Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge
Honestamente, ainda fico descrédulo que vivencio o lançamento deste jogo. Após anos, com vários rumores, fake news quase que profetizando que um dia, iríamos receber um port, ou até mesmo um remaster de Paper Mario: The Thousand Year Door. Porém, o mundo simplesmente não estava esperando que a Nintendo fosse fazer um remake. Mas aí que mora a pergunta: Será que esse remake é capaz de pegar bem a essência?
Paper Mario: The Thousand Year Door é um título que se passa após os eventos de Paper Mario no Nintendo 64. A Princesa Peach, durante a viagem à cidade de Rogueport, descobre um mapa místico que aponta a um tesouro que se esconde nas ruínas de uma antiga cidade que foi arruinada pela calamidade há cerca de séculos atrás. E lógico, ela manda esse mapa para o nosso Mario, e queira ele ou não, ele irá ajudar ela a encontrar este “tesouro”.
Após chegar em Rogueport, Mario encontra com Goombella, uma jovem Goomba arqueóloga que também procura pesquisar sobre esse tesouro. Segundo os estudos, o tesouro apenas se abrirá quando as sete Estrelas de Cristal forem coletadas, para que assim, a Thousand Year Door, como seu nome indica, abrirá após 1000 anos.
Infelizmente, não leva muito tempo até que a pergunta principal apareça: Onde está a Princesa Peach? …Bem, a resposta para isso é bem óbvia. Ela foi sequestrada pelos X-Nauts, que também buscam abrir a Thousand Year Door para seus fins malignos. Ao todo, a história possui 8 capítulos, e durante a aventura, Mario irá viajar para diversos lugares–desde um ringue de luta até mesmo um castelo onde mora um terrível dragão.
É aqui que Paper Mario: The Thousand Year Door começa a te mostrar que isso não é apenas um port com tudo igual como era no Nintendo GameCube. Um ponto que é relativamente polêmico é que no Nintendo Switch, o jogo é travado a 30 quadros, enquanto que o GameCube era capaz de 60 (ou 50. Quem lembra do PAL?)
Porém, como as animações, e até a iluminação de várias áreas no Nintendo Switch são bem mais elaboradas que a do GameCube, pra mim faz completo sentido que a Nintendo optou por isso. Penso que é muito melhor priorizar uma experiência fluida do que ter dificuldades para otimizar para 60 todas as áreas. Pessoalmente, nunca foi meu estilo criticar um jogo pela sua framerate, pois sempre evitei entrar nesse debate por vários motivos.
Talvez a maior mudança foram as mudanças no diálogo, mesmo que a maioria delas sejam bem sucintas. O que me deixou surpreso a restauração de certos termos para deixar o texto mais próximo ao original em japonês, o que eu achei bem legal, e elas se misturam bem com o estilo de escrita que é bem característico.
E aqui vai uma das melhores mudanças, sem a menor dúvida na minha opinião. Todos, e digo, TODOS os NPCs no mundo de Thousand Year Door agora tem um repertório de sprites muito mais elaborados, com suas emoções se apresentando de uma maneira muito mais clara. Além disso, os diálogos possuem um “barulho” característico para cada personagem, parecido com os barulhos de jogos como Banjo-Kazooie.
Isso sinceramente aumentou minha imersão em certas cenas em 10, talvez 100 vezes mais quando comparado ao GameCube. O cuidado e atenção ao detalhe para garantir que a história ainda faça sentido mesmo com as mudanças é simplesmente maravilhoso. Aqui vai só um pequeno “infelizmente”. Este jogo não possui legendas em português, assim como outros remasters e remakes que a própria Nintendo vem lançando nos últimos tempos. Isso não me afetou muito, graças a familiaridade que tenho com o original, mas é bom notar.
O sistema de batalha de Paper Mario: The Thousand Year Door parece simples, mas ao mesmo tempo divertido. Mario e seu parceiro atacam, e em seguida, é a vez do inimigo. É possível se defender contra os ataques, mas também a opção do Superguard, que não só anula o dano, como também faz com que o inimigo sofra. A única pegada é que o timing para conseguir o Superguard é bem curto, então não é muito fácil de fazer.
Também é necessário seguir uma série de comandos para cada ataque do Mario e seus parceiros. Esses comandos podem ser desde apertar uma sequência específica de botões, como apertar um botão quando o sinal é dado. Pode parecer difícil, mas é aí que entra um novo NPC, o Battle Master.
O Battle Master é um Toad que te dá dicas e um tutorial bem elaborado de como certas mecânicas do jogo funcionam. Também é possível praticar seus golpes com inimigos falsos para que sua memória se acostume. Além disso, durante o treino, caso erre o ataque, o Battle Master te dá uma pequena dica para que assim você consiga ajustar seu timing.
Agora, tenho que falar do elefante na sala. Por mais que Paper Mario: The Thousand Year Door era venerado como o “Santo Graal da série Paper Mario”, havia um grande problema no original, digamos assim. E me refiro ao backtracking. Em diversos capítulos, era comum ter que ir e voltar longas distâncias para fazer progresso em certos pontos, o que deixava o jogo muito entediante.
Porém, neste remake, a Nintendo fez o possível para reduzir esses momentos. Conseguiram reduzir tudo? Não. Mas fizeram o máximo que podiam dentro do possível para mitigar ele? Sim. Com certeza. E novamente essas mudanças são tão sucintas que eu honestamente quase cheguei a pensar que tal coisa existia no GameCube, até que eu revisitei tal capítulo e notei que algo estava faltando.
Talvez a maior mudança de todas foi um redesign total da Sala de Canos, que no original estava toda espalhada e era um saco para navegar de volta à certas áreas do jogo. Além disso, o local agora possui mais canos para os locais principais de cada um dos capítulos da história, incluindo canos para os capítulos 3 e 4, vitais para a redução do backtracking em seus respectivos capítulos.
Além disso, foi adicionado uma aba de Notas em que é possível encontrar diálogos e notas de dicas importantes que foram adquiridas ao longo da jornada. Isso é vital, especialmente caso você escolha utilizar as dicas da vidente Merlee, ao invés de um guia preciso, pois no original, era necessário quase anotar o que ela falava, ou pagar 5 moedas para escutar novamente a dica.
As músicas de fundo e de batalha do Paper Mario: The Thousand Year Door continuam a ser icônicas e apreciadas por vários até hoje. Neste remake, todas elas foram refeitas de alguma forma ou outra. Ainda é possível escutar traços do original, porém certas músicas de fundo utilizam instrumentos e até uma vibe completamente diferentes.
Isso infelizmente me levou a não gostar de certas escolhas. Particularmente, a música do capítulo 7 ficou maravilhosa, enquanto a música do capítulo 3… é, digamos que eu não fui muito com a escolha de instrumentos, porém isso é um problema meu, eu acho. Quando você está acostumado com os “sons” do GameCube, você meio que se apega a isso.
Portanto, a Nintendo adicionou uma maneira para quem busca escutar novamente essas músicas. Após o tutorial, é possível comprar uma badge chamada Nostalgic Tunes. Equipando essa badge imediatamente faz o jogo voltar tocar as músicas da versão original. E além disso, ela custa zero Badge Points, o que significa que equipar ela é completamente opcional.
Inclusive, ao coletar todas as Shine Sprites de cada uma das áreas, é possível liberar a Galeria de Sons, onde é possível escutar todas as músicas do remake, incluindo o tema de batalha de cada região. E sim, todos os capítulos tem um tema específico para eles, coisa que o original não tinha. E algumas dessas músicas…sério, quem fez elas? Dá um aumento para o compositor. É sério. Elas combinam tão bem com o tema de cada área, trazendo um charme a mais para esses locais.
Ao todo, levei 41 horas para completar o jogo desde o prólogo até o capítulo final. É bom recordar que isso pode ser muito mais, pois quem jogou o original provavelmente irá perceber a mesma coisa que eu. Porém, dessa vez fiz questão de pegar 100% nas Shine Sprites e nas Star Pieces, que são itens opcionais espalhados pelo mundo.
No original, não era totalmente necessário coletar todos. Porém, nesse remake foi adicionado um incentivo para coletar esses itens. Coletando todas as Star Pieces de uma área libera a Galeria de Arte, contendo vários drafts e versões que os artistas desenharam, incluindo os documentos de desenvolvimento da versão de GameCube em 2002. Como eu sou uma pessoa que tem uma…digamos…obsessão por concept art, isso foi motivo o suficiente para eu sair por aí catando todas as Star Pieces.
É muito raro as vezes que um jogo me dá tanta nostalgia. Não só como eu adorei cada minuto da minha experiência com esse remake de Paper Mario: The Thousand Year Door, como também achei admirável que finalmente tivemos uma grande gema do GameCube agora disponível para uma audiência maior.
Esse remake consegue não só deixar a experiência praticamente igual a do GameCube, como também resolve uma série de problemas e contras, e adiciona muitas coisas que são simplesmente gratificantes. Há quem dirá ele não seja perfeito, mas pessoalmente, era tudo que eu esperava deste remake, e talvez um pouco mais.
Paper Mario: The Thousand-Year Door
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