem sem gravidade

Escrito por Arthur Tayt-Sohn
Crítica

Em Gravity Heroes, jogo brasileiro de tiro e plataforma, seu controle da gravidade irá determinar seu sucesso. Conheça um pouco mais desse criativo título nacional.

Heróis gravitacionais

Em algum momento no futuro, o tratado de paz entre os humanos e os sintéticos foi rompido. Enquanto uma rebelião se inicia, cabe aos Gravity Heroes impedir o ataque e investigar a razão para que os sintéticos atacassem.

Podemos escolher entre Abel, Nala, Magnus e o simpático sintético El Tostador. A escolha do personagem é puramente pessoal, já que eles não possuem habilidades diferentes entre si, alterando somente a estética e diálogos no modo campanha.

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Após escolher seu herói, ou heróis caso esteja jogando com amigos, você deverá passar por quatro áreas, cada uma com duas fases e um chefão final. A cada inimigo final derrotado, recebemos um disco que contém parte das informações da razão para esse ataque. Seu objetivo é conseguir todos eles e desvendar esse mistério.

A história é bem simples e direta, o que não é um problema. Como a campanha do jogo é bem curta, podendo ser concluída em algumas horas, não existe uma razão para tentar desenvolver uma narrativa muito complexa. A campanha acaba servindo para ensinar as mecânicas ao jogador, em uma curva de aprendizagem satisfatória.

Tiro, gravidade e bomba

À primeira vista, o jogo é um shooter de plataforma, com ondas de inimigos entrando no cenário em um tempo pré-determinado. Mas apenas ficar no chão pulando e atirando não é o bastante. Na maior parte do tempo você vai precisar alterar o centro de gravidade ao seu favor.

Isso é feito utilizando o analógico direito, sendo possível alterar para cima ou para baixo, além dos lados. Ou seja, seu herói poderá caminhar em todas as paredes do cenário. E é claro que seus inimigos também são capazes de fazer o mesmo.

Dessa forma, é importante conseguir uma vantagem em sua posição com relação aos inimigos, atirando de algum lugar que o inimigo não tenha ângulo para revidar, por exemplo. O controle da gravidade também é uma defesa, para fugir de tiros que sejam impossíveis de pular por cima, ou para fugir de armadilhas colocadas pelos inimigos.

O comando do centro de gravidade inicialmente é complexo e requer um tempo de domínio. No início da campanha eu alterava somente entre o chão e o teto, até que consegui realizar manobras mais complexas. O próprio jogo em alguns momentos te incentiva a dominar melhor o centro gravitacional, como por exemplo em trechos onde não é possível encostar em nenhuma parede.

Além dessa habilidade, contamos com diversas armas e power ups nas fases, que aparecem de forma aleatória. Desde escopetas, metralhadoras, lançadores de foguetes e granadas, até itens defensivos como aumento de velocidade, armadura e é claro, itens de recuperação de vida.

Como as armas aparecem de forma randomizada, não é exatamente possível formular uma estratégia para as fases. Você acaba contando mais com a sorte nesse caso, mas isso acaba não fazendo tanta diferença porque nenhuma arma é indispensável para as missões. Os itens defensivos acabam fazendo mais diferença.

A curva de aprendizagem do jogo é bem interessante. A medida que vamos avançando, as fases ficam mais complexas e mais inimigos são apresentados. O jogo não é exatamente desafiador no modo normal, com exceção do chefão final que tem uma dificuldade bem acima da media. E claro que se você gosta de um desafio a mais, pode experimentar o modo hard quando finalizar a campanha.

Além da campanha, o jogo conta com um modo arcade. No arcade podemos jogar o modo sobrevivência, onde devemos bater o recorde de tempo vivo enquanto inimigos nunca param de surgir, ou o modo versus para até quatro jogadores, mas que infelizmente não conta com um modo online, apenas local. Por isso não foi possível testarmos e nos aprofundarmos no modo versus, com risco de sermos acusados de causar aglomerações.

Um charme robótico

Acho importante destacar aqui a arte desse jogo. A pixel art de Gravity Heroes é de muito bom gosto. Apesar de não existir uma variedade enorme de máquinas, elas são muito bem desenhadas. Os personagens em si são muito charmosos, com animações de entrada nas fases bem criativas.

A pixel art segue um estilo mais detalhado, uma alta definição, podemos dizer, mas com cores vibrantes e até um certo toque neon, bem no estilo retrofuturista. Seria algo como se Megaman fosse fã de Daft Punk. O capricho dos desenvolvedores com o visual do jogo é algo a se elogiar.

E falando em música, a trilha sonora foi composta em um estilo eletrônico bastante inspirado em synthwave, que apresenta características marcantes dos anos 80 e 90. É uma sonoridade bem ambiente, que não deixa lacunas durante o jogo.

Não é exatamente o tipo de trilha sonora que você vai deixar tocando no seu Spotify enquanto trabalha, estuda ou manipula a gravidade por aí, mas funciona bem dentro do jogo. Inclusive houve participação de Barry Leitch, compositor de Top Gear do SNES, na produção de músicas de Gravity Heroes.

Epílogo

Gravity Heroes é um jogo divertido e desafiador na medida certa. O que pode diminuir a vida útil do jogo é seu conteúdo relativamente limitado. A campanha em si é bem curta e não oferece muita “rejogabilidade” além do modo hard.

O multiplayer limitado em ambiente local também pode ser um problema, ainda mais em tempos de pandemia. O Steam Remote Play pode ajudar nesse caso, mas você ainda dependerá de ter amigos que possuam o jogo. Um multiplayer nativamente online, com matchmaking, seria interessante para manter o jogo vivo.

E claro que se a desenvolvedora tiver interesse em lançar conteúdos adicionais, isso seria bem vindo. Novas campanhas, modos de jogo e desafios ajudariam a estender mais a longevidade do jogo. A qualidade do jogo é inegável, mas sem atualizações mesmo que eventuais, ele será finalizado e provavelmente esquecido em sua biblioteca, o que seria uma pena, pois é um jogo realmente divertido.

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Nome do jogo:

Gravity Heroes

Publisher:

PQube Limited

Desenvolvedora:

Studica Solution, Eletric Monkeys

Plataformas Disponívies:

PC, Playstation 4, Xbox One, Nintendo Switch

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge