Crítica: Guilty Gear Strive é 2 jogos diferentes

Escrito por Gabba Fernandes
Crítica

Para a crítica, Guilty Gear -Strive- precisa ser cortado em 2. Primeiro enquanto jogo de luta, suas mecânicas e sistemas e os pormenores técnicos, dentro de 90 segundos de um round. A segunda, enquanto produto e tudo o que permeia, seu modo história, lore, e modos de jogo.

Chover no molhado dizer que -Strive- é lindo. A técnica da Arc System Works de simular o visual de um anime vem sendo aperfeiçoada faz quase uma década, com o resultado sendo mostrado agora. Efeitos de iluminação e partículas estão mais expressivos e a câmera dinâmica é utilizada mais vezes ao longo da partida. O Team Red, responsável pela franquia Guilty Gear, tem total ciência do que conseguem fazer em visual e parecem ter desenhado as mecânicas de forma a melhor mostrar o quão lindo o jogo consegue ser. Se você ainda não foi convencido, aproveite e entre no barco da comunidade dos jogos de luta em alguma stream, como a EVO.

que jogo maravilhoso

As novidades são o jogo mais calcado no chão, o que pode ser considerado um ponto negativo para quem vem dos anime fighters mais tradicionais, mas definitivamente vai agradar quem vem das franquias mais mainstream. Isso por si só é um ponto de virada na franquia que já vem dividindo águas na comunidade, mas não é a única mudança: a sensação geral é de que tudo é potencialmente letal.

A maioria dos personagens podem ser chamados de “gorila”, ou seja, bate forte, e te joga no canto em 2 combos. O canto agora possui uma mecânica de quebrar paredes. A partir de uma certa quantidade de pressão, o canto da tela “estoura” revelando uma nova parte do cenário, garantindo um extra de dano ao atacante, e um reset de posição a quem se encontrava em situação perigosa.

Strive prioriza a ofensiva, dando um preenchimento da barra de tension, os super ataques, mais rápido a quem avança e ataca com frequência. Entretanto as opções defensivas das versões anteriores se mantém, como a faultless defense e o burst, permitindo um respiro ao combate acelerado e reduzindo a necessidade do rushdown.

Os personagens entretanto foram amplamente simplificados, o que dará uma sensação de pasteurização para alguns, ou uma bem vinda simplicidade a outros, sendo um caminho aberto para mais jogadores na base, mesmo que as custas de alguns fãs da série. Isso não tira seu brilho e a expectativa são de matchmaking lotado, ainda mais tendo em vista o netcode excelente implementado pela Arc System Works, como descrevemos na nossa opinião sobre o Open Beta, e não é sequer necessário decorrer novamente: é o único que presta.

jogos de câmera e ofensiva forte são a marca de Strive.

Entretanto, pelo lado do produto, é visível o aquário em que vive não só a Arc Sys, mas todos os desenvolvedores de jogos de luta. As opções single player são muito diminutas, com um modo Arcade de 8 batalhas, que apesar de contar com um sistema dinâmico de dificuldade, cenas de introdução e uma batalha final em dupla, ao estilo Dramatic Battle do Street Fighter Alpha 3, parece simplório em 2021. Mais opções? Um modo survival ainda menos inspirado e polido. Até Street Fighter V conseguiu trabalhar bem esse modo, algo que merece crítica em Guilty Gear Strive. Custava olhar para o lado?

Conteúdo extra vem na forma de um gacha de pescaria, já tradicional, que garante novas cores aos personagens, perfumarias para o avatar online e músicas destraváveis, já que a série é conhecida pelo seu hard rock. Story mode como de costume, é um pedaço assistível e complementar ao jogo, junto de um glossário para te adentrar na mitologia de GG. A animação, claro, ímpar.

As opções de treino porém são perfeitas, com bonecos programáveis e de comportamento personalizável para quem busca se aprofundar nos embates do online. O modo tutorial e missão já vem compartimentalizado para te explicar cada função e, com a devida progressão, como lidar com a maioria dos obstáculos dentro da partida, valendo ao menos uma olhada antes de partir para o matchmaking.

Dividir o modo Missão em várias etapas é acertado e permitiu adicionar situações de metagame entre os tutoriais.

Um tanto divisivo, e com um retrogosto que me faz crer que com mais 6 meses de desenvolvimento teríamos algo próximo ao ideal, Guilty Gear -Strive- é mais uma honesta tentativa da Arc System Works de emplacar um hit e abrir o mercado para colocar seu jogo ao lado de franquias como Street Fighter e Tekken. Espero ansiosamente pelo suporte a longo prazo. Enquanto isso, vale jogar já que agora, finalmente, temos um jogo em que é possível jogar online.

Nome do jogo:

Guilty Gear Strive

Publisher:

Arc System Works

Desenvolvedora:

Arc System Works

Plataformas Disponívies:

PC, Playstation 4, Playstation 5

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge