Crítica: REYNATIS – Lindo na Teoria, Terrível na Prática

Por Angelus Victor

Nota: 6

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge

Quando REYNATIS foi anunciado na Nintendo Direct japonesa, eu fiquei super interessado, especialmente após ouvir que teríamos grandes nomes, como Yoko Shimomura e Kazushige Nojima, envolvidos no projeto. E pelas entrevistas, o jogo parecia ter uma grande visão e ambição. Mas será que essa visão foi realmente atingida?

Um mundo onde magia é real

Tóquio, 2021. É aqui que começamos a história de REYNATIS, no meio de Shibuya. Por um lado, temos Marin Kirizumi, um jovem mago que cresceu oprimido por outros devido à sua magia. Seguindo as palavras deixadas pelo seu pai, ele busca a liberdade por meio da força. E pelo outro lado temos Sari Nishijima, que após descobrir seus poderes, decidiu usar eles para manter a ordem na cidade, e se juntou ao M.E.A., uma associação que procura proteger Shibuya de pessoas que utilizam sua magia para machucar os outros, e até mesmo parar o consumo de drogas ilegais conhecidas como “rubrum”, cujo abuso transforma o viciado em um monstro.

A princípio, REYNATIS parece que tenta fazer uma espécie de “duplo protagonismo” em sua história, pois você irá constantemente mudar entre o ponto de vista do Marin e da Nishijima. Olhando assim, tenho a leve sensação de eles realmente escreveram a história de modo que as timelines estão acontecendo em paralelo, se conectando talvez depois, tipo em Scarlet Nexus.

Porém, essas transições entre as perspectivas da história são bem desajeitadas. Os capítulos terminam quase que do nada, e muitas das vezes eu senti como se eu estivesse pulando entre as histórias, causando uma sensação de desarticulação. Além disso, certas cutscenes são meramente uma tela preta com legendas. É como se eles queriam colocar algo ali, mas… acabaram esquecendo. Eu acho que se tivéssemos uma rota Marin e uma rota Nishijima separadas, seria uma experiência muito melhor.

Inclusive, enquanto eu estava fazendo a review, um patch de mais de 8 GB foi lançado, adicionando um capítulo extra da história, e parece que teremos mais umas oito planejadas, segundo a NIS America. Então isso me faz pensar: Será que podemos considerar que REYNATIS está realmente completo, ou eles simplesmente não terminaram ela a tempo do lançamento? A história principal possui um final, mas isso significa que se você for comprar o jogo agora, provavelmente não terá a experiência definitiva, e sim uma que está faltando pedaços.

Magia, dê me forças

O combate de REYNATIS consiste de você fazer ataques com sua magia, mudando entre dois modos distintos: Supression e Liberation. Em Liberation, os personagens tiram seu chapéu e são capazes de usar suas habilidades. Porém, assim que a sua “mana” acaba, você imediatamente muda pro Supresssion, necessitando que você esquive dos inimigos até que sua “mana” restaure naturalmente.

Durante o modo Supression, certos ataques a curta distância causam um anel vermelho na tela, e ao segurar e soltar o botão no momento certo, é possível drenar a magia do inimigo, e deixando-o incapacitado por um tempo. Eu pessoalmente não achei que o sistema de combate do REYNATIS bem fluido. Mesmo após rejogar o tutorial, tive bastante difficuldade até conseguir aprender o jeito, especialmente com o timing do anel. E para piorar, tem certos inimigos que voam no ar, e alguns chefões com barreiras que quase te obrigam a esquivar e conseguir drená-los.

No começo, o combate é solo, mas eventualmente, tanto na rota do Marin quanto da Nishijima, você terá ajuda de mais dois aliados. Cada um deles se destacam em um aspecto específico. Por exemplo, o Ukai é bom em tiros de longa distância, mas péssimo quando o inimigo chega muito perto. Também temos Mao, que ataca lentamente com o martelo dela, porém seu ataque lhe permite quebrar a armadura do inimigo com muita facilidade. Sabendo a hora de mudar entre os personagens é algo vital no combate.

Dito isso, enquanto você joga com o Marin, ao derrotar um inimigo, você precisa esconder sua presença o mais rápido possível, pois testemunhas oculares irão chamar e te reportar para oi M.E.A., eventualmente chamando um inimigo que ao menos que você esteja preparado, você com certeza irá morrer, e isso não é um exagero. A ideia é que há áreas marcadas com um ícone de um olho, indicando que você deve ir pra lá, mas honestamente, esse sistema é quase que inútil, pois basta você abrir o mapa, e teletransportar para qualquer localização e pronto, sua presença foi escondida.

