Crítica: Parcel Corps – Não era pra ser

Por Leonardo Costa

Nota: 5

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

 

Parcel Corps é um jogo indie desenvolvido pela Billy Goat Entertainment e publicado pela Secret Mode. Ele foi anunciado a pouco mais de um ano atrás, num trailer divertido que envolvia cenas em live action e cenas do jogo, que você pode conferir abaixo. O estilo cômico e descompromissado da revelação acabou me chamando a atenção e me fez ficar de olho no nele.

Com o jogo em mãos, infelizmente as coisas não se saíram como eu imaginei e minha experiência no geral foi uma montanha-russa que eu não pude tankar até o fim, que conto mais a seguir.

Metralhadora de sátiras

O mundo do jogo é uma verdadeira sátira a economia, big techs, startups, redes sociais e influenciadores e sobra até para o governo. A introdução do jogo vende como se o trabalho de entregador fosse maravilhoso, tudo num tom claramente cômico, para então nosso personagem começar a trabalhar em 1 de 3 possíveis empresas do ramo.

O jogo deixa a gente escolher entre qualquer uma e informa que é possível trocar caso a gente queira, mas avisando que o progresso que a gente tinha com a empresa anterior seria perdido. A mudança de cada uma parecia mais visual, não saberia dizer se muda algo mais impactante na jogabilidade ou nas missões do jogo.

Parcel Corps - Escolha empresa

A medida que vamos avançando nos mapas e explorando mais a cidade, a gente encontra um tipo de resistência contra o governo que parece bonzinho, mas que no fim é opressor. Fazemos algumas missões específicas para esse pessoal, a gente vai combatendo o controle do governo.

Tudo aqui é cômico de propósito, mesmo falando em temas sérios e isso é algo que gosto. Apesar disso tudo, não vejo o enredo como sendo o grande chamariz do jogo, ainda mais com ele acontecendo mais por consequência da gente ter um dia normal no trabalho, as vezes até parecendo sem querer.

Crazy Bike

O jogo até tem uma certa complexidade nos controles, pois temos um botão para o freio da frente e um para o de trás, tem o botão de pedalar, o de deslizar, pular, etc. São vários comandos que acabam se misturando durante a jogabilidade, algo que leva um tempo para se familiarizar. Não sei se a distribuição padrão dos controles é a melhor, mas após bater um pouco a cabeça no começo você se acostuma com tudo.

No mapa podemos partir em alta velocidade batendo em quase tudo que vemos pela frente (desvie dos carros, eles são malignos), pular em corrimões, em rampas e andar por diversas paredes, tudo para alcançar mais e mais lugares e o mais rápido que puder. Em uma comparação bem simplória, é como se fosse um Crazy Taxi, só que com bicicleta. O importante é chegar no ponto o mais rápido possível, como você chega pouco importa.

Parcel Corps - Controles

O loop de jogabilidade do jogo funciona da seguinte forma: chegamos em um mapa e devemos encontrar as empresas daquele local para convencer elas a contratar a gente para realizar as entregas. Para ser aceito pela empresa, o jogador tem que completar o desafio proposto, que vai variar de empresa para empresa. 

Tem o desafio normal de só entregar uma ou mais encomendas em até um certo tempo, a de entregar só que sem danificar muito a embalagem, a de conseguir certos pontos de habilidade antes de terminar a entrega, a de realizar um trajeto antes de terminar o tempo, entre outros.

Em cada cidade, são nove no total, o jogador tem um número X de empresas para fechar uma parceria. Geralmente você conquista quatro delas e então libera o “Frenesi de entregas”, que você tem um tempo determinado para ir aceitando pedidos de todas as empresas na qual você tem contrato e a cada entrega você adiciona um tempo ao contador. O objetivo é realizar o maior número possível de entregar para ganhar mais dinheiro e reconhecimento.

Parcel Corps - Fazendo missão

Começamos no nível 0 da área e ao aumentar para o 1 com o Frenesi a gente libera mais três empresas, então faz o frenesi novamente para chegar no nível 2, libera mais 3 ou 4 empresas e então faz mais frenesi para pegar nível 3 e então poder partir para a próxima cidade. E ficamos nessa repetição de cidade em cidade, mudando a dificuldade das coisas e o mapa.

A medida que avançamos vamos liberando as missões da luta contra o governo, que envolve ficar destruindo drone, hackear torres e coisas do tipo. São missões em outra pegada por não envolver sempre lutar contra o cronômetro. Também temos que “lutar” contra a polícia do local, que tenta a todo custo parar a gente, é um povo bem chato.

Deixa eu jogar meu jogo com o FPS derretendo

Até agora eu expliquei basicamente o funcionamento do jogo, que tem boas ideias, um bom humor. Só que aqui começo a destacar o que me incomodou a ponto de largar o jogo antes dos finalmente, que foi o tanto de quebra que esse jogo tem em sua gameplay.

