Crítica: Meg’s Monster – Brincadeira de Criança, Como é Bom

Por Pedro "Antigamer" Silva

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

Crianças são complexas, elas mudam e mudam a gente, seja teus filhos, sobrinhos, netos e todas as outras categorias de parentescos ou não, criança sempre vai estar ali.

Seja uma pergunta “boba”, seja um ponto de vista que você nunca iria pensar (pois sua alma já foi massacrada pelo pesar do existir), ou seja a forma super inovadora que ela arranjou de te irritar ou fazer você rir.

Lembro até hoje de uma vez que fui comer num shopping numa grande franquia de lanches (uma que diz ser até o rei dos hamburgers), e faltou o ketchup… Puts eu queria um ketchupzinho na batata, então fui no balcão pegar, porém uma criança tava lá batendo as mãos no balcão, como o maior solo de bateria da carreira dela.

Então ela vira e me vê atrás dela, um ser careca, barbudo, esperando-a acabar de fazer o que tinha que fazer para fazer meu pedido.

Ela grita.

E sai correndo.

A atendente da lanchonete riu MUITO da minha cara.

Eu ri depois, me senti um tipo de monstro, mas né!? É criança, virou história para contar.

Um Monstro… as vezes sinto que pessoas que nunca lidaram ou pouco lidaram com crianças devem se sentir assim com elas as vezes e até agir assim sem saber. É o caso do protagonista do jogo, Roy, um monstro que vive somente comendo lixo (existe um paralelo acidental com meu habito de fast food, mas fica pra outra hora) e que jamais lidou com nada além disso e de seu amigo Golan.

Roy é um monstro forte, estupidamente forte, e resolver coisas no soco nunca foi problema pra ele, até que um dia ele se encontra numa situação curiosa: Ao procurar comida num lixão que existe no mundo que vive, uma criança cai do céu.

Meg é uma criança do jeito que você imagina crianças, gosta de brincar, chora fácil e procura uma figura que lhe transmita segurança, nesse caso foi Roy, ainda mais quando Golan sugere devorar ela já que nenhum humano sobrevive por muito tempo nesse mundo deles.

Assim que Meg começa a chorar as coisas mudam, pois todo o universo começa a tremer, ficar quente, a visão avermelha, raios e trovões etc. Roy e Golan fica desesperado e faz algo para ela parar de chorar, ambos os amigos ficam preocupados.

Mas… por diferentes motivos, ainda mais depois de uma ligação suspeita de Golan, que depois sugere que Roy mantenha Meg sempre segura e de bom humor, caso contrário algo catastrófico pode acontecer com o mundo….

Assim começa Meg’s Monsters, uma jornada engraçada e sentimental sobre como nós mudamos quando aceitamos as pessoas que surgem na nossa vida, e como isso forma uma parte essencial do que nós somos.

Para os jogadores de plantão, o foco aqui é sim o narrativo, mas a parte mecânica se entrelaça de forma muito interessante para contar essa história. O “combate” em turno funciona mais como uma espécie de puzzle, sua simplicidade engana.

Como disse, Roy é MUITO forte, ele literalmente tem 9999999/9999999 de vida, mas o que temos do lado da barra de vida dele é a barra de “humor” de Meg que não é tão grande, e ela odeia ver Roy se machucando no combate, logo, sua preocupação é manter Meg de bom humor e marmitar na porrada quem tiver no seu caminho.

Não existe encontros aleatórios nesse jogo, todo combate é pré planejado na narrativa, tanto que sempre existe um slot do menu de combate que vai constantemente ter uma opção que vai mudar de acordo com o contexto da luta, trazendo sempre uma paradinha nova pra se divertir.

E caso a Meg fique mal, o que fazer? Bom, os “itens de cura” no caso daqui são brinquedos que Roy e Meg encontram ao longo da história, cada um com uma história interessante por trás, e que Roy usa para melhorar o humor dela no combate.

A navegação pelo mundo é simples, o mapa é um hub de lugares e eventos principais e secundários, cada um trazendo um capítulo da história. O visual claramente vai lembrar nosso saudoso Gameboy Advance inclusive muito nos menus e interface, uma pixel art bem polida e apesar de não ter animações muito complexas, sinto que tudo entrega o que deveria entregar junto com a trilha sonora bem agradável.

Um dos pontos fortes para mim foi o desenvolvimento de personagens secundários, não todos, mas sim alguns que são vitais para a trama, porém o engraçado é que você nem imagina que eles são vitais, o jogo possui um roteiro bem casual na sua escrita que me remete sim a aquela vibe inicial de undertale, que te pega de surpresa do nada.

E sim, é daqueles jogos com um plot twist (não mecânico como em Undertale mas sim narrativo, calma).

Por isso estou aqui, entregando anedotas e pensamentos reflexivos e enigmáticos para ver se assim você dá atenção para um jogo que não é uma gigante obra prima do entretenimento e tudo mais, mas sim uma história honesta que precisamos ouvir algumas vezes. Meg’s Monster vai ser que nem aquela criança que disse aqui no começo do texto: Vai fazer você rir, possivelmente chorar, passar raiva, e pensar em coisas de forma diferente, o importante é você não achar (sempre) que é um monstro, e ver o que pode aprender com elas.

Nome do jogo:

Meg's Monster

Publisher:

Odencat

Desenvolvedora:

Odencat

Plataformas Disponíveis:

PC, Xbox One, Xbox Series S|X, Nintendo Switch