Crítica: Resident Evil Village – Mais Resident impossível

Escrito por Silvio Diaz
Crítica

Resident Evil Village é um jogo absurdo e não tem como essa crítica começar diferente. Tanto em mecânica, quanto gráfico e campanha, o novo jogo da Capcom marca com força todas as checklists de um produto excelente e mais importante, reconhece muito bem o que a franquia significa em toda a sua história. Assim, Village se torna mais do que apenas uma continuação, ele se torna um abraço entre tudo o que já foi e o que agora Resident Evil é.

O que é Resident Evil?

Não apenas de encontrar chaves para portas específicas vive um jogo. Resident Evil tem ideias e filosofias bem específicas em quase todos os seus jogos. Um DNA próprio criado desde o primeiro jogo e que passa pela narrativa, mecânica e visual do jogo.

Jogos se inspirando em filmes e em suas características é comum hoje em dia, mas não no primeiro Playstation, algo que chamou muito a atenção em Resident Evil. A franquia de survival horror da capcom se agarrava fortemente em tropes e ideias de filmes de terror B americanos. Os zumbis, casa mal assombrada e criaturas gigantes eram uma base retirada do cinema para criar algo próprio. 

Nessa base cinematográfica, Shinji Mikami, o criador da franquia, acrescentou o que se tornou a parte original de Resident Evil. Um elemento carnal de biotecnologia visceral derivado do vírus. Dessa forma, o trope de ser perseguido por um assassino traz Nemesis ao terceiro. Um Jason deformado, de pele quase artificial com carne viva, uma monstruosidade cheia do DNA da franquia e que pode ser encontrado desde o primeiro em monstros como a Chimera. 

Com esse ensopado criado no Playstation 1, a franquia ganhou esse seu DNA. Uma mistura de filme B de terror, com mecânicas de exploração e ação e algo próximo de “ciência maluca” criando monstros organicamente falhos e de carne exposta. Assim formando Resident Evil, com seu visual, ideias e estrutura.

O que Resident Evil se tornou?

Vamos pular toda a parte desastrosa, essa parte não faria nem sentido em uma crítica de Resident Evil Village. Aqui eu quero falar de Resident Evil 7, pois, além de originar o que o 8 se tornou, ele é quando Resident Evil passa a voltar a funcionar. Sem coop, nem mecânicas parecidas com Gears of War, a grande diferença de Resident Evil 7 foi ser em primeira pessoa, pois o resto estava lá. Inspiração em filme B,os mesmos tipos de criaturas e as mesmas mecânicas de exploração e ação.

Entretanto, a esponja que é Resident Evil com o terror passou a olhar para a evolução na indústria, basta olhar como o 4 se voltou para ação e deu muito certo e no 5 e no 6, nessa absorção de ideias foi longe demais e se tornou maior que todo o resto da franquia. No 7 isso se equilibra novamente e os olhos se voltam a jogos como Amnesia e Outlast, tornando a mistura muito mais interessante.

Uma vila como resultado final

Com Resident Evil Village temos o resultado dessa mistura de tantos anos. Um caldeirão que reconhece o que funciona ou não, que entende suas ideias, temas e principalmente o DNA da franquia. Resident Evil Village foge bastante dos zumbis, entretanto, está tudo ali. Temos a mesma exploração, momentos de ação melhores e inspiração em filmes de terror b.

Entretanto, agora com a evolução que a franquia recebeu. Com mais poderio técnico, o jogo não se preocupa em ser contido. Mesmo que tenha pouco tempo de campanha, é possível terminar ele de primeira em um pouco mais de 8 horas, seus cenários são mais abertos, e com muito mais detalhe e variação. Dessa vez temos até um hub que pode ser aos poucos explorado para conseguir novos itens e dinheiro. 

Ao mesmo tempo, a absorção além do cinema continua. Jogos como PT são uma inspiração clara para os desenvolvedores que conseguem criar um dos momentos de maior terror em jogos nos últimos anos. O mais interessante, é que mesmo usando de ideias da inesquecível demo criada por Hideo Kojima, ainda são momentos extremamente Resident Evil. Com puzzles, criaturas e ideias no estilo da franquia. 

Mais Resident, mais frescor

Entretanto, Village entende tão bem o que precisa ser feito que vai além. O tempo todo que jogava e pensava na crítica de Resident Evil Village que eu iria escrever, o que mais eu queria falar era sobre como a inspiração mudou. Agora, não bastou o estilo de filme b a inspiração do horror mudou. 

Agora, indo para um estilo europeu, no lugar de zumbis temos lobisomens humanoides e no de lagartos gigantes, temos o licantropo na sua forma mais comum. Junto deles, temos inspirações em Vampiros e Frankensteins e estéticas espanholas e alemãs. Com a maravilha de tudo isso funcionar muito bem. 

Até mesmo o comparativo para zumbis, tem uma estética européia fantasiosa, um morto vivo limpo, como se imaginaria em uma história de fantasia medieval. Sem falar dos chefes que quase passam pela história do horror europeu. 

Resident Evil Village é um dos melhores da franquia

Resident Evil VIllage é uma maravilha em forma de jogo e consegue fazer muito bem, tudo o que tenta. Os momentos de ação são excelentes e os de terror conseguem ser marcantes do jeito que precisam ser. 

De certa forma, Resident Evil Village é o que o 6 tentou fazer e não conseguiu. Uma reunião de tudo o que tem de melhor em sua história em uma única narrativa. Não apenas conseguindo criar bons momentos, mas consagrando o protagonista Ethan, como mais um dos ótimos personagens marcantes da franquia. 

Como foi dito no começo, Resident Evill Village é um jogo absurdo. Cada detalhe dele faz a diferença e é uma das primeiras experiências realmente next gen nos novos consoles. Um jogo excelente que não apenas te deixa querendo rejogar como te faz ansiar por mais da franquia. Estamos falando de um verdadeira obra prima. 

Confira a nossa crítica de Resident Evil 2 e Resident Evil 3 aqui no Game Lodge

Nome do jogo:

Resident Evil Village

Publisher:

Capcom

Desenvolvedora:

Capcom

Plataformas Disponívies:

PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One, Xbox Series S|X

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge