Crítica: Shadow Warrior 3 – tiros, humor e piadas.

Escrito por Arthur Tayt-Sohn
Crítica

Shadow Warrior 3 é um FPS irreverente, desenvolvido pela Flying Wild Hog e publicado pela Devolver Digital, uma das minhas publishers preferidas e que sempre traz experiências malucas para os jogadores. Sabendo disso, me aventurei na caótica vida de Lo Wang e conto como foi essa experiência.

Apenas mais um dia comum

O jogo inicia logo após os acontecimentos de Shadow Warrior 2. Após os eventos catastróficos que ocorreram no jogo anterior, um gigantesco deus dragão despertou e ameaça destruir o que sobrou do mundo.

Lo Wang, o antigo ninja corporativo e agora mercenário, irá se unir em uma parceria improvável com seu arqui-inimigo Orochi Zilla para tentar derrotar o dragão e impedir o fim do mundo. Para isso, ele precisará lutar com exércitos de demônios yokais.

A premissa do jogo é bem simples e não tem muitas reviravoltas. Imagine aquele filme da Sessão da Tarde que você já deduz exatamente tudo que vai acontecer mas ainda assim assiste. O enredo de Shadow Warrior 3 é basicamente isso.

Isso por si só não é um problema. Afinal, não é como se todo jogo precise ter um roteiro digno de uma obra prima da literatura. É uma história que funciona bem na proposta do jogo: dar um pano de fundo para o jogo.

E ela funciona muito bem nesse sentido. Meu único problema com o roteiro foi o excesso de piadas de gosto duvidoso. Os personagens são todos caricatos e dificilmente você vai ver um diálogo que não tenha pelo menos uma tentativa de fazer piada.

Com o tempo fica um pouco cansativo, principalmente depois de ouvir tantas piadas escatológicas e tentativas de fazer referências à cultura pop e música, como referenciar Velozes e Furiosos ou músicas do Queen. Mas se é o tipo de humor que você aprecia, pode ser que agrade.

Tiro, espadada e bomba

Para derrotar o dragão, Lo Wang contará com um arsenal e sua fiel katana. São diversos tipos de arma entre um revólver, shotgun, lançador de granadas entre outros. As mecânicas de combate são bem simples e as lutas na maioria das vezes ocorrem em ambientes de arena.

Você irá avançar por áreas do mapa que geralmente possuem segmentos de plataforma e chegar aos locais onde será recebido por hordas de inimigos. Para combatê-los, você precisará alternar entre armas de fogo e combate corpo a corpo.

O jogo trabalha com uma dinâmica parecida com Doom Eternal, onde você é forçado a alternar entre as armas que você utiliza, pois a munição é limitada. Assim como Doom, você consegue dropar munição dos inimigos ao mata-los com sua katana. Da mesma forma, eventualmente você consegue itens de cura ao ataca-los com armas de fogo.

Além disso, você possui a Explosão Chi, que empurra os inimigos e objetos explosivos para longe e também uma skill de aniquilação, que executa inimigos instantaneamente. Além de executá-los, a aniquilação concede habilidades temporárias de acordo com o inimigo que você matar.

Alguns inimigos dão buffs de vida, outros permitem que você utilize as armas deles por um tempo limitado e por aí vai. Além disso, você consegue liberar melhorias de armas e habilidades definitivas para Lo Wang, que vão facilitar sua missão.

É possível aumentar sua vida máxima, melhorar a explosão Chi, dar ao revólver uma habilidade que explode as cabeças dos inimigos, ou conceder ao par de submetralhadoras a habilidade de eletrocutar inimigos, etc.

Todas essas mecânicas oferecem uma variedade de opções e te fazem variar seu estilo de jogo de acordo com a horda que você tá enfrentando. As vezes pode ser vantajoso eletrocutar inimigos mais fortes e garantir abates com a espada ou focar em outros inimigos. Alternar entre as armas também te fará pensar em quais inimigos priorizar, de acordo com a arma que você está utilizando.

Não é um sistema complexo, é bem simples de dominar na verdade. E mais importante, funciona bem dentro do jogo. Ele não é exatamente desafiador, mas é possível que você morra algumas vezes se fizer más escolhas estratégicas, já que alguns inimigos são relativamente mais fortes que outros.

Entretanto, a estrutura de arenas de combate acaba ficando repetitiva. Elas até possuem alguma variação, com algumas arenas contando com armadilhas que você pode ativar para aniquilar inimigos, mas no geral elas são bem parecidas. Além disso, não existe uma variedade muito grande de inimigos. Isso só não se torna um problema porque o jogo é relativamente curto, então ele vai acabar quando as coisas começarem a incomodar pela repetição.

Os segmentos de plataforma também são simples e não oferecem muito desafio. Além disso, o jogo é bem linear, então você não vai precisar ficar perdendo muito tempo pensando pra onde você deve ir.

Aspectos visuais e sonoros

Shadow Warrior 3 é um jogo que abraça clichês. Toda a parte visual dele é totalmente inspirada na estética oriental, com influências japonesas saídas diretamente de filmes de Hollywood.

Você irá passar por ruínas de templos, florestas e cachoeiras com uma estética bem típica. O design dos monstros é basicamente uma interpretação de yokais e outras figuras mitológicas japonesas. A direção de arte do jogo acaba seguindo o padrão da franquia, mas com algumas pequenas melhorias técnicas.

A trilha sonora do jogo não é nada de surpreendente e talvez você nem pare muito pra pensar no que está ouvindo. A dublagem do jogo no geral é aceitável, tirando alguns momentos em que os diálogos foram muito forçados e os atores não me convenceram. A maior parte desses momentos ocorreu em trechos que o jogo tenta ser engraçado, mas não funciona bem.

Mas como o foco do jogo é oferecer diversão em seus combates em arena, talvez você nem se preocupe tanto com esses aspectos. Realmente não é um problema tão grande, mas vale a citação nessa análise.

O fim de uma curta viagem

A aventura de Lo Wang é bem curta, tendo uma campanha que pode durar de 6 a 7 horas em media, dependendo do seu ritmo. Minha opinião é que jogos devem durar o tempo que eles precisem, sem mais nem menos tempo. E pela simplicidade da premissa, é um tempo de campanha suficiente.

Ele funciona bem dentro da sua proposta e se você curte jogos FPS focados em arena de combate, acho que vale experimentar. Lembrando também que ele conta com alguns segmentos de plataforma, o que nem todos podem curtir muito.

Confesso que o jogo poderia ser melhor em alguns pontos, como por exemplo seu humor muito duvidoso e a pouca variedade de inimigos e arenas, mas acabei me divertindo com ele. Talvez o preço dele não seja dos mais convidativos pelo que ele oferece, ainda mais pra um jogo que está na mesma janela de lançamento de grandes e aguardadas produções, já que vivemos no Brasil e cada moeda faz falta na hora de comprar jogos.

Nome do jogo:

Shadow Warior 3

Publisher:

Devolver Digital

Desenvolvedora:

Flying Wild Hog

Plataformas Disponívies:

PC, Playstation 4, Xbox One

Esta crítica foi escrita usando uma key enviada para o Game Lodge