Eu disse que os controles eram complicados no início e sabendo disso o jogo coloca a gente em um monte de tutorial para tentar fazer a gente se acostumar o mais rápido que pode. O problema é que esses tutoriais ensinam um pouco, fazem a gente experimentar e então já para logo em seguida para mostrar mais papo. Até você ficar livre no mapa no início demora e é muito chato. O que as vezes até tirava minha atenção e fez eu ter que abrir a lista de comandos mais para frente até gravar tudo.

Parcel Corps - NPC falando

O jogo tem um loop bem claro em seus mapas, então chega num ponto onde você já sabe exatamente o que vai ocorrer e como, só que o jogo insiste em parar o jogo para ter cutscenes repetidas. Por exemplo, sempre que você fecha parcerias com as empresas iniciais do mapa, você sabe que você liberou o Frenesi e o que deve ir fazer, só que o jogo continua iniciando uma cena do seu chefe falando que você agora que conseguiu as empresas inicias pode ir lá fazer o Frenesi, é sempre a mesma fala, só muda o plano de fundo, pois mudou o mapa.

Outra quebra de ritmo irritante é para iniciar uma missão. Como dito, você tem que fazer um desafio antes de fechar uma parceria com alguma empresa, esse desafio tem uma cutscene mostrando a pessoa encarregada, tendo um papo com piadas e sátiras e dizendo o que você tem que fazer. Até aí tudo bem, só que como o jogo requer que você se acostume com o mapa para conseguir otimizar o tempo, é natural que você não realize esses desafios sempre na primeira tentativa. E mesmo você já tendo visto a cena, a cutscene toca completa novamente, fazendo demorar para tudo poder tentar novamente.

Parcel Corps - Desviando de carros

Você pode pular as cenas, mas tem toda vez que segurar o botão, e a fala final, que é geralmente a pessoa dando tchau e desejando boa sorte você não consegue pular. O que faz você perder segundos em cenas repetidas, em momentos que você pode ter que repetir várias vezes a missão até pegar o jeito da região.

Outra coisa incômoda é que as vezes você já sente que não vai conseguir terminar a missão a tempo, o normal seria abrir o menu e reiniciar para adiantar, só que aqui não é possível. Se você abre o mapa, até tem a opção de desistir da entrega ou coisa do tipo, mas quando fazia isso ele ainda sim não terminava com o objetivo, fazendo achar que eu era burro ou tinha bugado ou só não pode largar mesmo. Então por diversas vezes eu estava preso em tentativas que eu sabia que seriam infrutíferas ou eu só deixava parado esperando o tempo parar. Novamente quebra de ritmo e perda de tempo.

Parcel Corps - Camarada ciclista

Para se juntar a tudo isso, mesmo meu PC sendo acima dos requisitos mínimos que o jogo informava, o FPS se recusava a passar de 35. O que por si só não seria um problema tão incomodo, se não ocorressem inúmeras quedas. E o jogo não tem opção alguma de configuração gráfica, você só escolhe a resolução de exibição.

Toda essa quebra de ritmo, essa “burocracia” para poder repetir as missões, num jogo onde repetição se faz presente de forma constante e o desempenho bem aquém, me fizeram se deparar com uma situação que o jogo passou de prazeroso para frustrante cada vez que eu avançava nele. Dada toda a repetição natural em sua estrutura e o fator jogabilidade ser bem mais impactante aqui que o enredo, acabei por decidir parar com o jogo, já que não estava me fazendo bem.

Detalhes que fazem a diferença

Minha jornada com Parcel Corps foi uma experiência ladeira abaixo, infelizmente. Apesar de ter seus bons momentos, principalmente quando acostumamos com o controle e o mapa em que estamos, todo o processo para se chegar nesse ponto é desgastante demais. É um jogo cômico, sempre com bom humor, mas que seus detalhes irritam tanto, que nem as piadas mais me puxavam um sorriso.

Parcel Corps - Orla

Em um jogo em que é importante gravar o terreno em que estamos, e que esse processo envolve tentativa atrás de tentativa, colocar tantas barreiras que atrasam o momento que podemos realmente jogar atrapalha demais. A repetição da estrutura, somado a quantidade de mapas e o tempo de cada um, cria um jogo que cansa infelizmente.

Adoraria que minha experiência tivesse sido diferente, que eu tivesse conseguido jogar melhor de primeira para sentir menos essas minhas reclamações, e que tivesse no lançamento do jogo para quem sabe eu achar partidas online. Só que infelizmente o destino quis que eu e Parcel Corps nos encontrássemos no momento em que não deu liga. Acontece com tudo, até com videogame.

Nome do jogo:

Parcel Corps

Publisher:

Secret Mode

Desenvolvedora:

Billy Goat Entertainment

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 5, Xbox Series S|X

Confira o catálogo de jogos para PC na Nuuvem

Compre com a Nuuvem e ajude o Game Lodge!