Crítica: Onimusha 2 Samurai’s Destiny: Um bom remaster de um jogo único

Por Jean Kei

Nota: 8

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

Desde a época do Playstation 2 eu sinto que Onimusha 2 é divisivo. Toda conversa sobre a franquia que presencio, ou o segundo capítulo da aventura, é colocado como o pior ou como o melhor da série. O que faz o jogo ser tão polarizado são suas mecânicas únicas e propositalmente obtusas, o que pode ser visto como um charme ou um defeito.

Já digo de antemão que me encaixo em quem acha Onimusha 2 o melhor da franquia. Claro, não é um jogo perfeito, mas acho um jogo charmoso e especial.

Mas o que torna esse jogo especial?

O jogo conta a história de Jubei Yagyu, um Samurai que teve seu vilarejo destruído por Oda Nobunaga e busca vingança. No caso, o Nobunaga deste mundo é um demônio que vendeu sua alma para conquistar o Japão mesmo após a morte. A jornada de Jubei passa pela vila de Imasho, local perto de uma mina de ouro que, mesmo cheia de monstros, pessoas vão para lá todos os dias para coletar ouro e enriquecerem.

É nesse cenário que Onimusha 2 apresenta o que tem de especial, pois metade do jogo é centrada na vida nesta vila e sua relação com quatro indivíduos que estão lá. O jogo possui quatro companheiros para o protagonista, e a frequência com que eles aparecem no jogo depende do seu nível de afinidade com eles, inclusive, a segunda metade do jogo e parte do final depende do personagem que você criou maior vínculo. Na prática, o jogo tem quatro rotas e um bocado de cenas opcionais dependendo da sua afinidade com cada personagem.

Você adquire mais ou menos afinidade com os personagens dando presente para eles. Não há nenhuma barrinha ou indicativo além da fala dos personagens para entender do que eles gostam mais ou não, e há algumas aleatoriedades, como itens que eles te dão para retribuir. Propositalmente, para soar mais natural, o jogo optou por ser um pouco rude em indicar quem tem mais ou menos afinidade com você e deixar algumas coisas aleatórias. O jogo também possui side quests de forma meio escondida, mas prestando atenção em diálogos na vila e fazendo direitinho, é possível você liberar mais cedo um dos quatro personagens e até pular uma cena que parecia obrigatória com outros. Esses sistemas e opções obtusas é o divisor de águas do jogo.

Particularmente, é o que me faz achar Onimusha 2 tão especial. A vila, por menor que seja, me parece um lugar vivo e trocar presentes (e fazer escambo presenteando outras pessoas com itens que recebo) vira um negócio estranhamente engajante. A narrativa do jogo foi escrita por um autor de Tokusatsus e isso é bem claro. A história é brega e tem momentos de drama bem espalhafatosos, e eu adoro isso.

Quanto mais joga, mais é recompensado

Onimusha 2 é um jogo que te recompensa por rejogá-lo diversas vezes. As cenas de cada personagem são, num geral, ótimas e aprofundam mais tanto cada companheiro quanto o próprio Jubei. Jubei é um personagem meio caladão e na dele, e muito de sua personalidade vem dele se abrindo com seus companheiros, e essas cenas ocorrem quando você investe em personagens específicos.

O jogo é relativamente curto, durando de 5 a 8 horas, e cada vez que você rejoga vai ver coisas novas o suficiente para justificar cada jogatina.

Combate interessante, mesmo com tropeços

A parte principal desse jogo é seu gameplay, que é um primo de Resident Evil em seu design e com um foco maior em combate. Ele não é um jogo de ação focado em fazer combos e ser super agressivo, mas um tanto metódico que vai lhe recompensar por ler bem o inimigo e se posicionar. O trunfo desse jogo são os parries, que são muito difíceis de se realizar pelo timing, mas bem recompensadores, matando quase todos os inimigos num golpe só. Quando o inimigo ataca, se você atacar também no momento exato, o contra-ataque crítico é realizado. A questão é que a janela de acerto é bem exigente e, ao errar, você fica vulnerável e toma bastante dano, e itens de cura são um tanto escassos nesse jogo. O curioso é que ao realizar um contra-ataque, você vai ganhar mais almas e tem cura garantida, o que te incentiva a arriscar em momentos de estar com vida muito baixa.

Onimusha 2 é daquele tipo de jogo que, se você jogar sem usar bem o contra-ataque e os golpes especiais, alguns inimigos serão esponjas de dano e bastante frustrante, mas fazendo tudo direitinho, a maioria se revela mais tranquilo do que parece… O que não se aplica aos chefes do jogo, que são de longe a pior parte para mim. Não apenas por terem mais vida do que deveriam e deixar a luta repetitiva, mas a câmera fixa do jogo não ajuda no combate, especialmente quando o chefe sai da câmera diversas vezes.

Um remaster bem fiel

O remaster faz um trabalho bem feito em deixar tudo do original de forma intacta, sem impactar com upscale de forma errada ou mudar algum tipo de coloração. A nova versão também adiciona movimentação no analógico, enquanto no original você só tinha controle de tanque no d-pad. Esse jogo foi feito pensado com controle de tanque, então a movimentação no analógico deixa algumas coisas muito mais fáceis e algumas mais frustrantes, já que o jogo tem câmera fixa e quando você faz trocas de cenário a orientação da câmera muda. Quando você joga com controles de tanque, sua orientação é para onde o personagem está, mas no analógico a orientação é a partir do ângulo da câmera. Às vezes, andando pelo analógico, entrava e saia de lugares sem querer.

Enfim, Onimusha 2 é um jogo muito divertido e com coisas bem únicas e interessantes, se destacando até mesmo dentro de sua própria franquia. Ele não é para qualquer um devido aos seus atritos, mas se for para o jogo de braços abertos, esses atritos podem se tornar um charme.

Nome do jogo:

Onimusha 2: Samurai's Destiny

Publisher:

Capcom

Desenvolvedora:

Capcom

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Xbox One

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