Tá tendo dificuldade? Passa seu cartão

Mesmo após entender o combate, ainda achei a rota do Marin, quando comparado à rota da Nishijima severamente mais frustrante de jogar. É bom notar que REYNATIS não possui um seletor de dificuldade, e não querendo comparar demais, mas nesses últimos jogos, só percebi que a FuRyu tem um problema insano quando o assunto é balancear a dificuldade do combate para pessoas como eu, que preferem uma experiência mais casual. As vezes me deparei com inimigos que morriam em 5 segundos, e logo após, um que tem 5 vezes mais vida, levando MINUTOS até que eles morressem.

Existe um capítulo em que o jogo te joga três chefões consecutivos, e todos eles tem uma quantidade absurda de HP. Por meio das Wizarts, que são grafites que te dão habilidades no jogo, você pode até upar elas de nível, mas só até um certo limite. Ou seja, se prepare pra fazer um grind por níveis, para que assim você consiga upar seus personagens e as habilidades deles.

Eu não acreditei nisso quando vi, existe uma DLC de Reynatis que custa R$48,50 na PlayStation Store do Brasil, e ao comprar, você recebe uma Wizart que te dá a habilidade de Radiance. O que ela faz? Ora, “torna toda a evasão automática”. Isso mesmo o que você acabou de ler. Eu fiquei honestamente muito surpreso. Tudo bem que é possível aprender o combate para não ter que usar esse DLC, mas isso me cheira muito a “criamos um problema, e portanto estamos te vendendo a solução”. Um verdadeiro tapa na cara, se me permite dizer.

Gráficos que nem usam todo o potencial do PS5

Eu joguei a versão de PS5 do REYNATIS, então eu esperava que a performance seria a melhor possível. Quase não há nenhuma tela de loading, e em relação ao fast travel que te permite ir rapidamente pelas áreas de Shibuya, não tive nenhum gargalo, o que é algo muito bom. Porém, alguns NPCs de REYNATIS parecem que saíram diretamente de um jogo de PS2, e até placas e outros locais possuem um blur que mais parece que eu estou jogando isso no PS4 Pro.

Isso em si não é algo ruim, mas certos personagens não tem um visual muito bom comparado ao seu portrait em 2D para o diálogo. O lip sync também é horrendo, e as vezes acho que o PS5 está usando nem metade da capacidade. Se eu estivesse jogando no Switch, mas quando você tem cenas como essa abaixo, bem…

Mmm, que modelo bem pixelado, hein.

Além disso, se você derrotar um monstro que faz parte de uma side quest, leva alguns segundos até que o jogo comece a rodar a cutscene que a encerra. Quase achava que talvez meu controle tivesse acabado a bateria, pois não há nenhuma indicação. Além disso, a interface do jogo é bem minimalista, e eu até que gostei do design em geral. Porém, acho difícil REYNATIS conseguir se destacar no mercado atual. Até a música, que foi composta pela grande Yoko Shimomura, não tem muito o que dizer. Parece muito como se eles só falaram pra ela “fazer o que ela sabe de melhor”, sem nem ter dado um norte ou instrução pra coitada.

Menos de 24 horas, porém mais de 30 capítulos

Uma coisa que me surpreendeu é o quão curto REYNATIS é. Eu esperava que me levaria umas 40 ou 50 horas, especialmente considerando que são mais de 30 capítulos mas em apenas é possível terminar a história principal em apenas 20 horas ou menos, e isso contando com as side quests, cuja maioria são praticamente fetch quests ou derrote um inimigo e pronto, acabou.

Isso se estende aos troféus. Inclusive, no PlayStation, recomendo que você não olhe a lista antes de completar o jogo, pois nenhum dos troféus de história foram escondidos, então é totalmente possível você levar um spoiler dos nomes dos chefões, e do número total de capítulos do jogo. Mesmo assim, são muitos poucos troféus. Não que um RPG curto seja algo ruim, especialmente considerando que muitos jogos recentes andam ficando muito grandes, mas ainda assim, achei muito pouco conteúdo. (E bem, ainda não temos TODO o jogo ainda.)

Uma experiência ambiciosa, porém incompleta

REYNATIS é certamente um jogo bem ambicioso, e parece que os times da Natsume Atari e FuRyu tinham praticamente todos os ingredientes para fazer um ótimo jogo… mas tenho a leve sensação de que tiraram esse bolo do forno antes de estar pronto, e serviram ele cru. Existem vários pontos dos quais eu gostei, como os designs dos protagonistas e a música, mas infelizmente, também há muitos nos quais eu odiei, como a história que parece ser ótima, mas apresentada do jeito errado.

Como diria o sábio Hideki Kamiya, só por causa que temos grandes nomes envolvidos não significa que isso traduz para uma ótima experiência, e REYNATIS infelizmente sofre com isso. Se você quer por acaso jogar você mesmo, aconselharia adquirir o jogo em uma promoção, talvez após o lançamento das várias atualizações.

Nome do jogo:

REYNATIS

Publisher:

NIS America, FuRyu

Desenvolvedora:

Natsume Atari, FuRyu

Plataformas Disponíveis:

PC, Playstation 4, Playstation 5, Nintendo Switch

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